A Petrobras (PETR4) reportou um lucro líquido acima do esperado pelo mercado na noite desta quinta-feira (7). A companhia reportou um lucro líquido de R$ 32,5 bilhões no terceiro trimestre de 2024, alta de 22,3% na comparação com o mesmo período do ano passado. Para os analistas ouvidos pelo E-Investidor, a empresa apresentou números consistentes e positivos, tanto na questão do balanço em si, quanto na distribuição de dividendos.
Para os analistas da XP Investimentos, os maiores destaques positivos foram os dividendos e o Fluxo de Caixa Livre Estimado (FCFE). A estatal anunciou o pagamento de R$ 17,1 bilhões, o que, segundo a XP, representa um rendimento em dividendo da Petrobras de 3,6%. O valor em dólar, de US$ 3,1 bilhões ficou acima do esperado pelos analistas, que era de US$ 2,6 bilhões.
As ações começarão a ser negociadas ex-dividendos em 26 de dezembro. Os pagamentos efetivos em dinheiro serão feitos em duas parcelas iguais em 20 de fevereiro e 20 de março de 2025 “Ficamos surpresos com o momento dos pagamentos – isso significa que o governo brasileiro só poderá contar com esses dividendos para os resultados fiscais do próximo ano (e talvez o mesmo se aplique a quaisquer distribuições extraordinárias)”, comentam Regis Cardoso e Helena Kelm, que assinam o relatório da XP.
Segundo Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, os números foram consistentes e atraentes para o investidor. Para ele, a receita líquida da petroleira ficou 3% acima do esperado e o Lucro antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ficou 8,1% acima da expectativa. A Petrobras reportou uma receita líquida de R$ 129,5 bilhões, enquanto a corretora esperava uma receita de R$ 125,4 bilhões. Já o Ebitda foi de R$ 64,4 bilhões, enquanto o analista esperava um Ebitda de R$ 59,6 bilhões.
Segundo o especialista, a mensagem que fica do resultado do terceiro trimestre é da boa gestão da empresa. Mesmo após a companhia ter passado por um trimestre de queda do petróleo, a estatal conseguiu entregar um resultado melhor que o esperado. Na visão de Artur Horta, especialista em investimentos da GTF Capital, a Petrobras teve um número acima do esperado devido à desvalorização do real ante dólar e das operações com os derivados de petróleo.
Já Breno Falseti, sócio da Rubik Capital, explica que o resultado da companhia demonstrou a solidez e a qualidade da gestão. Apesar de um ambiente de preços de petróleo levemente mais baixos, a Petrobras manteve sólido desempenho financeiro, com leve redução da margem Ebitda ajustada. A petroleira reportou uma margem Ebitda ajustada de 49%, crescimento de 8 pontos porcentuais na comparação com o segundo trimestre de 2024.
Quanto a Petrobras pagará em dividendos nos próximos trimestres?
Um dos pontos que todos os analistas concordam é que a Petrobras pagou dividendos muito acima do esperado. Breno Falseti, da Rubik Capital, relata que o resultado ainda foi acompanhado de dividendos expressivos, também bastante acima do consenso de mercado e inclusive acima da melhor expectativa dos agentes financeiros que cobrem a empresa.
Na visão dele, isso levanta questões como um possível pagamento de dividendos extraordinários por parte da empresa no próximo trimestre. “A estatal conta hoje com reserva expressiva de dividendos ainda do resultado do primeiro trimestre e da gestão anterior, que na época declarou que a conta de reserva de dividendos seriam pagos em algum momento, caso não houvesse necessidade de uso destas reservas para cumprir com o plano de investimento da companhia”, explica Falseti.
Ela ressalta que, mesmo sem o pagamento dos dividendos extraordinários, apenas com os já declarados, o dividend yield da Petrobras está em 3,5% no quarto trimestre de 2024, patamar bastante elevado em comparação às demais companhias da Bolsa. O dividend yield é um termo técnico do mercado que significa quanto uma ação pode render em dividendos em relação ao seu valor em um certo período.
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Para Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos, o mercado deve ficar atento em possíveis anúncios sobre o plano estratégico da empresa dos próximos anos. “Isso deve ditar o ritmo do pagamento de dividendos da empresa nos próximos trimestres e é o que o mercado vai aguardar de perto. Isso porque, com o anúncio do plano estratégico, o investidor saberá quanto a empresa terá livre em caixa para distribuir os dividendos não obrigatórios (extraordinários)”, argumenta Arbetman. Ele diz que a empresa pode pagar esses dividendos para o investidor.
Atualmente, a Petrobras paga dividendos com 45% do seu fluxo de caixa livre, caso algum dinheiro fique retido no caixa acima desse valor e a companhia não tenha nenhum direcionamento para a quantia, como uma nova aquisição ou outros investimentos internos, ela pode distribuir esse dinheiro como dividendo para o investidor. No entanto, os analistas frisam que o dividendo extraordinário não é nenhuma garantia, isso porque a empresa pode anunciar grandes investimentos no plano estratégico e pagar somente o mínimo obrigatório do seu estatuto, sendo 45% do fluxo de caixa livre.
Para João Andouni, analista da Levante Inside Corp, a petroleira deve pagar cerca de 17% do seu valor de mercado em dividendos nos próximos 12 meses. “A empresa está com forte geração de caixa operacional, que está em R$ 63 bilhões. Em minha visão, os dividendos da Petrobras devem continuar fortes e a ação PETR4 está atrativa para o investidor”, aponta Andouni.
Arthur Horta, da GTF Capital, estima que a Petrobras deve entregar um dividend yield de 15%. Já a XP Investimentos é mais otimista, a corretora calcula que a Petrobras pode pagar cerca de 18% do seu valor de mercado em proventos nos próximos 12 meses. Os especialistas comentam que possuem essa estimativa com base no preço do barril de petróleo, que para eles deve ficar em US$ 80 por barril.
Outro ponto levantado pela equipe da XP é que esse pagamento será robusto e devido aos dividendos extraordinários da Petrobras. “Acreditamos haver espaço para uma distribuição extraordinária significativa de dividendos (até US$ 4,5 bilhões)”, afirmam Regis Cardoso e Helena Kelm, que assinam o relatório da XP.
Já Bruno Benassi, analista de Ativos na Monte Bravo, estima que a empresa não deve pagar os proventos extraordinários. Ele calcula um pagamento de dividendos da Petrobras em 11% nos próximos 12 meses. Mesmo sem esses proventos, ele diz ter uma visão positiva para a empresa, pois tem uma excelente capacidade de execução, principalmente no seu negócio de exploração e produção.
Investidor deve comprar a ação PETR4?
Entre as casas consultadas pela reportagem, a Levante tem recomendação de compra para a Petrobras com preço-alvo de R$ 43 para os próximos 12 meses, alta de 21,09% na comparação com o fechamento de quinta-feira (7), quando a ação encerrou o pregão a R$ 35,51. A XP Investimentos também recomenda compra para a ação da Petrobras com preço-alvo de R$ 46 para os próximos 12 meses, alta de 30% em relação ao fechamento de quinta.
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A Monte Bravo também recomenda compra com preço-alvo de R$ 43,50 para os próximos 12 meses, crescimento de 22,5% na comparação com o fechamento de ontem. Os analistas que recomendam compra dizem que a ação está atrativa e a Petrobras tende a pagar bons dividendos nos próximos 12 meses.
No entanto, nem todos estão seguros sobre a tese de investimentos da companhia. Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, tem recomendação neutra para o papel com preço-alvo de R$ 44 para os próximos 12 meses, alta de 23,9% na comparação com o fechamento de quinta-feira (7). O especialista diz que não recomenda compra para ação pelo fato de não se sentir confortável em ser sócio do governo. Para ele, o risco estatal ainda é preocupante.
Em linhas gerais, o mercado está otimista com a Petrobras (PETR4) após um balanço acima do esperado com um pagamento robusto de dividendos. As estimativas são de que a empresa deve pagar proventos acima dos dois dígitos nos próximos 12 meses, mesmo se os dividendos extraordinários não vierem. O investidor, no entanto, deve se lembrar de que sempre existe o risco estatal para quem for aportar na companhia. O ideal é saber se o seu perfil aguenta alguma possível volatilidade da ação da empresa.
Reportagem publicada no E-Investidor.