O que esperar da bolsa após o tarifaço de Trump? Veja opinião de analistas

04/04/2025 às 17:56

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Sexta

Abr

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O que esperar da bolsa após o tarifaço de Trump? Veja opinião de analistas

A cautela ainda deve imperar durante o período de negociações com os EUA, mas pode ter espaço para algum otimismo com o Brasil

Apesar de o Brasil ter entrado na lista dos países tarifados pelos Estados Unidos, segundo anúncio do presidente do país Donald Trump feito na quarta-feira (2), o mercado daqui deve se animar, já que a taxação imposta ao Brasil foi mais branda do que a aplicada a outros países, segundo analistas ouvidos pelo Valor Investe.

No entanto, mesmo com o otimismo que tende a tomar conta da bolsa brasileira, alguns papéis podem sofrer, já que são impactados pela movimentação em países que foram mais taxados, como a China.

Nesse primeiro momento, o principal recado dos especialistas é avançar com cautela. “Ainda estamos em dúvida sobre o que esperar dos efeitos dessa tarifação, sendo bem sincero”, revela Bruno Benassi, analista de ativos na Monte Bravo.

Em comentário antes da abertura dos mercados, o diretor-executivo de investimentos (CIO) da Empiricus Felipe Miranda ressaltou que a volatilidade deve ser a marca dos pregões no curto prazo. Após Trump colocar suas cartas à mesa, foi aberto o período para negociações com os EUA, e muitos países afetados não devem medir para driblar a penalidade.

“Claramente, começou um processo negocial. Então esse ambiente persistirá. O ‘dia de libertação’ que Trump vinha chamando na verdade não nos liberta das incertezas. E esse é um componente ruim para os mercados”, acrescentou Miranda.

Segundo Hayson Silva, analista da Nova Futura Investimentos, embora a taxação ainda afete setores exportadores, a medida mais amena para o Brasil pode impulsionar o mercado com um viés positivo para o pregão de amanhã. “O mercado deve reagir a esse cenário mais favorável, com a expectativa de recuperação nas ações. A volatilidade ainda permanece, mas com um clima mais otimista”, pontua o analista.

Quais setores podem se sair bem e quais nem tanto?

Benassi acredita que a Embraer (EMBR3) deva se valorizar com a imposição das tarifas, tendo em vista que as empresas produtoras de avião que exportam para os Estados Unidos são a Boeing, Airbus e a Embraer. A Airbus, porém, por estar na União Europeia, vai ter uma tarifa “muito maior do que a Embraer, então, acho que a Embraer sai até um pouco fortalecida”, avalia o analista. As tarifas contra produtos da União Europeia serão de 20%.

No entanto, o analista também acredita que o dia seja de realização [queda] para as ações de commodities, já que, com a imposição de altas tarifas contra a China (34%), o minério de ferro deve recuar no mercado, o que pode impactar os papéis da Vale (VALE3).

Já Norberto Sangalli, operador da mesa de alocação da Nippur Finance, explica que a CSN Mineração (CMIN3), assim como a Vale, depende da exportação de minério de ferro para a China e uma desaceleração na demanda chinesa pode impactar diretamente suas receitas. “Como a empresa é menor que a Vale, pode ter menos capacidade de absorver choques de preço, levando a uma queda mais acentuada em suas ações”, comenta.

“As bolsas lá fora realizaram [caíram] bastante. Ainda vamos ver como é que vão ser respostas: se o mundo ‘isola’ os Estados Unidos e busca outras parcerias estratégicas. Tem muita dúvida ainda”, diz Sangalli.

Entre as siderúrgicas, Sangalli entende que mesmo a brasileira Gerdau (GGBR4), que tem operações nos EUA, não está a salvo dos riscos. Apesar de a operação americana mitigar alguns impactos das tarifações já anunciadas por Trump, aqui no Brasil, a companhia e suas pares setoriais enfrentam a concorrência do aço chinês mais barato.

O operador da Nippur Finance ainda cogita que um aumento no fluxo do aço chinês possa pressionar para baixo os preços domésticos do aço, o que afetaria as margens de lucro das empresas. Assim, o ganho da Gerdau em um mercado podem não compensar as perdas de outro.

Caso os EUA enfrentem retaliações comerciais de outros países, o Brasil também pode aumentar sua fatia de mercado em produtos como soja e carne bovina, que já têm forte presença nos mercados internacionais, o que pode favorecer os papéis de JBS (JBSS3), Minerva (BEEF3) e Marfrig (MRFG3).

Matéria publicada no Valor Investe.

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