O Ibovespa, a principal referência do mercado de ações no Brasil, subiu novamente, mesmo diante das tensões envolvendo o conflito entre Israel e seus vizinhos. O principal motivo para tanta euforia foi a melhora da nota de risco do Brasil pela Moody’s Local, agência de classificação de risco. Divulgada ontem, a mudança trouxe um otimismo capaz de neutralizar os efeitos negativos do conflito no Oriente Médio.
O Ibovespa avançou 0,77% e chegou aos 132.495 pontos. O índice ficou perto de zerar as perdas no acumulado do ano, que hoje foram reduzidas a 0,50%.
O giro financeiro da carteira teórica somou R$ 16,1 bilhões, em linha com os R$ 16,6 bilhões da média diária dos últimos 12 meses.
Com a alteração da nota, o Brasil ficou a um passinho de voltar ao grau de investimento. Na escala de classificação é neste patamar que o país ganha o selo de bom pagador.
A Moody’s justificou a atualização com base no crescimento econômico mais robusto e no progresso das reformas fiscais e econômicas. O cumprimento do arcabouço fiscal também aparece entre os focos do texto.
“A perspectiva positiva sugere que o crescimento sustentável e a disciplina fiscal podem fortalecer a credibilidade institucional, reduzindo os custos de captação e melhorando a trajetória da dívida”, aponta Alexandre Mathias, da Monte Bravo.
Dólar e juros
O dólar fechou em queda de 0,36%, negociado a R$ 5,44. Durante a sessão, a divisa chegou à mínima de R$ 5,40. No ano, a moeda americana ainda acumula valorização de 12,19% ante o real.
Em momentos de estresse do mercado, o dólar costuma subir, por ser considerado um ativo de segurança, aquele que contrabalanceia a carteira, capaz de levar muitos desaforos e se manter interessante.
Entretanto, no Brasil, a moeda americana recuou por dois motivos principais. Sim, o primeiro é a nota da Moody’s, que animou investidores a se aventurar num país considerado um pouco confiável.
O segundo seria o aumento na demanda e preço das commodities, que teriam trazido mais dólares para dentro e reduzido a escassez da moeda e, consequentemente, seu valor ante o real. Outros exportadores de commodities também viram o câmbio local se apreciar.
A curva de juro futuro teve movimentação mistas, juros maiores para vencimentos de médio a longo prazo. O gráfico sugere que o mercado vê um aumento da taxa de referência (Selic) no curto prazo, mas juros em queda no futuro, diante de uma perspectiva de melhora nas contas públicas e por efeito da política monetária mais rígida.
- A Taxa de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 ficou perto da estabilidade aos 11% ao ano. Prêmios em contratos de mais curto prazo estão mais ligados às expectativas de investidores para a Selic;
- Já para janeiro de 2033, a taxa caiu de 12,30% para 12,28%. Vencimentos com prazos mais longos refletem uma maior a preocupação com calote do governo (“risco fiscal”, se preferir).
Empresas
A vasta maioria das empresas listadas no Ibovespa encerra o dia no azul. Nas primeiras horas de pregão, todas as 86 ações chegaram a subir ao mesmo tempo.
Quase toda a carteira teórica foi contagiada pelo bom humor trazido pela Moody’s. Ações de mineração e siderurgia, entre elas a Vale, subiram apesar de uma queda no preço do minério de ferro.
Matéria publicada no Valor Investe no dia 02 de outubro, confira na íntegra: clique aqui.