
A Monte Bravo elevou sua projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) deste ano, de 6,2% para 7,0%, como antecipa ao Broadcast. A expectativa da corretora é que a taxa acumulada de inflação alcance 3,8% no primeiro semestre deste ano, indo a 7,0% no acumulado de 12 meses em setembro, ficando nesta marca até o término de 2025.
“A inflação deve seguir pressionada ao longo de 2025 por conta dos impactos defasados da depreciação do câmbio sobre a inflação, da desancoragem de expectativas, reajustes de preços administrados e do crescimento acima do potencial”, explica o economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa. A estimativa de 7,00% supera a projeção mediana no boletim Focus do Banco Central, de 5,58%.
PIB
A expectativa da Monte Bravo é que o Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 feche com alta de 3,5%, e arrefece o ritmo para 1,6% este ano. A avaliação é que a safra agrícola deverá contribuir para um bom desempenho do PIB no primeiro trimestre, com a economia crescendo 0,8% na margem, mas esse efeito não se repetirá ao longo do ano, cita. “A atividade deverá contrair 0,5% no segundo e terceiro trimestres com o impacto do aumento das taxas de juros reais sobre a economia”, estima.
De acordo com a corretora, o cenário de perda de velocidade do crescimento terá impacto direto na arrecadação de impostos em um ambiente onde as despesas mantêm o ritmo de expansão elevado. “Essa dinâmica será um desafio extra para o cumprimento da meta de estabilidade do superávit primário pelo governo em 2025”, diz Costa.
A expectativa da Monte Bravo é que o governo mantenha o ritmo de crescimento dos gastos elevado devido às regras de indexação de gastos e a necessidade de incluir no orçamento despesas de programas como Vale Gás e Pé-de-Meia em 2025. Conforme estima, o menor impacto de receitas extraordinárias e a perda de arrecadação com a desaceleração da economia resultarão em déficit primário de 0,9% do PIB em 2025, sem exclusões de despesas.
Câmbio
Em relação à taxa de câmbio, a Monte Bravo vê o dólar em torno de R$ 6,50 no final de 2025. Apesar do alívio cambial recente, avalia que o real deve voltar a ficar pressionado quando a pauta fiscal voltar a tramitar no Congresso, em especial a medida de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
A corretora estima que a medida será encaminhada ainda no primeiro semestre. “Avaliamos que sua aprovação é certa, mas a compensação da perda de arrecadação estimada em cerca de R$ 40 bilhões está envolta de maior incerteza.”
A medida de compensação indicada pelo governo de tributar a renda dos contribuintes que ganham 1/2 acima de R$ 50 mil por mês ou R$ 600 mil reais anuais devem sofrer resistências no Congresso e será provavelmente desidratada ao longo da tramitação, aponta a Monte Bravo. Essa situação tende a elevar o risco fiscal e a percepção de risco, pressionando a taxa de câmbio, que deve seguir depreciando ao longo do ano.
Matéria produzida pelo Broadcast.