Corretora aumentou a exposição a ativos com receita dolarizada e posições no exterior na carteira de renda variável
A Monte Bravo fez alguns ajustes nas recomendações de investimentos após o “desalento” com o pacote de corte de gastos anunciado pelo governo e as perspectivas para o quadro fiscal. O destaque da corretora ficou para o aumento da exposição a ativos com receita dolarizada e posições no exterior na carteira de renda variável, que agora são uma fatia de 62,5%, de modo a ficar menos dependente da economia doméstica e se proteger dos riscos locais, que têm pressionado o dólar e os juros futuros.
Para a atual carteira recomendada de renda variável, a Monte Bravo aumentou a exposição a Itaú [ITUB4] (de 7,5% para 10%), BB Seguridade [BBSE3] (de 7,50% para 10%) e WEG [WEGE3] (de 5% para 7,50%). Na posição internacional, a corretora incluiu o ETF Russel 2000 (7,50%) e o BDR da Berkshire Hathaway (7,50%). A recomendação completa ainda tem CPFL [CPFE3] (7,50%), Suzano [SUZB3] (7,50%), Vale [VALE3] (10%), JBS [JBSS3] (7,50%), Multiplan [MULT3] (5%), Rede D’Or [RDOR3] (5%), Petrobras [PETR4] (7,50%) e o ETF do Nasdaq 100 (7,50%).
“Voltamos a aumentar a exposição em WEG, do setor de bens de capital, que tem receita em dólar. Tínhamos reduzido um pouco em novembro, mas já voltamos a aumentar em dezembro depois do cenário que desenrolou, com o desalento com o pacote fiscal”, disse Bruno Benassi, analista de ativos da Monte Bravo, em entrevista ao Broadcast Investimentos.
Ele menciona que a recomendação com ativos com receita dolarizada, como Vale, Suzano, Petrobras e JBS, reforçam a estratégia de um portfólio mais defensivo. “Temos buscado alocar em empresas que têm receita em dólar e uma parte dos custos em reais. É como vamos nos posicionar daqui para frente.”
Na avaliação de Benassi, com “uma estratégia bem ativa e um bom stock picking”, ainda é possível superar o Ibovespa e o CDI com a carteira de renda variável. “Os próximos 12 meses ainda exigem essa visão defensiva, então uma boa ‘curadoria’ vai ser fundamental para quem quiser estar investido em ações.”
Do lado da carteira que ainda tem ativos fora do cenário dolarizado, Benassi afirma que são todas “empresas que têm um balanço bastante confortável” e que estão negociando em um “nível de preço bastante interessante”. O analista destaca BB Seguridade, que já acumula alta acima de 11% em dezembro até agora.
“Não aconteceu nada de novembro para cá, então mostra que o mercado está realmente bastante comprador de dividendos, bem defensivo. E achamos que as empresas de seguros no Brasil são umas das únicas que se beneficiam especificamente de juros mais altos porque carregam reserva técnica que, em grande parte, só pode ser alocada em títulos públicos. Então, Selic mais alta, melhora o resultado financeiro”, diz o analista.
Em relação ao Itaú, ele avalia ser um banco com pouca ou menor exposição à baixa renda, sem “sofrer muito no ciclo de piora de inadimplência como os outros players”. CPFL também tem um balanço confortável, apesar de estar em um ciclo de investimento grande, afirma Benassi, acrescentando que ela deve distribuir “um bom dividendo” em 2025.
Para Rede D’Or, a expectativa é de consolidação. Já Multiplan, que seria a posição com um pouco mais de risco por conta do setor, o analista vê com “bastante margem de segurança”. “E não achamos que os segmentos de shopping no Brasil são tão cíclicos como parece”, acrescenta.
Segundo Benassi, a corretora tem ficado de olho ainda na Gerdau (GGBR4), sem colocá-la nas recomendações, por enquanto. “Gerdau também tem uma operação relevante nos Estados Unidos e tem trabalhado com margens bem interessantes, inclusive no resultado do terceiro trimestre.
Eles comentaram que uma queda na margem dos Estados Unidos veio por conta de um aumento de importação de aço. Mas lembramos que lá eles já têm uma alíquota relativamente alta, de 25%, e pode ser que o [presidente eleito, Donald] Trump tente aumentar ainda mais essa alíquota, o que beneficiaria as margens da Gerdau”, afirma o analista.
Matéria produzida pelo E-Investidor.