
Os juros futuros terminaram a terça-feira (11) em baixa. A formalização da taxação de 25% dos EUA às importações de aço e alumínio não assustou os ativos brasileiros e a curva de juros continuou devolvendo prêmios de risco, amparada na desvalorização global do dólar. Entre os ingredientes locais, o mercado gostou do resultado da pesquisa AtlasIntel sobre a corrida eleitoral em 2026 e, quanto ao IPCA, o índice veio em linha com o esperado, mas sem consenso no que diz respeito à leitura qualitativa.
A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 encerrou em 14,940%, de 14,998% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2027 caiu de 15,18% para 15,06%. O DI para janeiro de 2029 terminou com taxa de 14,82%, de 14,92% no ajuste de ontem.
Os juros domésticos operaram na contramão da curva dos títulos de renda fixa de dívida pública do governo norte-americano (Treasuries), cujos rendimentos avançaram em meio ao temor de inflação diante da decisão do presidente Donald Trump de taxar importações de aço e o discurso considerado duro do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em depoimento no Senado.
No fim da tarde, a taxa da T-Note de dez anos subia a 4,53%. Ontem, o governo americano oficializou a medida da taxação do aço, que passará a vigorar em 12 de março, e avisou que encerrará acordos especiais com diversos países. Nesta terça-feira, o assessor de comércio de Trump, Peter Navarro, acusou produtores brasileiros de aço de se aproveitarem do real fraco e dos subsídios a exportações para prejudicar os concorrentes americanos.
O mercado espera agora pelas medidas que o governo brasileiro irá tomar para proteger o setor. Mas mantém a avaliação de que por trás do anúncio está a intenção de Trump de negociar e aposta na via do diálogo para aliviar as restrições, o que explica a manutenção do apetite por ativos de risco. O dólar teve queda generalizada e no Brasil terminou o dia em R$ 5,7678 no segmento à vista.
A valorização recente do câmbio tem sido fundamental para a devolução de prêmios na curva, dado o potencial de melhorar o cenário para preços no curto prazo. O IPCA de janeiro, de 0,16%, veio em linha com a mediana das estimativas, saindo de 0,52% em dezembro, no menor nível do mês desde o início do Plano Real, em 1994.
A leitura dos preços de abertura não foi uniforme. Para o economista-chefe da Monte Bravo, Luciano Costa, a leitura qualitativa do IPCA “é ruim”, com núcleos e preços de serviços ainda pressionados, e sem sinal de alívio estrutural. “Nada muda na percepção de que o ciclo de alta deve terminar com Selic entre 14,75% e 15,25%”, diz.
Já o economista-chefe da Meraki Capital, Rafael Ihara, atribuiu ao IPCA o recuo da ponta curta. “Apesar do índice ter vindo praticamente em linha, a surpresa altista ficou concentrada em transportes, enquanto núcleos, serviços subjacentes vieram melhor que o esperado. Nos juros longos, parece haver efeito da pesquisa AtlasIntel”, disse.
Dados da pesquisa, realizada em parceria com a Bloomberg, apontam que, em oposição ao presidente Lula, o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, seria um candidato mais competitivo na eleição presidencial do ano que vem do que o ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula teria 45,7% dos votos contra 44,7% de Tarcísio e 9,6% seriam em branco, nulos ou não souberam responder. Num eventual segundo turno com Bolsonaro, o petista teria 47,6% enquanto o ex-presidente teria 43,4%. Os brancos, nulos ou não sabem seriam 9% nesse caso.
“A novidade é o empate técnico entre Lula e Tarcísio”, destacou Ihara, para quem, mantida essa tendência, “não é absurdo achar que Tarcísio pode aparecer na frente em uma próxima pesquisa”. Ainda segundo a pesquisa, o governo Lula é desaprovado por 51,4% da população e aprovado por 45,9%.
Reportagem publicada no E-Investidor.