O IPCA-15 acelerou de 0,21% em abril para 0,44% neste mês. O índice acompanha a alta de preços no período do dia 16 do mês anterior até o dia 15 do mês vigente, por este motivo é conhecido como “prévia da inflação”, que tem como referencial o IPCA – índice que mede a inflação no mês cheio. Mas, mesmo mais “quente”, o IPCA-15 divulgado agradou o mercado. Por quê?
Para começar, agradou porque o IPCA-15 mostrou uma aceleração da alta dos preços menor do que o consenso projeções do mercado, de 0,47%. Resumidamente: está ruim, mas está melhor do que esperado.
Luciano Costa, economista-chefe da Monte Bravo, ressalta que um alívio veio dos preços de alimentos, “uma surpresa favorável, com deflação em vários itens, como carnes e arroz, o que indica que não houve impacto nessa divulgação as enchentes no Rio Grande do Sul.”
Mas agentes ressalvam que as próximas divulgações de inflação ainda devem capturar melhor os efeitos das enchentes.
As boas notícias do IPCA-15
Outro ponto favorável, de acordo com Costa, é que a variação acumulada em 12 meses nos núcleos da inflação segue em trajetória de desaceleração, passando de 3,6% em abril para 3,5% em maio.
“A dinâmica benigna do IPCA-15 é uma boa notícia no curto prazo, mas não reduz as preocupações expressas pelo Banco Central [BC] em relação à deterioração do balanço de riscos para a inflação, em especial, a desancoragem das expectativas [elevação das projeções para as taxas] de inflação e as incertezas fiscais”, resume o economista-chefe da Monte Bravo.
“Apesar de um IPCA-15 mais forte do que em abril, observamos um qualitativo positivo. Houve uma desaceleração, tanto na variação mensal quanto anual, da inflação de serviços subjacentes. Serviços intensivos em mão de obra desaceleram na variação mensal e se mantiveram estáveis nos últimos 12 meses. E o índice de difusão registrou uma alta marginal”, acrescenta Sung.
A dinâmica benigna em serviços é, de certa forma, o principal ponto de alívio para o mercado. Este núcleo vinha pressionando a inflação cheia e era um dos alertas do BC em relação a fatores altistas na trajetória de alta dos preços nos últimos meses.
“Em termos anuais, o núcleo de serviços desacelerou de 4,9% em abril para 4,8% em maio, o que indica redução da pressão dos serviços, embora a inflação do grupo esteja bem acima do patamar compatível com a meta de 3,0%, reforçando a cautela do BC na condução da taxa de juros”, aponta Costa.
Pontos de atenção
- a inflação de alimentos por conta da tragédia no Rio Grande do Sul; e
- as expectativas de inflação.
Leia mais: Valor Investe.