Ibovespa sob pressão? Cautela impera com Selic e juros altos por mais tempo nos EUA 

11/10/2024 às 17:24

11

Sexta

Out

3 minutos de leitura
Compartilhar
Ibovespa sob pressão? Cautela impera com Selic e juros altos por mais tempo nos EUA 

Após um rali, que levou o Ibovespa a superar os 137 mil pontos, no final de agosto, um misto de correção e cautela passou a tomar conta da bolsa brasileira. Desde sua máxima histórica, um novo cenário passou a desenhar, com uma alta dos juros no Brasil e um ciclo de cortes nos EUA que não deve derrubar as taxas tanto quanto o mercado apostava até poucas semanas atrás.

Isso porque, lá fora, a bateria de dados do mercado de trabalho nos EUA, divulgada na semana passada, fez com que os agentes chegassem a um consenso: o ciclo de corte de juros na maior economia do mundo deverá ser mais suave. Antes, cortes mais agressivos, de 0,50 p.p. ainda estavam sobre a mesa. Hoje, essa opção pouco provável.

Por aqui, o mercado está aceitando a ideia de um ciclo de aperto monetário intenso, que vai elevar a Selic de 10,50% ao ano para 12,50%, já em março do ano que vem. Semana passada, por exemplo, o Santander aumentou sua projeção para os juros básicos e alinhou a estimativa em 2024 à do Boletim Focus.

“O tom da comunicação (do Copom) e, acima de tudo, a piora das suas projeções de inflação” motivaram a revisão do banco, diz relatório.

Ibovespa: em modo cautela

Thomas Gibertoni, especialista em investimentos da Portofino Multi Familt Office, diz que as projeções mais altistas de juros “podem fazer com que a sazonalidade não seja tão positiva neste fim de ano”. Para a casa, o Ibovespa “deveria estar mais alto”, mas a posição é “cautelosamente positiva”. 

Na Genial Investimentos, a expectativa é virar o ano com a Bolsa em 139 mil pontos, o que demandaria um rali bem menor do que o do ano passado, de cerca de 5,7%, considerando o nível atual do Ibovespa, em 131 mil pontos.

O otimismo não é tão forte quanto no ano passado porque “há o risco de o Fed precisar revisar o quanto vai dar para cortar nos juros”, diz Lucas Farina, analista econômico da Genial Investimentos.

Oriente Médio

Adicionalmente, existe outro ponto de atenção no cenário, que é o conflito no Oriente Médio, que gera pressão sobre o preço do petróleo. Dessa forma, o que poderia ser uma notícia boa para as petroleiras, como a Petrobras (PETR4), chega nos EUA como preocupação, já que “os preços da commodity lá são livres e batem direto na inflação”.

Isso, segundo Farina, pode fazer com que o último trimestre de 2024 seja parecido com o primeiro, que terminou com a Bolsa em queda. Nos dois últimos meses de 2023, o Ibovespa saltou 17,5%, mas encerrou o primeiro semestre deste ano com queda de 7,66%.  

Gastos públicos

A alta do Ibovespa também deve seguir limitada pelos gastos públicos no Brasil. Para a Monte Bravo, o início do ciclo de aperto monetário “reduz o risco de inflação e deveria favorecer uma acomodação da curva (de juros), mas o risco fiscal segue acrescentando prêmio”.

Ou seja, a falta de sinalização do governo de que vai cortar gastos para estancar o endividamento continuará trazendo desconfiança aos ativos brasileiros e gerando a necessidade de juros altos.

Lucros das empresas

Por fim, o Itaú BBA calculou o impacto de uma Selic média de 12% em 2025 nas suas projeções de lucro de empresas brasileiras. As companhias que a casa acompanha teriam redução de 1,2% na estimativa de lucro por ação com os juros mais altos.

Isso demonstra o quanto os juros elevados impactam nas empresa e porque o otimismo do mercado está mais contido neste fim de ano.

A esperança, portanto, de um rali ainda em 2024 vem da concentração de mais de 60% do Ibovespa em commodities e bancos, que devem ser menos afetados pela Selic.

Matéria publicada no portal InfoMoney no dia 09 de outubro.

Artigos Relacionados

  • 28

    Sexta

    Mar

    28/03/2025 às 17:32

    Sala de Imprensa

    Dólar: saiba como as tarifas dos EUA podem impactar a cotação

    O dólar gira atualmente em torno de R$ 5,70. Para entender se esse valor será uma tendência, ou se há chances de alteração do cenário com a guerra tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e uma possível trégua na guerra da Ucrânia, o Diário do Comércio procurou especialistas para analisar a evolução e …

    Continue lendo
  • 28

    Sexta

    Mar

    28/03/2025 às 17:01

    Sala de Imprensa

    Entrada de capital externo na B3 é a maior em 3 anos e mercado espera mais

    Com ingresso de quase US$ 12 bilhões na contagem preliminar entre janeiro e março, o mercado acionário brasileiro vai chegando ao final do primeiro trimestre de 2025 com a melhor marca para o período dos últimos três anos. E os analistas ouvidos pelo Broadcast afirmam que há motivos para crer que o Brasil continuará a …

    Continue lendo
  • 28

    Sexta

    Mar

    28/03/2025 às 16:35

    Sala de Imprensa

    Brasil ainda está próximo do pleno emprego, diz Luciano Costa

    VEJA Mercado: desemprego ficou em 6,8% no trimestre encerrado em fevereiro, alta em relação ao trimestre anterior A taxa de desemprego foi de 6,8% no trimestre encerrado em fevereiro, mostrou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada pelo IBGE nesta sexta-feira, 28. O resultado é 0,7 ponto percentual maior que os …

    Continue lendo