Corretora estima que índice do Ibovespa pode chegar a 160 mil pontos em 2025
A Monte Bravo mantém sua projeção de 145 mil pontos para o Ibovespa no final de 2024 e vê o principal indicador da B3 acelerando aos 160 mil pontos até setembro de 2025, apesar da recente volatilidade e em meio aos contínuos riscos fiscais. As projeções constam da Carta Mensal da corretora. “Cenário econômico global benigno para ativos de risco está configurado”, diz o documento.
O quadro favorável mencionado pela Monte Bravo considera o Federal Reserve (Fed) reduzindo os juros a um ritmo de 0,25 ponto porcentual nos próximos seis encontros, baixando o teto da taxa americana para 3,50% em 2025, de 5,00% atualmente.
Como as taxas futuras ainda embutiam 0,70 ponto porcentual de corte nas duas reuniões restantes do Fed em 2024 e, no total, de 1,90 ponto até o final de 2025, era de se esperar um ajuste para cima da projeção para o Ibovespa, cita o relatório assinado pelo estrategista-chefe Alexandre Mathias. A Monte Bravo espera a taxa de 10 anos dos Treasuries oscilando perto de 4,0% ao ano.
“Cortes de juros, com pouso suave da economia nos EUA, favorecem ativos de risco. Medidas de estímulo da China beneficiam commodities e países emergentes”, afirma.
Conforme a corretora, o rali que começou em Nova York com o recuo de 0,50 ponto do juro básico americano em setembro deve continuar. “Historicamente, cortes de juros quando não há recessão resultaram em ganhos para as ações. Revisamos nosso preço-alvo para o S&P500 para 6.200, uma alta de 6,8% nos próximos doze meses”, diz.
A Monte Bravo espera que, com o cenário de pouso suave da economia americana, de quedas nos juros pelo Fed e de alta da taxa básica no Brasil, o dólar caminhe para R$ 5,20, desde que não haja uma deterioração adicional do quadro fiscal.
“Mesmo com o risco fiscal elevado, a força da onda global favorável deve carregar os ativos brasileiros que tendem a apresentar ganhos superiores ao CDI de 11,6% projetado para os próximos 12 meses”, estima.
A corretora cita que a percepção dominante é que a edição mais recente do relatório bimestral de avaliação das receitas e despesas do governo cristalizou a percepção de que o arcabouço virou uma meta formal que não estabiliza a trajetória explosiva da dívida. As exclusões “permitidas” transformam um déficit de R$ 68 bilhões em um saldo negativo de “apenas” R$ 28 bilhões – mas a dívida cresce com o déficit real, e não pela ficção contábil, menciona.
Mesmo com o fiscal limitando uma arrancada mais forte, porém, os ativos brasileiros e o Ibovespa tendem a se beneficiar do fluxo estrangeiro na esteira dos cortes de juros nos EUA, reforça.
Além de cautela em relação às condições fiscais no Brasil, o quadro externo também inspira cuidado, especialmente com o avanço do conflito entre Israel e o Hezbollah.
“Riscos geopolíticos exigem atenção: uma [eventual] guerra aberta entre Israel e Irã seria disruptiva”, afirma. Outro ponto de cuidado é a eleição americana. “O maior risco associado às eleições é do uso de tarifas, no caso de uma vitória de Trump [Donald Trump, Republicano], pois o Executivo tem ampla autonomia sobre a política comercial.”
Em relação às commodities, a Monte Bravo diz que a equação de oferta e demanda do petróleo está sazonalmente apertada. No entanto, a tendência é que o óleo do tipo Brent permaneça entre US$ 70 e US$ 85 por barril em 2025. No caso do minério de ferro, este balanço deve ficar mais equilibrado até o final do ano e o preço pode ficar entre US$ 85 e US$ 100 por tonelada em 2025, estima.
Notícia publicada no Estadão no dia 07 de outubro: leia.