A conta de luz vai pesar mais no bolso do brasileiro a partir de amanhã. A fatura de energia ficará mais cara com o acionamento da bandeira vermelha patamar 2 pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). É o patamar mais alto do sistema de bandeiras, que estabelece cobrança extra nas contas quando os reservatórios de hidrelétricas estão com níveis baixos e há acionamento de térmicas, que têm custo maior de geração.
Ontem, a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) declarou situação crítica de escassez hídrica no rio Xingu e seu afluente, o rio Iriri, até o dia 30 de novembro. A bacia do Xingu abastece a Usina de Belo Monte, no norte do Pará, responsável por 11% da capacidade de geração de energia do sistema interligado nacional.
Ao mesmo tempo em que a seca faz cair os níveis dos reservatórios, o consumo de energia está em alta.
Impacto no IPCA
Ontem, a Empresa de Pesquisa Energética (EPA), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, informou que o consumo nacional de energia cresceu 5,6% em agosto comparado ao mesmo mês em 2023. O consumo residencial avançou 5,7%.
Com o acionamento da bandeira vermelha 2 haverá acréscimo nas contas de luz de R$ 7,877 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos, e efeito direto na inflação. Analistas ouvidos pelo GLOBO calculam que as contas de luz em outubro vão aumentar de 3,6% e 4,4%.
Para Andrea Damico, economista-chefe da Armor Capital, a bandeira tarifária vermelha 2 não foi uma surpresa. A gestora já tinha incorporado o impacto desse patamar calculado em 0,17 ponto percentual em suas projeções.
A gente prevê para novembro e dezembro um retorno para a bandeira vermelha 1. Então, em novembro, a gente deve ter uma queda nos preços de energia em torno de 3,5%. E no IPCA do ano a gente está com a projeção de 4,3%, já considerando esse patamar de vermelha 1 em dezembro diz a economista, que projeta alta de 4,4% nas contas de energia em outubro.
Fábio Romão, da LCA Consultores, avalia que a mudança de bandeira implica em mais 0,13 ponto percentual no IPCA mensal, o que leva sua projeção para o indicador em outubro passar de 0,30% para 0,43%.
Contudo, minha estimativa para o ano não mudou, pois mantive a projeção de bandeira amarela para dezembro de 2024. Desse modo, minha projeção do IPCA de 2024 permaneceu em 4,38% explicou ele, que estima alta de 3,57% na conta de luz de outubro, ponderando que, caso a bandeira vermelha 2 continue até o final do ano, sua projeção do IPCA anual sobe para 4,64%.
Luciano Costa, economista-chefe na corretora Monte Bravo, calcula que o impacto na conta de luz ficará em torno de 4% em outubro.
O vermelho 2 acrescenta para outubro em torno de 0,15 ponto percentual na margem de projeção. Estávamos com 0,37% de IPCA para o mês, e estamos agora com 0,52% diz o economista, ressalvando que, além do impacto da bandeira tarifária, sua projeção para o IPCA considera a influência de outros produtos, como alimentos, também afetados pela estiagem.
Notícia publicada no jornal O Globo no dia 01 de outubro.