CENÁRIO-2: REAL É A MELHOR MOEDA ANTE DÓLAR COM APETITE AO RISCO E PRECIFICAÇÃO DE ALTA DA SELIC - Monte Bravo

CENÁRIO-2: REAL É A MELHOR MOEDA ANTE DÓLAR COM APETITE AO RISCO E PRECIFICAÇÃO DE ALTA DA SELIC

09/08/2024 às 23:59

09

Sexta

Ago

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CENÁRIO-2: REAL É A MELHOR MOEDA ANTE DÓLAR COM APETITE AO RISCO E PRECIFICAÇÃO DE ALTA DA SELIC

O dólar caiu aos R$ 5,6574 (-1,46%) no segmento à vista nesta terça-feira. Um fator externo e outro interno levaram o real à melhor performance global contra a moeda dos Estados Unidos. No exterior, o dia foi de fôlego para os ativos de risco, passado um pouco do temor com a possível recessão americana e com o investidor corrigindo excessos da véspera.

Localmente, o tom mais duro da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) recolocou as apostas de alta de 0,25 ponto porcentual da Selic em setembro na curva do DI, que se tornaram unânimes, trazendo alívio ao câmbio pela eventual ampliação do diferencial de juros, especialmente pelo provável corte do Federal Reserve no mês que vem.

A despeito dessa precificação do mercado, os departamentos econômicos ainda seguem prevendo unanimemente Selic parada em 10,50% na próxima reunião, segundo pesquisa do Projeções Broadcast. A forte alta dos juros futuros inibiu ações cíclicas, que contiveram o Ibovespa.

O índice terminou o dia aos 126.266,70 pontos (+0,80%), valorização mais tímida que os pares americanos S&P 500 (+1,04%) e Nasdaq (+1,03%). Mas os papéis de bancos se sobressaíram na Bolsa brasileira, com destaque mais uma vez ao Bradesco (ON+3,42% e PN +3,31%), na esteira do balanço publicado ontem, e ao Itaú Unibanco (+2,22%), que divulga seus números logo mais.

Câmbio

A recuperação do apetite ao risco no exterior e o tom duro da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) derrubaram o dólar no mercado doméstico na sessão desta terça-feira, 6. Em baixa desde a abertura dos negócios e com mínima a R$ 5,6313 no início da tarde, a moeda americana fechou cotada a R$ 5,6574, em queda de 1,46%.

Ontem, no auge do estresse lá fora, o dólar havia superado pontualmente os R$ 5,85, atingindo os maiores níveis desde março de 2021. Com a diminuição dos temores de recessão nos EUA, investidores abandonaram o refúgio dos Treasuries e voltaram aos mercados acionários. As bolsas asiáticas se recuperaram e os índices em Nova subiram mais de 1%.

O iene caiu cerca de 0,60% em relação ao dólar – o que aliviou a pressão sobre divisas de países de juros altos, abaladas nos últimos dias pelo desmonte das operações de carry trade financiadas na moeda japonesa. O real ostentou o melhor desempenho entre as principais divisas globais.

Além de uma correção técnica, a moeda brasileira foi beneficiada pela sinalização do Banco Central de que pode elevar a taxa Selic. Além de eventual ampliação do diferencial de juros interno e externo, uma vez que o Federal Reserve deve cortar a taxa básica americana em setembro, há um ganho de credibilidade da política monetária com o discurso uníssono do Copom.

Divulgada pela manhã, a ata do Copom trouxe um recado claro de que há possibilidade de elevação da taxa Selic em breve, algo que não identificado por analistas no comunicado de quarta-feira passada, 31, quando o colegiado decidiu manter a taxa Selic em 10,50% ao ano.

Juros

A pressão sobre o mercado de juros aumentou à tarde, levando as taxas de longo prazo, que mais cedo rondavam a estabilidade, à trajetória firme de alta. O movimento foi conduzido pelo exterior, especialmente pela ampliação do avanço dos rendimentos dos Treasuries, com o yield da T-Note voltando a mirar os 4%.

A ponta curta e o miolo da curva subiram ainda com mais força, chegando a abrir mais de 30 pontos-base nas máximas. O ajuste à ata “hawkish” do Copom foi turbinado por fatores técnicos e a aposta de aperto da Selic na reunião de setembro voltou a prevalecer.

Às 17h11, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 estava em 10,700%, de 10,587% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2026 subia de 11,22% para 11,54%. A do DI para janeiro de 2027 avançava a 11,68% (de 11,44%) e a do DI para janeiro de 2029, de 11,71% para 11,80%. Os mercados como passaram hoje por uma tentativa de normalização das condições, após o forte nervosismo que atingia os ativos de risco desde o fim da semana passada.

A correção na curva dos Treasuries começou tímida, mas ganhou impulso à tarde após o leilão de US$ 58 bilhões em T-notes de 3 anos com demanda abaixo da média. A taxa do papel de 10 anos chegou a até 3,90%. O estrategista-chefe da Monte Bravo, Alexandre Mathias, vê o movimento como uma correção do “flight to quality” que derrubou as taxas americanas na semana passada a partir da narrativa do temor de recessão nos EUA que, na sua visão, é equivocada.

“O que está acontecendo no Japão explica muito mais o movimento de saída do risco do que os indicadores nos EUA, que mostram sim uma desaceleração da economia, mas estão longe de mostrar recessão”, disse. Por isso, acrescenta, o comportamento do iene e quanto o juro da T-Note se afasta dos 4% serão termômetros importantes para acompanhar as condições do mercado. As intervenções no câmbio e o aperto monetário promovidos pelo Banco do Japão (BoJ) fortaleceram o iene, o que puxou expressivo desmonte de posições de carry trade, com o impacto relevante em moedas emergentes, também transbordando para outros ativos.

Assim que o processo de desalavancagem estiver concluído e o Federal Reserve iniciar o ciclo de afrouxamento nos EUA, “o investidor voltará a olhar ativos de risco com mais carinho”, completou Mathias. Esse contexto, se confirmado, tende a estancar a piora do câmbio, com boas perspectivas para a melhora das expectativas de inflação, que compõem o balanço de riscos do Copom. A ata da reunião de julho trouxe que vários membros ressaltaram a assimetria desse balanço.

O Comitê, unanimemente, reforçou que não hesitará em elevar a Selic para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado. Portanto, o dólar em níveis mais razoáveis poderia suavizar esse risco. A moeda fechou hoje em baixa de 1,46%, aos R$ 5,6574. Na curva, as apostas de alta da Selic dispararam, não somente em função da ata, mas também resultado do movimento de zeragem de posições vendidas, que ganhou fôlego no meio da tarde, o que acaba pesando na precificação.

Para o Copom de setembro, a aposta de aumento de 25 pontos-base foi totalmente recomposta, com 100% de probabilidade, ante 80% de chances vistas na parte da manhã e 60% de probabilidade ontem. Para o fim de 2024, a curva mostrava taxa de 11,40% e um orçamento total de 168 pontos até julho de 2025. Já os economistas mostram uma postura menos radical. Pesquisa do Projeções Broadcast com 45 casas mostra unanimidade em torno da estabilidade da Selic no próximo Copom. Para o fim do ano, 42 preveem manutenção, duas esperam queda e uma, aumento.

Leia a notícia na íntegra publicada no Broadcast.

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