A moeda real completou 30 anos na segunda-feira (01). Ela fazia parte do Plano Real, criado por Fernando Henrique Cardoso, na época ministro da Fazenda no governo de Itamar Franco.
Lançado em fevereiro de 1994, o programa tinha o objetivo de estabilizar a economia e controlar a inflação desenfreada que queimava o salário dos brasileiros.
“Mesmo que tenha a mudança de padrão monetário como principal ícone, a reforma econômica realizada nos anos 1990 foi muito mais complexa do que uma ‘simples’ troca de moeda. Alguns dos mecanismos usados na implementação do Real foram cruciais para garantir o sucesso da então nova moeda, que já é a segunda mais longeva da história do Brasil desde a nossa independência”, afirmam os economistas da Monte Bravo.
Mas o R$ 1 lançado há três décadas não tem o mesmo valor hoje. Isso porque, de lá para cá, houve um acúmulo de inflação e a moeda se desvalorizou. Ou seja, para arcar com a compra de R$ 1 em 1994, você precisaria de R$ 8,08 do dinheiro de hoje.
De acordo com a calculadora de inflação do Banco Central, trata-se de um aumento de 708%, quando comparado com o Índice de Preços do Consumidor Amplo (IPCA) de maio — último índice cheio até agora.
Você se lembra das moedas de antes do Plano Real?
Antes do real, o governo tentou usar outras moedas para parar a alta desenfreada dos preços. Desde 1500, o Brasil já passou por nove moedas oficiais – seis delas foram lançadas entre os anos 80 e início dos 90.
Relembre quais moedas já passaram pela sua carteira:
Até 1942: Réis
No período colonial, a moeda que se popularizou no Brasil foi o réis, que era a usada em Portugal nos séculos 15 e 16 – aliás, o nome oficial já era real, que se derivou em réis. A moeda se manteve até depois da Independência do Brasil e a Proclamação da República.
De 1942 a 1967: Cruzeiro
A primeira mudança aconteceu lá nos anos 40 com o objetivo de padronizar a moeda em circulação. Afinal, entre os 400 anos que separam a chegada de Pedro Álvares Cabral e a adoção do cruzeiro, a nota de réis mudou muitas vezes para dar conta das mudanças de governantes, saída da família real, e por aí vai. Na época, mil réis (Rs 1$000) passaram a valer 1 cruzeiro (Cr$ 1).
De 1967 a 1970: Cruzeiro Novo
A inflação desvalorizou o cruzeiro, que foi substituído pelo cruzeiro novo. Na época, houve outro corte dos zeros: mil cruzeiros (Cr$ 1 000) passaram a valer 1 cruzeiro novo (NCr$ 1). Curiosidade: essa mudança foi temporária. Por isso, os papéis-moeda de cruzeiro foram carimbados, informando que eram de cruzeiro novo.
De 1970 a 1986: Cruzeiro
Nos anos 70, o cruzeiro voltou a circular, mas o valor se manteve o mesmo. Então, 1 cruzeiro novo (NCr$ 1) passou a valer 1 cruzeiro (Cr$ 1).
De 1986 a 1989: Cruzado
Com o fim da Ditadura Militar, o Brasil já se viu no meio de uma inflação alta, de mais de 100%. Na tentativa de resolver isso, o então presidente José Sarney e o ministro da Fazenda Dilson Funaro lançaram o Plano Cruzado: mil cruzeiros (Cr$ 1.000) valiam um cruzado (Cz$ 1).
De 1989 a 1990: Cruzado Novo
A inflação não deu trégua. A solução foi mais um corte de zeros: mil cruzados (Cz$ 1.000) passaram a valer 1 cruzado novo (NCz$ 1).
De 1990 a 1993: Cruzeiro
Olha o cruzeiro aí de novo. A moeda foi ressuscitada durante o Plano Collor, em uma época que a inflação já chegava na casa dos 2.000%. E 1 cruzado novo (NCz$ 1) passou a valer 1 cruzeiro (Cr$ 1).
De 1993 a 1994: Cruzeiro Real
O presidente Fernando Collor renunciou para fugir do impeachment e quem assumiu foi o vice Itamar Franco. E foi lançada uma nova moeda temporária, o cruzeiro real – mil cruzeiros (Cr$ 1.000) eram o equivalente a um cruzeiro real (CR$ 1).
Desde 1994: Real
Em fevereiro de 1994, o então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso lançou o Plano Real, que contava com todo um ajuste fiscal para pôr ordem na economia. Aqui, a mudança da moeda foi um pouco diferente: 2.750 cruzeiros reais (CR$ 2 750 ) eram equivalentes a uma Unidade Real de Valor (URV), ou URV 1. E essa unidade valia um real (R$ 1).
Matéria publicada no Money Times