No início do mês de abril, a Bolsa de Valores brasileira, a B3, divulgou um guia para a criação de Spacs no Brasil. Elas são companhias que não têm a pretensão de comercializar produtos ou desempenhar uma atividade diretamente. Com isso, a B3 referenda a visão de que não existe impedimento legal ou qualquer tipo de obstáculo regulatório para a abertura desse tipo de veículo de investimento no país.
“A B3 vem conduzindo estudos sobre o tema há algum tempo, pois acredita que as SPACs têm o potencial de captar valores significativos e se tornar uma nova via de acesso ao mercado de capitais para as empresas. Para isso, entendemos que a adoção de determinadas práticas pode contribuir com o aumento da eficiência das SPACs e com a mitigação dos riscos”, explicou Flavia Mouta, Diretora de Emissores da B3, em nota emitida pela bolsa de valores.
Em 2021, as Spacs viraram febre, especialmente nos EUA. Os IPOs dessas empresas alcançaram 613 operações e levantaram US$ 162,5 bilhões, segundo a plataforma Spacinsider.com. Em 2022, até 6 de abril, foram realizadas apenas 55 aberturas de capital, com captação de US$ 10 bilhões.
Mas o que são Spacs e como elas funcionam?
As SPACs são veículos de investimento inovadores que têm o potencial de captar valores significativos e se tornar uma nova via de acesso ao mercado de capitais para as empresas investidas. Popularmente, são conhecidas como “IPOs do cheque em branco”. Isso porque a pessoa investe em uma filosofia de investimento, uma ideia, e não em uma empresa diretamente.
Esta estrutura de captação surgiu nos Estados Unidos na década de 1990 e mais recentemente tem chamado a atenção de diversos participantes de mercado ao redor do mundo. O objetivo de uma Spac é fazer uso da expertise de um gestor – sponsor – ou idealizador do empreendimento, fazer um IPO para captar recursos no mercado e, com o dinheiro da oferta, comprar alguma empresa existente para combinar as operações.
O capital gerado por esse IPO fica reservado em uma conta e o gestor tem até dois anos para encontrar a empresa ou o negócio que será adquirido, finalizando a operação. Mas atenção: se você tem interesse em investir em uma Spac, precisa saber que não é possível saber, no ato do IPO, qual será a empresa a ser adquirida. Em alguns casos, o gestor pode até sinalizar o mercado ou segmento de atuação que pretende investir. Mas não é uma via de regra.
É possível sair de uma Spac?
Sim! Se você entrou em uma SPAC e não quiser seguir no negócio depois da finalização, tem total liberdade para pedir o dinheiro investido de volta. No entanto, é importante lembrar que, ao fazer este tipo de negócio, o investidor deposita sua confiança no sponsor. Por isso, é fundamental conhecer a reputação e habilidade do gestor responsável e, sobretudo, avaliar se este tipo de investimento está de acordo com seu perfil.
Existem Spacs no Brasil?
A bolsa brasileira está preparada para receber a listagem dessas companhias. O primeiro pedido de listagem de uma SPAC foi apresentado em agosto do ano passado à B3 e se encontra em processo de análise na CVM e na bolsa.
Confira o relatório produzido pela B3.