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- Tensões no Oriente Médio trazem turbulência para os mercados neste início de outubro;
- Nos EUA, dados recentes do mercado de trabalho apontam para cortes de 25 p.b. nos juros americanos;
- Por aqui, a indústria registrou o 10º mês consecutivo sem resultado negativo;
- Nossas projeções apontam para um crescimento de 0,6% na margem para o PIB no 3º trimestre de 2024.
Mercados
O início de outubro está sendo turbulento para os mercados devido ao aumento das tensões no Oriente Médio. Israel atacou o centro de Beirute nesta madrugada, matando pelo menos seis pessoas em meio à ofensiva contra o grupo armado Hezbollah, apoiado pelo Irã. As incursões terrestres no Líbano e o ataque a Beirute ocorrem após o Irã lançar cerca de 180 mísseis balísticos contra Israel que, segundo os israelenses, não fizeram vítimas.
Dados divulgados ontem (02) mostraram que a folha de pagamento privada dos EUA aumentou mais do que o esperado em setembro (veja à frente).
As expectativas de um corte de juros de 0,50 pontos base na reunião de novembro do Fed caíram. Agora, os mercados embutem uma probabilidade de 36% para um corte de 50 p.b., em comparação com 57% na semana passada.
As taxas dos títulos do Tesouro dos EUA estão mais altas, com a taxa do título de 10 anos subindo para 3,81% e a do título de 2 anos a 3,66%.
Em um movimento de busca por segurança, o índice do dólar — que mede a moeda frente ao euro, iene e outras quatro moedas desenvolvidas — subiu para 101,8, sua máxima de três semanas. O ouro à vista está estável em US$ 2.655 por onça. Os preços atingiram um recorde de US$ 2.685 em 26 de setembro.
Os preços do petróleo sobem hoje (03), devido ao risco de que conflito no Oriente Médio evolua para uma guerra direta entre Israel e Irã. Os contratos futuros do Brent subiram 64 centavos, ou 0,87%, para US$ 74,54 por barril.
As ações de Hong Kong caíram 1,5% nesta quinta-feira, interrompendo uma sequência de seis dias de ganhos à medida que o rali de estímulo da China perde impulso. Com os mercados da China continental fechados até 8 de outubro, a maioria dos mercados asiáticos operou em alta, com o índice Nikkei 225 do Japão liderando com ganhos de quase 2%. O iene se valorizou ligeiramente para 146,4 em relação ao dólar, um dia após o novo primeiro-ministro do Japão Shigeru Ishiba afirmar que as condições econômicas atuais não sustentam outro aumento de juros.
As ações europeias recuam nesta quinta, em linha com os futuros das ações dos EUA.
Ontem, por aqui o Ibovespa fechou em alta de 0,77%, aos 133.5154 pontos, enquanto o dólar caiu frente ao real e fechou cotada a R$ 5,4448 — queda da 0,35%. Os juros futuros ficaram próximos da estabilidade, com a incerteza fiscal limitando queda mais acentuada.
Economia
EUA: As empresas aceleraram as contratações em setembro, interrompendo um período de cinco meses de desaceleração. Segundo a ADP, o setor privado adicionou 143 mil vagas, superando o consenso de 125 mil. No entanto, a média de contratações dos últimos 3 meses caiu para 119 mil, um dos níveis mais baixos desde 2020. Os setores de lazer, hospitalidade e construção lideraram as contratações, enquanto o setor de informação reduziu vagas. Além disso, o crescimento salarial desacelerou, com os que mudaram de emprego recebendo um aumento de 6,6% — o menor desde 2021.
Os dados da ADP antecedem o relatório de emprego (Payroll) de setembro, que será divulgado nesta sexta-feira (04) e deve mostrar um crescimento moderado de 150 mil vagas e a taxa de desemprego ficando estável em 4,2%. Os dados mais recentes sugerem que o mercado de trabalho não está sofrendo desaceleração significativa, reforçando a expectativa de cortes graduais de 25 p.b. nas duas últimas reuniões do Fed desse ano.
Brasil: A indústria registrou leve alta de 0,1% na margem em agosto, com um crescimento de 2,2% na comparação anual. Embora este tenha sido o segundo mês consecutivo sem um aumento significativo, a produção industrial mantém-se em um nível elevado, alcançando o segundo maior patamar desde fevereiro de 2021. A média móvel trimestral cresceu 2,2% em relação ao período anterior, marcando o décimo primeiro desempenho não negativo consecutivo — o que reforça a percepção de que a produção industrial continua robusta.
Entre os diferentes ramos da indústria, observam-se comportamentos divergentes. A Extrativa Mineral cresceu 1,1% em agosto, parcialmente compensando a queda de julho e retornando a um nível superior à tendência desde 2020. A Indústria de Transformação teve a segunda queda consecutiva, mas de menor intensidade, e, apesar das baixas recentes, o forte crescimento de junho mantém o setor acima da tendência iniciada em 2020.
O desempenho da indústria confirmou as expectativas, com algumas categorias mostrando sinais de desaceleração, como a produção alimentícia e automotiva, que, embora em ritmo mais lento, ainda operam em níveis elevados. Por outro lado, indústrias como a extrativa e a de derivados de petróleo mostraram recuperação, junto com o setor farmacêutico.
Mantemos a expectativa de crescimento de 0,6% na margem do PIB do 3° trimestre, com a economia crescendo 3,0% em 2024.
Preços de ativos selecionados¹
(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.
(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.
Fonte: Bloomberg.