Por Rebeca Nevares, Sócia da Monte Bravo.
Se você investe há algum tempo, provavelmente já ouviu alguém se queixar sobre os impactos da política nos investimentos, seja ela interna ou externa. O assunto pode parecer um pouco denso, mas é fundamental que o investidor compreenda a visão do mercado neste sentido para evitar surpresas. Aliás, em alguns casos, o jogo entre Deputados, Senadores e Poder Executivo pode até ajudar alguém mais atento.
Em meados de fevereiro, após fala do presidente Jair Bolsonaro, o preço das ações da Petrobras despencaram quase 8% em um dia. Contudo, a queda não foi gerada pelos fundamentos, mas, sim, por ruídos causados pela declaração. Quem reforçou a posição com foco no longo prazo provavelmente se beneficiou na época.
Por outro lado, o momento atual também exige atenção por parte de quem investe. Entre os dias 7 de junho e 19 de agosto, a bolsa brasileira registrou uma queda de cerca de 10% após atingir o pico de 130 mil pontos.
Isto tem ocorrido muito por conta do ambiente político e fiscal do Brasil. Em um bate-papo promovido pela Monte Bravo, o head de Wealth Management da Kilima Asset, Eduardo Oliveira, comentou o cenário e destacou a preocupação com o início da campanha de 2022 antes da hora.
Segundo ele, anos eleitorais costumam trazer gastos e isso acaba trazendo maior volatilidade para os mercados. Contudo, mesmo com os problemas, houve uma melhora no ambiente pois esperava-se uma relação de dívida X PIB de 100% no início do ano e hoje ela caiu para 85%, algo muito mais administrável para um gestor público.
Na questão internacional, diversos agentes têm comentado o cenário externo devido aos estímulos concedidos pelo FED e uma eventual mudança na política monetária. Para Eduardo, em se tratando de Brasil, EUA e Europa afetam de forma bastante significativa e a elevação da taxa de juros americana impactará o fluxo de recursos que iriam em direção aos emergentes.
Neste sentido, dentro da visão de longo prazo, ele destacou que o investidor não deve olhar tanto para movimentos de períodos mais curtos. É preciso lembrar que a economia é feita de ciclos e momentos como o atual, quando a queda não é causada pelos fundamentos dos ativos, podem formar um excelente ponto de entrada.
É preciso estar, no entanto, também atento à política fiscal do Banco Central do Brasil, que trabalhou nos últimos tempos a uma taxa de juros negativa e agora começa a corrigir este movimento para conter a inflação. Eduardo destaca que tudo é correlacionado na economia e que quando há um estresse na curva, por exemplo, um dos setores que mais sofrem é o imobiliário.
Por fim, ele destacou ainda que a bolsa de valores está em patamares muito baratos para o investidor estrangeiro devido à desvalorização cambial e que neste momento de queda é preciso respirar fundo e buscar as oportunidades geradas pela crise. Bons negócios!