Por Rebeca Nevares, Sócia da Monte Bravo.
O título pode até parecer um pouco ousado, mas a verdade é que a resposta para esta pergunta varia caso a caso. Não existe uma regra universal proibindo o investidor de entrar em uma oferta pública inicial, mas alguns pontos precisam ser analisados na tomada de decisão.
Durante a semana, a sócia e gestora da Macro Capital, Priscila Araújo, trouxe aspectos relevantes sobre tema durante o podcast MB Stocks, da Monte Bravo.
Priscila destacou que, em geral, gestores costumam dar preferência a ações de companhias já listadas por causa da relativa facilidade na obtenção de informações. Ao lidar com as empresas no dia a dia, os fundos acabam conhecendo melhor a equipe de gestão e, por essas ações já contarem com algum tempo de mercado, geralmente estão dentro do escopo de cobertura das áreas de análise de bancos e corretoras.
Em contrapartida, ela afirmou que montar posições em IPO’s pode fazer parte de uma estratégia de diversificação de carteira. E revelou que as operações podem vir acompanhadas de derivativos como forma de proteção.
Mas o que de fato devemos analisar ao entrar em uma oferta pública inicial de ações?
Segundo Priscila, o primeiro filtro deve ser o de potencial de crescimento daquele negócio. Em seguida, é preciso analisar questões de governança, que podem ser gargalos neste primeiro momento, além de identificar drivers que ajudem a destravar valor no futuro.
Mas é importante ter atenção com o cenário econômico. Hoje, com a Selic em alta, existem investidores que saem da renda variável em direção à fixa que, por sua vez, tem oferecido opções que pagam inflação + 5%.
Na visão da gestora, essa migração deve continuar nos próximos meses e sem dúvida provocará uma mudança no fluxo de recursos do mercado. Na visão de Priscila, quando este movimento ocorre, as taxas de desconto das ações ficam maiores, e isto pode afetar os upsides, ou seja, o quanto aquele papel pode subir.
Neste sentido, é preciso ter cuidado com os produtos escolhidos neste momento. Um IPO até pode fazer sentido desde que precificado da maneira adequada antevendo os riscos. Porém, momentos de crise e instabilidade geram aversão ao risco e uma busca maior por uma composição de carteira defensiva, com empresas mais líquidas no portfólio de investidores institucionais.
Assim, Priscila alerta: é preciso certa cautela com o Ibovespa neste momento. Posições precisam ser táticas. Porém, sinalizações mais claras e críveis do governo para o teto de gastos podem melhorar o cenário para a bolsa em um futuro próximo.
A minha dica, neste sentido, é: não coloque todos os ovos na mesma cesta para evitar surpresas desagradáveis que atrapalhem a sua formação patrimonial. A oscilação é da natureza do mercado e não há como mudar isso. O papel do investidor, neste caso, é buscar uma leitura correta dos cenários e tomar a melhor decisão.
Caso os desafios pareçam muito complexos, não deixe de buscar a ajuda de um especialista de mercado. Quando falamos sobre investir, é sobre pessoas e não somente o dinheiro. Bons negócios!