Por Bruno Madruga, sócio e head de Renda Variável da Monte Bravo Investimentos
É muito comum ouvirmos dentro do mercado financeiro a palavra IPO. E geralmente, ela vem junto com “aquela empresa vai fazer um IPO, essa é uma ótima oportunidade de investimento”.
Nos últimos dois anos, o crescimento de investidores na Bolsa de Valores e os juros baixos provocaram uma explosão de IPOs, fazendo com que muita gente lucrasse com o investimento. No entanto, com os juros mais altos, o cenário pode não ser tão animador assim para o próximo ano.
O que é um IPO?
IPO significa Initial Public Offering, ou seja Oferta Pública Inicial. É o momento no qual as empresas abrem capital e vendem suas ações pela primeira vez na Bolsa de Valores. Com isso, abre-se a possibilidade de qualquer pessoa investir nela e se tornar um acionista.
Não é qualquer empresa que pode abrir o capital. Existe uma série de pré-requisitos, que devem ser preenchidos na CVM (Comissão de Valores Mobiliários), órgão que regula o mercado de ações, e é também responsável pela autorização da abertura de capital.
O processo de um IPO pode demorar até um ano, sendo necessário ainda um alto investimento em taxas, honorários e outras despesas. As empresas que decidem seguir em frente com um IPO precisam estar muito bem estruturadas. Só então, com todo o processo organizado, é agendada uma data para a abertura de capital e o mercado é avisado.
IPO’s tendem a acontecer quando a economia está bastante aquecida ou em aquecimento, portanto, este é um bom termômetro para seus investimentos. Durante uma grave recessão, não vale a pena abrir capital, uma vez que os valores das quotas estarão extremamente depreciados.
Abrir IPO é algo relativamente novo no Brasil. Para você ter uma ideia, em 2002, tivemos apenas um único IPO no país. Em 2021, já passamos de 50 empresas que aderiram ao modelo. No entanto, as atuais condições de mercado, com a elevação da taxa de juros, fazem com que muitas empresas fiquem aguardando na fila da CVM para abrir capital.
IPO é um bom investimento?
A resposta para essa pergunta é o bom e velho “depende”. É importante levar em consideração o momento do mercado, como expliquei antes. Quando pensamos em 2022, por exemplo, a expectativa de crescimento do Brasil é menor do que se esperava ao longo de 2021, mesmo depois de uma posição mais assertiva do BC ao tornar a subir a Selic, fazendo com que as expectativas de inflação melhorassem ou, pelo menos, parassem de piorar depois de tantas altas.
Tudo isso faz com que o próximo ano tenha a forte tendência a ser desafiador para empresas que desejam abrir capital e, consequentemente, para quem deseja realizar este tipo de investimento.
Ah, e não se esqueça que ainda temos um ano eleitoral a caminho. Dependendo do setor que a empresa que deseja abrir capital atua, ela pode sofrer algum tipo de interferência por este cenário, em virtude das regras dos setores e algumas movimentações que possam ser efetivadas a partir de 2023.
E aí você, leitor(a), pode me perguntar: Em qual setor preciso ficar de olho, caso queira investir em IPO?
Tecnologia. Nos últimos anos, vimos esse setor ganhar uma enorme relevância na Bolsa de Valores dos EUA, principalmente no SP&500. Aqui no Brasil, ainda é pequeno o número de empresas de tecnologia listadas na bolsa. No entanto, o desenvolvimento desse setor é, sem dúvida, a maior aposta – mas não se esqueça de que este tipo de investimento é sempre um risco, uma vez que as empresas não têm histórico de negociação.
Antes de fazer qualquer tipo de investimento, converse com seu(a) assessor(a).