Inflação é o pesadelo do investidor e o momento é de renda fixa | Monte Bravo

Entrevista com Pier Mattei: Inflação é o pesadelo do investidor e momento é da renda fixa.

05/11/2021 às 16:18

05

Sexta

Nov

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Entrevista feita por Karla Spotorno do veículo Broadcast Investimentos com Pier Mattei, CEO e sócio fundador da Monte Bravo.

São Paulo, 22/10/2021 – Inflação neste ano e eleição presidencial em 2022. Essas são as maiores preocupações dos investidores, segundo Pier Mattei, cofundador da Monte Bravo. Ainda que o horizonte siga turvo para os portfólios de qualquer investidor, os planos de crescimento do escritório ligado à XP e com 11 anos de fundação são bastante claros. Seja por crescimento orgânico ou através de M&A (fusões e aquisições), a Monte Bravo quer dobrar de tamanho e chegar a R$ 40 bilhões sob assessoria. Para o ano que vem, outro desafio é colocar em pé a corretora que está montando com a própria XP, como conta Mattei nessa entrevista que estreia a série Perspectivas 2022 do Broadcast Investimentos.

Broadcast – O ano de 2021 tem sido de muita volatilidade nos mercados, surpresas ruins com inflação e crise hídrica, aumento mais forte da Selic e ruídos na política afetando a economia. De todos esses fatores, o que mais atormentou o investidor brasileiro?

Pier Mattei – Sem dúvida, a inflação. É o dragão que vive nos pesadelos dos brasileiros e o responsável pelo ciclo mais forte de alta da Selic e do aperto monetário.

Broadcast – Quais temas geram maior expectativa dos clientes ao pensar no portfólio de investimentos para 2022?

Mattei – Inevitavelmente, as eleições presidenciais. Os caminhos parecem muito distintos neste momento e a falta de continuidade ou estabilidade sempre deu o tom para anos eleitorais.

Broadcast – Entre os clientes do escritório, houve um retorno neste ano da renda variável para a renda fixa?

Mattei – Não só houve como segue ocorrendo. Com o retorno dos juros a patamares mais altos, é natural que o investidor volte a olhar com mais atenção para a renda fixa. A classe mais prejudicada vem sendo a de fundos multimercados, que está registrando resgates líquidos. No lugar destes fundos, tem se destacado a procura por papéis atrelados à inflação, tais como CRA, CRI, Debêntures Incentivadas e a própria NTN-B. Outro ativo que até então registrava pouca demanda e que passou recentemente a ganhar apelo foi o CDB pré-fixado. Com estes papéis oferecendo novamente retornos de dois dígitos, temos visto muitos investidores querendo aproveitar a janela para travarem o retorno de parte de seus investimentos nestes patamares.

Broadcast – Que tipo de proteção à carteira de investimentos o cliente mais tem buscado?

Mattei – Ativos indexados à inflação e, em menor grau, até pelo nível elevado do dólar, investimentos no exterior.

Broadcast – Em meio ao atual ciclo de aperto monetário, qual a parcela do portfólio de investimentos em renda fixa que deve ficar alocada em títulos pós-fixados?

Mattei – Isso naturalmente dependerá do perfil e do horizonte de tempo do investidor. Diria que para um investidor moderado, por exemplo, de 20% a 30% em aplicações pós-fixadas seria um bom percentual. O fato é que diante de um cenário incerto, ter liquidez é fundamental, até para que o investidor aproveite melhor as oportunidades decorrentes dessa incerteza toda. Quem estiver mirando um horizonte de médio e longo prazo, poderá se beneficiar bem desse momento e aproveitar boas oportunidades não só no mercado de ações e fundos imobiliários, mas também na própria renda fixa, migrando em algum momento de pós para IPCA+ ou mesmo prefixados.

Broadcast – Qual a perspectiva para operações de crédito privado no ano que vem? E como foi 2021?

Mattei – 2021 vem se mostrando um bom ano para emissão de crédito privado, especialmente neste segundo semestre. A tendência é que este cenário se mantenha favorável para as empresas até o segundo semestre de 2022, seja pelo ciclo de alta dos juros seja pela volatilidade dos mercados no Brasil e agora no exterior. Além disso, eventuais mudanças nos spreads de crédito praticados no mercado serão importantes para ditar o ritmo das emissões.

Broadcast – Em 2020, muito se falou de investir fora do Brasil. Quanto da carteira de clientes assumiu alguma exposição ao exterior?

Mattei – O ano passado e mesmo 2021 têm sido particularmente importantes para despertar em grande parte dos investidores o desejo e a curiosidade em conhecer mais do mercado internacional. Embora essa realidade tenha vindo para ficar, diria que esse processo de exposição a ativos internacionais ainda é incipiente e deve se intensificar à medida que os investidores em geral entendam melhor as opções existentes, os riscos envolvidos e os formatos de fazer essa diversificação

Broadcast – Quais os objetivos do escritório para 2022?

Mattei – Para 2022, nosso objetivo é estruturarmos nossa corretora e começarmos a operar através dela ainda no final do ano, mais tardar início de 2023. Neste período, o objetivo em termos de custódia é estarmos o dobro do tamanho atual, atingindo R$ 40 bilhões sob assessoria. Nossa prioridade é crescer de forma orgânica e fortalecer nossas operações nas 10 localidades onde já estamos presentes hoje. Porém, não descartamos novos movimentos e seguiremos de olho tanto em eventuais operações de M&A [fusões e aquisições, na sigla em inglês] como abertura de novas filiais. Nossa atenção e esforços estão ainda mais concentrados em seguirmos evoluindo nossa proposta de valor para os clientes, como forma tanto de fidelizarmos nossa base como também de crescermos através de indicações. Por causa disso, mesmo nosso NPS [sigla para Net Promoter Score, indicador de satisfação do cliente] sendo acima de 90 pontos, seguiremos investindo bastante ao longo de 2022 para prestarmos uma assessoria cada dia melhor e mais próxima de nossos clientes. Essa é a nossa estratégia.

Esta entrevista faz parte da série Perspectivas 2022 do Broadcast Investimentos com grandes escritórios de assessoria de investimento.

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