Por Rebeca Nevares, Sócia da Monte Bravo.
Não é leviano dizer que o mercado financeiro passou por uma verdadeira revolução nos últimos anos e que ela ainda está longe de um desfecho final. A criação de novas plataformas e regulamentações permitiram que a bolsa de valores atingisse a marca de 3 milhões investidores em pouco tempo.
Contudo, esta mudança não tem acontecido somente no âmbito da pessoa física. Muitas empresas também têm se beneficiado deste novo momento do mercado financeiro no Brasil e é sobre isso que vamos conversar no artigo de hoje.
Em primeiro lugar, vale falar um pouco sobre o que é o corporate finance ou só corporate. Em geral, esta ferramenta é utilizada por companhias que têm como objetivo dar passos financeiros estratégicos para o futuro do negócio.
De forma resumida, envolve a intermediação de fusões, cisões, aquisições, abertura de capital e emissão de dívida via mercado de capitais.
Vale destacar que, em um ambiente competitivo como o que vivemos atualmente, este tipo de solução pode ajudar a aumentar a geração de valor de uma empresa ao permitir que ela aceite, por exemplo, uma injeção de capital financeiro e intelectual de um grande fundo de investimento.
Em evento promovido pela Monte Bravo, Marco Aurélio Barreto, sócio da Tauá Partners, ressaltou que a primeira grande vantagem do corporate é não depender somente de bancos para acessar crédito e que, em um país tão incerto como o Brasil, a oportunidade de buscar capital com um custo mais atrativo no mercado deve ser aproveitada.
E, aparentemente, as empresas se deram conta disso. Alguns dados divulgados pela Anbima este mês mostram que as captações provenientes das emissões de mercado de capitais alcançaram a marca de R$198 bilhões em 2021, 54% mais do que o registrado no mesmo período de 2020.
Segundo Marco, este movimento foi causado, entre outros fatores, pela redução na Selic nos últimos anos. De acordo com ele, algumas empresas passaram a trocar dívidas antigas e caras por outras com taxas mais atrativas, promovendo uma melhoria nos balanços.
Por outro lado, ele também falou sobre as características que um negócio precisa ter para conseguir acessar recursos via mercado de capitais. Ao contrário do que se imagina, não são apenas grandes companhias que conseguem tal façanha, mas é preciso obedecer a certos padrões exigidos pelos gestores.
Se um pequeno empresário quer trilhar um caminho mais ousado, segundo Marco, é preciso se preparar para os diferentes estágios de crescimento.
Em geral, um empreendimento que busca recursos no mercado de capitais precisa ter balanço auditado, modelos de governança, situação financeira favorável, entre outros.
Porém, cada caso é um caso e, mesmo que uma empresa não tenha todos esses pontos resolvidos, ela pode começar este processo de uma maneira um pouco mais lenta, mas sem perder de vista o objetivo maior.
Ele, inclusive, usou uma metáfora para falar das dificuldades encontradas por quem busca este tipo de operação. Segundo Marco, o mercado é uma grande avenida pela qual os investidores andam o tempo todo em busca de algo para investir e existem dois extremos: o das empresas lucrativas e o daquelas que não são.
No meio disso, existem negócios com boa saúde financeira e potencial que encontram dificuldades para acessar crédito. Porém, com as mudanças no mercado e a chegada de novos investidores, a tendência é que este leque cresça nos próximos anos e o cenário mude, facilitando a captação deste público.
No meio da avenida existem pessoas dispostas a correr um pouco mais de risco desde que a operação ofereça uma rentabilidade adequada. Pense nisso! Bons negócios!