Por Rodrigo Franchini, sócio e Head de Relações Institucionais da Monte Bravo
O conflito entre Rússia e Ucrânia ganhou o noticiário na última semana e mexeu com o mercado. O valor do petróleo subiu, o dólar oscilou, o mundo inteiro acompanha cada passo dos países e aguarda um desfecho para a tensão.
Qual o motivo do conflito entre Rússia e Ucrânia?
A Rússia não reconhece a Ucrânia como um país soberano, justamente por ser um território anexo ao russo desde 1922, quando ocorreu a Revolução Russa. Com a vitória dos bolcheviques, a Ucrânia e outros 13 países foram agregados à Rússia, criando a URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Por isso, existe um grande histórico de conflitos entre os dois países. Com a dissolução da URSS, a Ucrânia tornou-se um Estado, o que não foi bem aceito pela Rússia.
Por ter um território plano, a Rússia teme a facilidade com a qual pode ser invadida. Por isso, historicamente, busca a conquista de países próximos para garantir maior segurança. Com a Ucrânia independente, o país se entende vulnerável e, por isso, mantém-se alerta a qualquer movimento ucraniano. Um exemplo disso foi quando em 2014 a Ucrânia se juntou à União Europeia.
No contexto atual, a Ucrânia fez o movimento de aproximação da Otan, e portanto, ao se sentir ameaçada, a Rússia encarou o movimento como agressão. A Organização do Tratado do Atlântico Norte é uma aliança político-militar criada durante a Guerra Fria. Para estabelecer um pacto militar entre os países do Tratado do Atlântico Norte contra o avanço do socialismo. Hoje, a Otan atua para garantir a segurança dos países membros e é a maior organização político-militar do mundo.
Contexto Econômico
Com esse embasamento fica mais fácil entender o tamanho do problema geopolítico que estamos enfrentando neste momento. E isso não se restringe apenas aos países envolvidos no conflito diretamente. Os fronteiriços também são atingidos, assim como nossos parceiros comerciais e nossos dependentes da matriz energética.
Imagine se, por um acaso, a Rússia decidisse cortar o fornecimento de gás para a Europa em uma eventual retaliação? Isso acabaria por prejudicar muito as condições econômicas europeias. Visto que, por exemplo, mais de 50% do gás consumido na Alemanha, tanto para geração de energia quanto para mover a indústria em si, vem da Rússia. Gasoduto, aliás, que atravessa o território ucraniano.
Além desse temor, um outro ponto de atenção é o petróleo. A principal matriz energética global não para de subir, acompanhando o aumento da escada de tensões. Não por acaso o barril de petróleo se aproxima de US$95, tendo inclusive já precificação no curto prazo para romper a barreira dos US$100 e, no médio prazo, a depender da resolução ou não do conflito, até os US$120.
Agora imagine os movimentos contracionistas globais tentando não atrapalhar o crescimento econômico local. Somando a isso uma dificuldade enorme em manter o controle inflacionário, com a elevação no preço das principais matrizes energéticas. Esse é o grande problema que o mundo não quer enfrentar.
Por consequência desse temor, as curvas de juros globais se abrem. Os juros futuros fecharam em elevação na semana passada no Brasil. No mundo, o índice do medo, o famoso VIX, apresenta uma elevação de mais de 50% desde o início do ano.
E como ficam as bolsas?
Naturalmente com todo esse cenário, as bolsas tendem a ficar menos atrativas. Porque afinal, quem vai se posicionar em risco com este grande quadro por trás? As moedas dos países de primeira linha se tornam mais atrativas, a renda fixa se eleva. E, consequentemente, os juros de grandes mercados atraem mais recursos e fluxo. Ou seja, dá pra entender que o risco em elevação é naturalmente ruim para todo mundo, em especial para os emergentes.
E faço ainda uma ressalva quanto ao atual fluxo de entrada no Brasil. Não podemos nos deixar enganar, visto que esse movimento é mais pontual e buscou uma atratividade em ativos mais baratos do que a média global. Porém, a tendência não é de manutenção desse patamar por muito tempo, visto que até pelo Focus a precificação do dólar ao fim do ano é de R$5,58.
Rodrigo Franchini
Sócio e Head de Relações Institucionais na Monte Bravo
Rodrigo Franchini é bacharel em Direito, e há 17 anos atua no mercado financeiro. Tem MBA pela FGV em Bancos e Instituições Financeiras. Trabalhou em grandes instituições como HSBC no cargo de Gestor de Patrimônio, Itaú Personnalité e Safra, ambos no cargo de Gerente de Alta Renda e também no Bradesco como Especialista de Investimentos. Possui as certificações CPA 10 / CPA 20 / CEA / Ancord
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