Por Rebeca Nevares, Sócia da Monte Bravo.
A principal função da curva de juros é atuar como uma ferramenta de projeção que mostra como o mercado precifica o risco do país.
Se você já investe e acompanha o mercado há algum tempo, provavelmente já ouviu falar em abertura ou fechamento da curva de juros. Mas o quê, exatamente, isto significa e como pode afetar os investimentos? É sobre isso que vamos conversar hoje.
Antes de mais nada, é fundamental explicar o que é a curva propriamente. Ela, basicamente, serve para representar o comportamento dos juros ao longo de um determinado período. Sua principal função é atuar como uma ferramenta de projeção que mostra como o mercado precifica o risco do país.
Como isto funciona na prática?
Quando ouvimos economistas dizerem que há uma abertura na curva, significa que as taxas de juros praticadas pelo mercado estão em alta e isto ocorre devido a um ambiente de incertezas no horizonte. Este movimento acontece porque os níveis de confiança dos investidores na capacidade de crescimento daquele país diminuíram.
De forma resumida, ao analisar uma economia deficitária, com dificuldades orçamentárias e outros problemas, os prêmios exigidos pelo mercado para investir naquele local são cada vez maiores por conta da relação de risco x retorno.
Um dos grandes problemas reside no fato de que a curva é composta por papéis de renda fixa atrelados a títulos do governo. Se o mercado exige maiores “recompensas”, isto significa que os custos da dívida serão maiores e isto leva a um ciclo sem fim que pode ser bastante perigoso para a economia do país.
Mas, como isto afeta o investidor pessoa física e quais estratégias podem ser seguidas?
Longe de querer dar uma receita pronta. Cada investidor tem um perfil diferente e isto deve ser avaliado em cada decisão.
Em primeiro lugar, é preciso entender que uma economia em desalinho causa enorme volatilidade nos mercados e isso gera riscos, mas também oportunidades, seja na renda fixa ou variável.
A abertura da curva, por exemplo, pode fazer com que algumas classes de ativos sejam oferecidas ao mercado com retornos mais atrativos, o que oferece uma possibilidade de ganho de juros mais altos para a carteira no médio e longo prazo.
É o caso, por exemplo, dos CRIs, CRAs, Debêntures e outros ativos de crédito privado, que têm gerado retornos interessantes neste momento. Contudo, sempre que tocamos neste assunto é importante ressaltar os cuidados com a liquidez, o risco de inadimplência e a concentração da carteira com este tipo de ativo.
Além disso, em momentos incertos, o investidor também pode lucrar ao comprar bons ativos a preços descontados para posterior venda em uma eventual recuperação dos mercados, inclusive quando há o fechamento da curva, o que significa que há uma retomada em andamento.
Ainda existem outras alternativas, mas não caberia em um só texto falar sobre cada uma delas. O meu objetivo, neste início de jornada com você, é abrir o leque de opções e expandir a sua consciência enquanto investidor. Te encontro no próximo artigo!