Mercado Financeiro: Gilson Finkelsztain e Karina Saade na MB

Gilson Finkelsztain, da B3, e Karina Saade, da BlackRock Brasil, abordam tendências do mercado financeiro em evento da Monte Bravo

30/01/2024 às 10:24

30

Terça

Jan

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Os executivos estão otimistas em relação ao momento econômico do Brasil, o que deverá favorecer os investimentos e o crescimento do mercado de capitais no país

Gilson Finkelsztain, CEO da B3, e Karina Saade, Country Manager da BlackRock Brasil, marcaram presença em evento interno da Monte Bravo Corretora, no último sábado (20). Os cofundadores e CEOs da empresa, Pier Mattei e Filipe Portella, receberam os executivos para um bate-papo sobre tendências e perspectivas do mercado financeiro.

Entre os temas abordados, Gilson e Karina falaram sobre as últimas transformações no mercado, trazendo aspectos ligados à tecnologia e aos investimentos. Gilson comentou que nas últimas décadas, o Brasil teve um atraso muito grande em relação a sofisticação, produtos e estrutura de distribuição dos mercados desenvolvidos. “Tiramos a metade deste atraso que tínhamos anos atrás. Hoje temos mais de 20 mil assessores no Brasil”, avalia. Outro aspecto que ele destaca é a mudança das gerações, que era mais avessa ao risco por conta de várias sequências de planos econômicos mal sucedidos.

Já Karina fez algumas reflexões sobre o papel do assessor nos últimos tempos. “Antes tínhamos a interação dele com os clientes em relação aos produtos oferecidos, depois foi o momento de alocação dos ativos, de acordo com o perfil de investimento do cliente. Agora, o cliente exige muito mais do seu assessor. Ele quer um profissional que cuide não apenas da sua carteira de investimentos, mas de toda a sua vida financeira. Uma evolução positiva no mercado, em que podemos fidelizar o cliente”, ela explica.

A executiva da BlackRock ainda abordou como a questão da oscilação da taxa de juros nos Estados Unidos trouxe algumas mudanças nos mercados lá fora. “É uma quebra de paradigma. Os americanos não estavam acostumados com essa volatilidade. Agora tem toda uma discussão, inclusive de como gerar valor com a renda fixa”.

Por sua vez, Gilson salientou sobre como a B3 tem investido muito na diversificação de produtos. “Temos construído uma agenda forte de lançamentos, com produtos mais elaborados e mecanismos para que os investidores possam se beneficiar. Logo mais iremos lançar as opções semanais”, diz. O executivo também citou alguns produtos que estão no radar, destinado para um nicho de investidores, mas que estão aguardando aprovação, tais como o futuro de bitcoins, e todo o secundário de renda fixa, entre outros.

Quando questionado sobre o mercado de ações e private equity, o presidente da B3 citou a questão do Brasil ser um país estruturalmente de juros reais mais elevados, mas que mesmo assim existem formas inteligentes de trabalhar a carteira de ações dos clientes. “Diferente dos mercados desenvolvidos, os investimentos em ações não chegarão a 60% da carteira dos clientes, mas é possível incluí-los nas carteiras com outras alternativas de produtos como Opções”.

A conversa também incluiu a questão do modelo de remuneração dos assessores. Já que na Monte Bravo, os clientes têm a possibilidade de escolher se querem remunerar via o modelo de distribuição ou de fee fixo. Karina explicou que o principal catalisador desta mudança em outros mercados, exemplificando o americano, foi na época o grande questionamento dos órgãos reguladores.

“Entre 2000 e 2010, os americanos perderam muito dinheiro com a crise financeira, e os reguladores começaram a questionar os incentivos dentro das grandes casas de gestão de patrimônio, para repensarem a estrutura que eles tinham na época. Também outra questão discutida no mercado, foi a de diminuir a dispersão entre os assessores. Para padronizar, essas casas começaram a incentivar o modelo de fee based. Vocês – Monte Bravo – estão super na vanguarda desta mudança e parabéns por liderar isso no mercado brasileiro”, ponderou a executiva.

Karina diz que após essa mudança no mercado americano, os assessores tiveram uma linha de receita mais estável com o fee based, porque ele ganha uma parcela do patrimônio investido, independente do momento do mercado.

Em um outro momento da discussão, os investimentos no mercado brasileiro foram o tema. Gilson falou sobre a atual questão econômica do país. “Os líderes dos poderes legislativo e executivo sabem que não podemos ser aventureiros. Apesar de ser um país com juros reais mais elevados, por conta dos gargalos de infraestrutura, desigualdades sociais e financeiras, todos perceberam o quão importante é termos responsabilidade fiscal para manter os juros mais baixos, o que irá fomentar a economia. Com isso, poderemos ter as condições necessárias para o desenvolvimento do mercado de capitais”.

Karina também foi questionada sobre o mercado brasileiro. Ela disse que o momento é bem mais favorável este ano, até pelo avanço do ciclo monetário. “O Brasil tem um potencial significativo na discussão de mercados emergentes, com grande chance de ser um protagonista”. Outro ponto de destaque, é sobre as iniciativas voltadas para a sustentabilidade, a executiva apontou que o Brasil poderá ser um líder importante nessa discussão, até devido à sua matriz energética, que certamente é uma valiosa fonte de investimento.

Além dos investimentos voltados para ESG, ela apontou duas outras tendências fortes vindas dos Estados Unidos: o aumento de estratégias indexadas como, por exemplo, os ETFs; e o aumento de alternativos, especificamente, ativos privados, que não são listados.

Por fim, Gilson também disse que a B3 está muito animada com a mudança da Monte Bravo para corretora independente. “É um movimento que traz mais dinamismo, entretanto, serão poucos os que irão se consolidar nesse mercado”.

A Monte Bravo inicia 2024 como um dos maiores players do mercado financeiro no Brasil. A empresa está em fase de transição para se tornar corretora independente e atualmente conta com R$35 bilhões sob custódia, com meta de chegar aos R$100 bilhões até 2025.

Sobre a Monte Bravo Corretora

Fundada em 2010 por Pier Mattei e Filipe Portella, a Monte Bravo recebeu em 2023 a aprovação final do Banco Central para iniciar suas atividades como corretora independente. Para oferecer uma experiência completa para os seus mais de 30 mil clientes, a Monte Bravo criou uma estrutura que conta com uma Corretora de Seguros, Family Office, Mercado de Capitais, e a Kilima Asset com fundos de créditos e imobiliário. A empresa conta com mais de 500 colaboradores e possui 10 escritórios no Brasil, nas cidades de São Paulo, Campinas, Porto Alegre, Santa Maria, Novo Hamburgo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia, Curitiba e Brasília.

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