A Monte Bravo, o maior escritório de agentes autônomos do Brasil, está reposicionando sua marca e seu discurso para um público de mais alta renda — e reiterando planos de se tornar uma corretora independente em meio ao acirramento da guerra das plataformas.
“O modelo de AAI sempre foi muito útil pra gente, foi um modelo vencedor, mas para uma operação como a nossa, ele não se aplica mais: já temos dores e necessidades que a nossa própria estrutura regulatória não permite,” Pier Mattei, o cofundador da Monte Bravo, disse ao Brazil Journal.
Com R$ 17 bilhões sob assessoria, a companhia historicamente mais que dobra a cada ano desde que foi fundada por Pier e Filipe Portela em 2010 em Santa Maria, no interior do Rio Grande do Sul.
Depois de uma origem no varejo, a Monte Bravo já tem a maior parte de sua custódia concentrada em clientes acima de R$ 1 milhão investidos na casa. A empresa tem cerca de 20 mil clientes.
O AAI opera com dois níveis de atendimento: a chamada assessoria exclusiva (clientes entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões) e Private (acima de R$ 5 milhões).
A nova marca, revelada agora à tarde, vem junto a uma série de ações de marketing, incluindo a criação de uma equipe na Porsche Cup e o patrocínio a Bruno Soares, o tenista campeão que vai disputar a Olimpíada.
Sobre uma negociação com o BTG, noticiada domingo por Lauro Jardim, Pier disse que não há decisão tomada.
“O que há de concreto é a constituição da corretora, que vai nos dar independência e autonomia. A escolha do sócio estratégico vai levar em conta quem for melhor para a MB e para os nossos clientes, e isso inclui estrutura e suporte.”
Em sua transição de AAI para corretora, a Monte Bravo deve começar como uma Corretora Participante de Negociação (PN), um modelo asset light que permite à corretora recém-nascida plugar sua base na estrutura de uma corretora existente.
Nesse modelo — conhecido como ‘backoffice as a service’ e comum nos EUA — a corretora não precisa constituir margens e garantias junto à B3 (porque a corretora plena já as tem), e usa a estrutura de controle de risco, compliance e cadastro da plena.
Num segundo momento, ela evolui para uma Corretora Participante de Negociação Plena (PNP), internalizando todo o risco e compliance.
Desde 2018, a Monte Bravo é a líder do chamado G20, o grupo das melhores corretoras da XP. Os ativos sob assessoria não são a única métrica do G20; a XP leva em conta captação de recursos, novos clientes e NPS.
“Não queremos montar uma corretora para entrar na briga das plataformas. Antes, os bancos dominavam o mercado, aí a XP veio e mudou isso. Agora, as pessoas vão dar cada vez mais importância à assessoria,” disse Pier. “O valor agregado tá aqui, na ponta final, e não na corretora. A corretora não conhece o cliente, a gente conhece: o apetite para risco dele, o tipo de produto que ele gosta de comprar.”