No universo dos títulos do agronegócio, o CDCA é mais uma oportunidade para investir em renda fixa.
Esse tipo de investimento, apesar de pouco conhecido, é semelhante ao CRA e tende a ganhar projeção especialmente em tempos de juros altos, como os que vivemos hoje.
Mas existem alguns pontos importantes a considerar antes de investir. A seguir, você vai entender como funciona o CDCA, qual é a diferença entre ele e os investimentos em CRA e LCA e o que avaliar antes de aplicar recursos nesse título. Acompanhe a seguir.
O que é CDCA
A sigla CDCA significa Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio. Na prática, trata-se de um título do agronegócio formado a partir de direitos creditórios (pagamentos a receber) de empresas desse setor.
Assim como outros investimentos da categoria, o CDCA funciona como um empréstimo: securitizadoras emitem os títulos para companhias em busca de recursos para financiar suas atividades.
Na outra ponta, investidores compram esses títulos para, no futuro, receberem seu dinheiro de volta corrigido por juros.
A rentabilidade de um CDCA pode ser:
- Prefixada;
- Pós-fixada, atrelada a indicadores como o CDI (referência para a renda fixa)
- Taxa híbrida, formada por uma parte prefixada + um percentual de algum índice (IPCA + 6% ao ano, por exemplo)
CDCA, CRA e LCA: qual é a diferença?
O investimento em CDCA funciona de modo semelhante a outros títulos do agronegócio, como o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e a Letra de Crédito do Agronegócio (LCA). Inclusive, os CDCAs podem lastrear emissões de LCAs.
As principais diferenças estão relacionadas a quem pode emitir esses títulos e às garantias que eles oferecem.
As LCAs são emitidas por bancos ou financeiras e, desde fevereiro de 2024, devem ter prazo mínimo de investimento de 9 meses.
Elas contam com a garantia do FGC, o Fundo Garantidor de Créditos, que assegura a devolução de até R$ 250 mil (por conglomerado) para clientes em caso de inadimplência de algum banco ou financeira.
Se houver mais de um caso de inadimplência no mercado bancário, o teto do FGC é de R$ 1 milhão por CPF.
Por outro lado, os CRAs e os CDCAs não oferecem garantia do FGC. Eles têm outros mecanismos de proteção a investidores, que são descritos em seus prospectos: extensos documentos que detalham as ofertas desses títulos.
Outra diferença importante é que o CDCA é de emissão exclusiva de cooperativas de produtores rurais e de outras pessoas jurídicas que atuam na produção agropecuária.
Veja um resumo das principais diferenças entre CDCA, CRA e LCA na tabela a seguir:
Característica | LCA | CRA | CDCA |
---|---|---|---|
Garantia do FGC | Sim | Não há | Não há |
Imposto de Renda | Não há | Não há | Não há |
Prazo mínimo (regulatório) | 9 meses | Não há | Não há |
Investimento mínimo (regulatório) | Não há | Não há | Não há |
Cláusula de resgate ou recompra antecipada | Pode existir | Pode existir | Pode existir |
Emissor | Instituições Financeiras | Securitizadora | Cooperativas ou entidades que atuam na cadeia do agronegócio |
Fonte: B3
Vale destacar que a possibilidade de resgate antecipado desses títulos também depende das condições do mercado no momento do pedido.
O que considerar antes de investir em títulos do agronegócio
1. Perfil do investidor
- LCAs: têm diferentes níveis de risco e podem atender desde perfis conservadores até investidores mais arrojados.
- CRAs e CDCAs: são considerados mais arriscados e, portanto, voltados para investidores com perfil arrojado.
2. Prazo do investimento
Por uma determinação regulatória estabelecida em fevereiro de 2024, as LCAs hoje têm prazo mínimo de vencimento de 9 meses. No caso dos títulos atrelados ao IPCA, a carência é de um ano.
Os CRAs e CDCAs, por sua vez, têm prazo de vencimento mais longo, geralmente entre cinco e dez anos. Por isso, eles tendem a oferecer maior risco em relação a uma aplicação com prazo menor. Mas, uma vez que oferecem maior risco, tendem a ter maior rentabilidade.
3. Liquidez
O investimento em títulos do agronegócio oferece liquidez menor e, por isso, costuma ser recomendado para quem deseja construir ou preservar patrimônio.
É até possível resgatar uma LCA, um CRA ou um CDCA antes do vencimento a partir da venda desses títulos no mercado secundário.
Porém, as condições de mercado variam e podem não ser tão vantajosas. Vale a pena analisar caso a caso. Por isso, o mais adequado é manter o investimento até o vencimento.
4. Riscos envolvidos
Existem dois principais riscos envolvidos no investimento em títulos do agronegócio:
- Risco de mercado: possibilidade de mudança nas taxas de juros, liquidez e outras condições de mercado;
- Risco de crédito: possibilidade de inadimplência do emissor do título. No caso dos CRAs e CDCAs, em que não há cobertura do FGC, esse risco é maior.
5. Qualidade do crédito e solidez do emissor
Na hora de avaliar um título do agronegócio, o tamanho e a reputação da empresa emissora também importam.
Títulos de companhias maiores costumam ser considerados de melhor qualidade. Isso porque elas oferecem garantias mais sólidas e, em teoria, sofrem menos em caso de falta de pagamento de algum direito creditório.
Uma das formas de analisar essa qualidade é por meio do rating (classificação de risco), uma avaliação emitida por agências como S&P, Fitch, Moody’s e outras.
Essa avaliação é composta por letras e símbolos que indicam a qualidade do título, sendo:
- Notas A: baixo risco de crédito;
- Notas B: risco moderado;
- Notas C: risco elevado;
- Nota D: em default (instituições inadimplentes).
6. Rentabilidade
A rentabilidade de um título do agronegócio está diretamente ligada ao risco do emissor, ao prazo e às garantias do investimento e, portanto, não deve ser avaliada isoladamente.
Nessa avaliação, prevalece uma máxima comum nos investimentos: quanto maior for o risco, maior tende a ser o retorno oferecido.
Por isso, vale a pena analisar o rating e os materiais que detalham a oferta — eles ajudarão você a tomar uma decisão informada e fazer uma boa escolha de títulos para a sua carteira.
Vale a pena investir em títulos do agronegócio agora?
A Selic (taxa básica de juros no Brasil) está em 10,5% ao ano e deve permanecer nesse patamar por um bom tempo. Existe até alguma chance de os juros subirem nos próximos meses.
Mas, com uma eventual queda da Selic num futuro mais distante, a tendência é que essas taxas fiquem menores.
Por isso, os juros altos proporcionam hoje oportunidades interessantes de investir em renda fixa. Quando a Selic for menor, essas taxas tendem a ser menos atraentes do que são hoje.
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