Informe Semanal Monte Bravo Corretora — 26/08/2024

26/08/2024 às 12:18

26

Segunda

Ago

3 minutos de leitura
Compartilhar

Cenário global

O choque de volatilidade do início de agosto parece superado — sem grandes consequências para o equilíbrio dos mercados e para a trajetória das economias.

Na sexta-feira (23), o presidente do Fed Jerome Powell fez seu discurso em Jackson Hole e praticamente decretou o início do ciclo em setembro.

Ele reiterou que “a economia continua a crescer em um ritmo sólido”, mas que “a confiança cresceu de que a inflação está em um caminho sustentável de volta aos 2%” e que “chegou a hora de ajustar a política [monetária]”. A fala sanciona o início do ciclo em setembro, reforçando que “o ritmo dos cortes depende dos dados, das perspectivas e do balanço de riscos.”

Powell reconheceu que o mercado de trabalho esfriou, mas avalia que o aumento do desemprego não foi resultado de demissões elevadas. Na visão do Fed, os números refletem um aumento na oferta de trabalhadores e uma desaceleração no ritmo anteriormente frenético de contratações. “Não buscamos ou desejamos mais esfriamento nas condições do mercado de trabalho”, concluiu.

Os ativos de risco aceleram a tendência de alta após o discurso de Powell. A taxa do título de 10 anos do Tesouro dos EUA fechou a semana em 3,80%, enquanto o título de 2 anos do Tesouro caiu para 3,91%. O índice DXY, que mede o dólar contra seis pares desenvolvidos, recuou para 100,7 — seu nível mais baixo do ano.

Os mercados seguem atribuindo alguma chance do Fed cortar 50 p.b. na reunião de 18 de setembro. O total de cortes projetados pelo consensoestá em 100 p.b. nas próximas três reuniões. Na visão da Monte Bravo, o Fed vai fazer um ciclo de cortes no ritmo de 25 p.b. por reunião.

Cenário doméstico

Enquanto nos EUA o cenário evoluiu conforme projetávamos, no Brasil a comunicação do BC acabou criando um custo adicional de credibilidade para manter a Selic estável.

Depois do abalo na credibilidade da política monetária causada pelas declarações do presidente Lula — ao dizer que o próximo presidente do BC, indicado por ele, cortaria juros —, o provável sucessor de Campos Neto deflagrou uma escalada verbal para recuperar credibilidade.

Nesse processo, as falas mais duras de Gabriel Galípolo, que tinham a intenção de desfazer a interpretação de que o BC teria qualquer restrição para aumentar os juros caso necessário, acabaram dando a impressão de que a alta estava sacramentada.

A reação em alta dos preços dos ativos brasileiros atestou que o reforço da credencial antinflacionária seria bem-vinda em função da redução do risco de inflação.

Depois disso, os diretores tentaram modular a conclusão de que a alta estaria definida, dizendo que dependeria dos dados. Mas isso acrescentou mais ruído e fez o câmbio saltar 2% na quinta-feira (22).

Nossa avaliação era de que ainda que existam elementos de desconforto no cenário diante da desancoragem das expectativas em um ambiente de atividade e mercado de trabalho mais aquecidos do que o esperado. Por isso,  seria razoável esperar mais pela evolução do quadro global e das medidas fiscais em gestão na Fazenda.

No entanto, com o câmbio ainda muito volátil e sem uma resolução da incerteza fiscal, o BC caiu numa armadilha. Agora, se não sancionar a comunicação mais dura com um aumento haveria um dano ainda maior em termos de credibilidade.

Por isso, estamos revisando nosso cenário base e assumindo um BC mais preocupado em assegurar a convergência da inflação para centro da meta, sem usar o intervalo de tolerância como anteriormente projetado.

De fato, dada a força da atividade e do emprego, uma alta técnica com dois movimentos de 50 p.b. levando a Selic para 11,50% teria um custo pequeno para a economia e um grande benefício em termos de credibilidade. A redução da percepção de risco tende a fazer o real se valorizar e a induzir uma queda das taxas de juros longas, o que também beneficia a Bolsa e fundos imobiliários. Nesse contexto, com o Fed cortando juros, os ativos de risco no mundo inteiro tendem seguir em alta. Por aqui, o reforço de credibilidade do BC favorece uma apreciação adicional da taxa de câmbio rumo a R$ 5,30 por dólar.

???? Para conferir o Informe Semanal completo, clique aqui.

Artigos Relacionados

  • 27

    Quinta

    Mar

    27/03/2025 às 10:00

    Investimentos

    Renda variável: conheça estratégias para proteger seus investimentos 

    Conheça maneiras de fazer seus investimentos em renda variável com proteção parcial ou até total do dinheiro investido Quando falamos em renda variável, uma das primeiras palavras que vem à nossa mente é risco. Isso porque, como já sabemos bem, investimentos em renda variável — de maneira geral — não possuem garantia de retorno e …

    Continue lendo
  • 19

    Quarta

    Mar

    19/03/2025 às 14:08

    Investimentos

    Imposto de Renda Mínimo e outras mudanças propostas pelo projeto que amplia isenção de IR

    Entenda o projeto de lei que institui taxação sobre alta renda e saiba qual é o impacto nos investimentos Foi apresentado ao Congresso Nacional nesta terça-feira (18) o Projeto de Lei nº 1.087/2025, que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda e, em contrapartida, propõe mudanças significativas na tributação de pessoas com rendimentos …

    Continue lendo
  • 18

    Terça

    Mar

    18/03/2025 às 10:02

    Investimentos

    Imposto de Renda 2025: o que muda com a tributação de ativos offshore?

    O que você precisa saber sobre as novas regras do IR para investimentos no exterior Começou na segunda-feira, 17/03, o prazo para a entrega da Declaração do Imposto de Renda 2025. Os contribuintes têm até 23h59 de 30 de maio para transmitir o documento à Receita Federal. A declaração deste ano traz mudanças importantes para …

    Continue lendo