O cenário global está caminhando na direção apontada pelo nosso time de Análise.
A economia norte-americana está passando por uma acomodação suave, com o mercado de trabalho menos aquecido, enquanto a inflação segue em queda. O núcleo do PCE, índice de inflação usado como referência pelo Fed, já está em 2,6% — abaixo da expectativa mediana de 2,8% dos diretores do FED para 2024.
Tanto é que, agora, o mercado vê chance de mais cortes de juros nos EUA em 2024. No final de abril, quando a taxa do título de 10 anos atingiu 4,74%, analistas projetavam apenas um corte de juros para este ano.
Agora, o consenso é de cerca de 63 p.b. de cortes até o final do ano, com o primeiro corte previsto para setembro, em linha com as nossas projeções.
Nosso cenário base segue com três cortes de 25 p.b. nos juros americanos, o que seria compatível com a Treasury de 10 anos oscilando entre 3,75 e 4,25% ao ano durante todo o segundo semestre de 2024.
Com o cenário global evoluindo para se tornar mais construtivo, os ativos de risco no mundo todo devem ter um bom desempenho na segunda metade do ano. Esse movimento tende a beneficiar a bolsa brasileira e outros investimentos mais arrojados.
No entanto, dois fatores podem atrapalhar a performance desses ativos. O primeiro é a percepção de que o arcabouço fiscal, que ancorava a redução do prêmio de risco, não tem a devida prioridade neste governo.
O segundo fator são as dúvidas sobre a conduta do Banco Central a partir de 2025, já que o mandato do atual presidente, Roberto Campos Neto, acaba no fim deste ano e ainda não há sucessor definido.
Sobre as medidas fiscais anunciadas pelo Ministério da Fazenda na semana passada, nossa área de Análise entende que o bloqueio e o contingenciamento de despesas ficaram bem aquém do necessário para dar credibilidade às metas do arcabouço.
A impressão é que a ala política concedeu espaço para algum ajuste por conta do estresse do dólar e dos juros. No entanto, é uma dinâmica muito ruim, pois as receitas estão superestimadas e as despesas seguem acima do projetado.
Isso parece confirmar o nosso cenário base, onde o governo anuncia medidas fiscais que não levam às metas, mas mantém o déficit abaixo de 1% do PIB em 2024 e 2025.
Nestas condições, acreditamos que a onda global favorável vai impulsionar uma valorização dos ativos de risco brasileiros, mas o aumento da incerteza fiscal e monetária vai impedir que os retornos sejam espetaculares.
Nossas projeções indicam que todos os ativos domésticos terão retornos superiores ao CDI de 10,4% nos próximos 12 meses. O risco, no entanto, aumentou diante da falta de convicção política na necessidade do ajuste.
📄 Para conferir o Informe Semanal completo, clique aqui.