Mercados
As taxas dos títulos do Tesouro dos EUA estão em alta, com a taxa do título de 10 anos subindo mais de 15 p.b. desde a última quinta-feira (27). O desempenho desastroso de Biden no debate aumentou a probabilidade de vitória de Trump.
Na campanha, ele tem defendido um aumento das tarifas e cortes de impostos o que tende a pressionar tanto a inflação como o prêmio de risco fiscal, por isso as curvas de juros estão ficando mais inclinadas.
Paradoxalmente, este movimento ocorre quando os dados estão indicando a convergência da inflação e uma acomodação da atividade nos EUA — o que, sem o ruído político, aumentaria a chance de um corte de juros em setembro.
Na manhã desta terça-feira (02), as taxas de juros americanas estão em leve queda, com os juros do título de 10 anos em 4,46% e o de 2 anos em 4,76%. Hoje, os investidores aguardam os comentários do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, em um evento na Europa e os dados de emprego às 11h.
Os preços do petróleo estão estáveis, próximos às máximas de dois meses, com expectativas de aumento da demanda por combustível nos EUA devido ao verão. Os futuros do Brent subiram para US$ 86,8 por barril após alta de 1,9% ontem — maior nível desde 30 de abril.
Os mercados da Ásia fecharam majoritariamente em queda. Na Europa, nesta manhã, o Stoxx 600 está em queda de 0,5%, enquanto os futuros das ações nos EUA estão perto da estabilidade.
Por aqui, o excesso de declarações do governo aumento a incerteza com a condução da política fiscal e monetária, o que segue deteriorando os preços dos ativos brasileiros.
Ontem (01), o dólar fechou cotada a R$ 5,6533 em alta de 1,16% — a cotação mais alta desde 10 de janeiro de 2022. O stress contaminou os juros futuros, com os termos mais longos subindo cerca de 15 pontos base. Apesar disso, o Ibovespa teve um dia positivo, em alta de 0,65% aos 124.718 pontos. A Bolsa teve os papéis de commodities como destaque: Vale ON (+1,48%) e Petrobras ON (+1,21%) e PN (+1,52%) subiram após dados de atividade da China mostrarem expansão.
Economia
EUA – O ISM da indústria registrou uma queda para 48,5 pontos em junho, ante 48,7 pontos em maio, ficando abaixo da estimativa consensual de 49,1. Essa leve redução ocorreu apesar da melhora no subíndice de novos pedidos, que subiu de 45,4 em maio para 49,3 pontos em junho.
Os estoques diminuíram rapidamente devido ao elevado custo financeiro que dificulta sua manutenção, ligando ainda mais o desempenho da indústria ao fluxo de novos pedidos. No lado da oferta, as condições pioraram ligeiramente. As entregas dos fornecedores melhoraram a um ritmo mais lento e as importações diminuíram em junho, após terem crescido em maio. O subíndice de emprego retornou ao território de contração, caindo para 49,3 pontos em junho. O subíndice de preços caiu de 57,0 em maio para 52,1 pontos em junho, indicando moderação da pressão de preços.
Zona do Euro – O CPI desacelerou para 2,5% em termos anuais em junho, alinhada com as expectativas. O núcleo do CPI subiu para 2,9% na comparação anual, ligeiramente acima do consenso de 2,8%. A queda nos preços dos combustíveis foi o principal fator para a redução do índice cheio da inflação. A inflação dos serviços seguiu elevada em 4,1% em junho, devido ao término de uma política alemã que oferecia bilhetes de transporte combinados baratos.
Portanto, a inflação geral diminuiu ligeiramente, mas a inflação subjacente persistente sugere que o BCE adotará uma abordagem cautelosa, tornando improvável um corte de juros em julho — para qual o mercado atribui probabilidade de 7% de chance de corte.
Brasil – Em junho, o IPC-S desacelerou para 0,22%, comparado à alta de 0,53% em maio, acumulando uma taxa de 3,63% nos últimos 12 meses. A desaceleração do indicador foi influenciada, em parte, pela queda nos preços das passagens aéreas (-4,81% em junho, ante 5,52% em maio). Alimentação também contribuiu para a redução da pressão inflacionária, com quedas significativas em produtos in natura. No entanto, alguns alimentosimpactados pelas enchentes no Rio Grande do Sul continuaram a registrar aumentos significativos. A batata-inglesa, o leite e o arroz tiveram altas expressivas, embora em ritmo mais lento comparado à terceira quadrissemana de junho.