A crise energética que o Brasil está vivendo é um dos destaques do noticiário nas últimas semanas. Especialistas alertam para reajustes na conta de luz. Outros chamam a atenção para algo ainda mais preocupante: Racionamento de energia e apagão. Na última quarta-feira (01.09), o vice-presidente Hamilton Mourão confirmou a possibilidade de maior controle sobre o consumo de energia.
Há 20 anos essa era uma realidade para o brasileiro. Mas será que essa história realmente vai se repetir? Quanto será que vai aumentar a conta de luz nos próximos meses? Essas e outras respostas você confere com a gente a seguir.
A história se repetirá após 20 anos da primeira grande crise elétrica no país?
Durante todo o ano de 2001 choveu muito pouco. Como na época mais de 80% da energia brasileira era gerada a partir de água, em usinas hidroelétricas. O então Presidente Fernando Henrique Cardoso decretou o racionamento de energia, que a imprensa apelidou de “Apagão”.
A população em geral deveria economizar em torno de 20% na conta de luz, mas esta porcentagem variava de acordo com o consumo mensal. Quem consumisse muito pouco não precisaria reduzir tanto. Já quem consumisse muito, precisaria reduzir mais. Os brasileiros que não cumprissem a redução, recebiam uma notificação por escrito junto à conta. Se isso se repetisse, a residência estava sujeita a cortes de luz de até três dias. Se mesmo assim houvesse reincidência, a suspensão era de até seis dias.
Para evitar colapsos no sistema elétrico brasileiro, eram programados cortes estratégicos de energia elétrica, de algumas horas em determinados dias. Nesse período, também foram instauradas proibições de shows, festas e diversas atividades noturnas. Tudo isso para garantir que delegacias, hospitais e outros serviços essenciais continuassem funcionando.
A energia ficou mais cara também, o que forçou boa parte da população a trocar diversos aparelhos e lâmpadas por equipamentos mais econômicos. Essa medida aconteceu entre julho de 2001 e fevereiro de 2002.
Depois dessa crise, o governo passou a investir em outros tipos de energia, como solar e carvão. Desde então, também mais do que dobramos a quilometragem das redes de transmissão. Atualmente, em torno de 60% da nossa energia é proveniente de hidroelétricas. Ainda é um número alto, porém, muito melhor do que há vinte anos.
Quais são os problemas atuais enfrentados no sistema elétrico brasileiro?
Atualmente, estamos passando por uma das maiores secas das últimas décadas e, é por isso, que nossa conta de energia subiu tanto. Na última Expert XP, no dia 26 de Agosto de 2021, o atual Ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes, confirmou que a conta de luz iria ficar mais cara.
A “bandeira tarifária de escassez hídrica” entrou em vigor essa semana e permanecerá até 30 de abril de 2022. Essa nova bandeira adiciona R$14,20 na conta de luz para cada 100 kWh consumidos.
Nos últimos dias, o governo brasileiro anunciou um programa de descontos na conta de luz para os consumidores residenciais e para donos de pequenos negócios. No entanto, a medida vale apenas para os que reduzirem, de forma voluntária, o consumo de energia elétrica. O desconto tem previsão de continuar até dezembro de 2021, podendo ser prorrogado.
Além do encarecimento da conta de luz no fim do mês, ainda fica a dúvida: existe um real risco de apagão total no país?
Alguns especialistas acreditam que sim. É o caso de Renato Queiroz, ex-superintendente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). De acordo com ele, os principais reservatórios do país estão abaixo da média.
“A principal caixa d’água do setor elétrico, que são os reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste, estão com 22% de nível de armazenamento, inferior ao nível de agosto de 2001, do famoso racionamento”, afirmou.
O vice-presidente Hamilton Mourão, ao comentar a crise energética que atinge o país essa semana, também afirmou que existe o risco de racionamento de energia. “Pode ser que tenha que ocorrer algum racionamento. Nossa matriz energética é a base de hidrelétrica. A maior parte do uso da água é para atividade agropecuária. Consumo humano é uma parte menor. Outra parte é para geração de energia. Tem que haver uma dosagem”, disse Mourão, que ainda acrescentou: “É algo que vamos enfrentar nos próximos anos, enquanto não houver a recuperação plena de nossos reservatórios”.
Por outro lado, embora esta seja a pior seca dos últimos 91 anos. O ministro Paulo Guedes nega a possibilidade de apagões, ao passo que o ministro de Estado de Minas e Energia Bento Albuquerque se manteve neutro, mas solicitou que a população economizasse energia.
E como isso pode afetar a economia e seus investimentos?
Rodrigo Franchini, Head de Relações Institucionais da Monte Bravo, apontou que a crise energética pode provocar aumento de custos. “Essa crise faz com que as empresas produzam menos, já que os valores ficam mais altos. Consequentemente, você vai vender menos. E, se você está produzindo abaixo da expectativa, você acaba abrindo menos vagas de emprego, reduzindo alguns setores”, explica.
Segundo Franchini, esse problema também agrava a inflação. “Cada vez que você fala de racionamento ou de custo elevado da energia elétrica, aumenta a inflação, que impacta nos preços. Isso é o IPCA. Portanto, a cesta de produtos ao consumidor final terá um acréscimo, por causa da elevação do custo da energia elétrica”.
Sabemos o quanto este tipo de assunto pode ser complexo. Por isso, em caso de dúvidas, procure seu (a) assessor (a) e acompanhe seus investimentos!