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- IPCA-15 registrou alta de 0,13% em setembro, resultado bem abaixo das expectativas;
- Os núcleos tiveram uma dinâmica benigna, com alta de 0,18% na margem em setembro;
- Para setembro, a projeção do IPCA foi revista de alta de 0,53% para 0,45%;
- A boa surpresa, no entanto, não altera nossas perspectivas sobre o ciclo de alta dos juros.
O IPCA-15 registrou alta de 0,13% em setembro. O resultado ficou bem abaixo da nossa expectativa (0,30%) e do consenso do mercado (0,28%).
A surpresa do IPCA-15 foi espalhada dentro do índice — o que contribuiu para uma dinâmica benigna dos núcleos, dos bens e dos serviços.
A continuidade da deflação de alimentos no domicílio, o avanço mais modesto de serviços — devido à deflação de seguro de veículos e cinema — e o menor repasse da depreciação do câmbio para os bens foram as fontes de alívio do IPCA-15 de setembro.
Na outra ponta, o impacto da bandeira vermelha 1 na tarifa de energia e o aumento de passagens aéreas impactaram positivamente a prévia inflação.
Os núcleos tiveram uma dinâmica benigna, com alta de 0,18% na margem em setembro — desacelerando em relação a agosto (0,29%). A variação acumulada em 12 meses recuou de 3,7% em agosto para 3,6% na leitura mais recente. A queda dos núcleos em 12 meses é uma boa notícia, embora siga em patamar incompatível com a meta de inflação.
A inflação de bens desacelerou na margem, passando de 0,35% em agosto para 0,13% em setembro. O núcleo de bens industriais acelerou levemente, de 0,14% em agosto para 0,18% em setembro. A média móvel de 3 meses anualizada desacelerou para 2,6%, indicando um menor impacto dos efeitos da depreciação do câmbio.
Os serviços tiveram uma dinâmica mais favorável na margem. O núcleo dos serviços, que exclui passagens aéreas, surpreendeu na margem e desacelerou de alta de 0,39% em agosto para 0,0% na última leitura — refletindo a forte deflação de itens como seguro de automóvel e serviços de entretenimento (cinema e teatro). Em termos anuais, o núcleo de serviços registrou uma desaceleração de 5,0% em agosto para 4,6% em setembro.
Portanto, o IPCA-15 teve comportamento benigno, com as medidas qualitativas revertendo a trajetória de deterioração dos últimos meses. Ao longo do mês, a alta de alimentos e o impacto da bandeira vermelha 1 de energia elétrica deverão acelerar a inflação até o fechamento, mas em intensidade menor que a projetada inicialmente.
Para setembro, a projeção do IPCA foi revista de alta de 0,53% para 0,45%. Mantemos nossa projeção de 4,7% para 2024.
Com relação à política monetária, a dinâmica inflacionária de curto prazo benigna não altera a avaliação de que o balanço de riscos para a inflação segue assimétrico.
Mantemos o cenário de aperto dos juros com a taxa Selic subindo 50 pontos base (0,5 ponto percentual) nas reuniões de novembro e dezembro de 2024, seguido por uma alta de 25 p.b. na reunião de janeiro de 2025. Desta forma, a taxa Selic atingiria 12,0% ao ano no primeiro mês do próximo ano.