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- Economia brasileira cresceu 0,2% no 4T24, abaixo das expectativas do mercado;
- Demanda doméstica mais fraca no final do ano justificou desaceleração do PIB;
- Em termos anuais, a economia cresceu 3,6% no trimestre;
- Cenário reforça nossa visão de Selic terminal de 14,75% a.a. em maio;
- Para 2025, projetamos um crescimento de 1,6% para o PIB brasileiro.
O PIB do Brasil cresceu 0,2% na margem no 4° trimestre de 2024, ficando abaixo da nossa projeção e do consenso do mercado, que esperava alta de 0,4% na margem. Em termos anuais, o PIB cresceu 3,6% e desacelerou ante o crescimento de 4,1% registrado no 3T24.

A Demanda doméstica perdeu força no último trimestre do ano, com queda no consumo das famílias na margem e crescimento modesto do investimento.
No 4° trimestre, o consumo contraiu 1,0% na margem, interrompendo 13 trimestres consecutivos de expansão. Essa contração do consumo reflete o impacto do aumento das taxas de juros, da aceleração da inflação e da moderação do ritmo de crescimento do emprego no final do ano passado. Em 2024, o consumo cresceu 4,8%.
Os investimentos cresceram 0,4% na margem. A alta foi reflexo da forte alta do setor de construção, que registrou crescimento de 2,5% na margem, e do aumento da produção de máquinas e equipamentos. Em 2024, os investimentos cresceram 7,3%, com destaque para a alta de 9,7% dos investimentos em máquinas e equipamentos e 4,4% dos investimentos em construção.

Com a queda do consumo na margem no 4° trimestre, a demanda doméstica — que é a soma do consumo mais investimentos — recuou 0,5% na margem, com o desconto da variação de estoques.
O setor externo teve contribuição negativa para o crescimento no 4T24, com queda de 0,2% na margem. O desempenho fraco reflete a queda de 1,3% na margem de exportações e a contração de 0,1% das importações. Em 2024, o setor externo teve contribuição negativa de 1,8%.
A indústria cresceu 0,3% na margem no 4T24 e teve alta de 2,5% na comparação anual. A construção foi o grande destaque, com alta de 2,5% na margem, seguida pelo desempenho da indústria de transformação, que cresceu 0,8% na mesma base de comparação.
Os serviços tiveram um desempenho mais modesto, com alta de 0,1% na margem. Os setores financeiros, as atividades ligadas ao governo — como saúde e educação — e os serviços de tecnologia registraram quedas na margem. Em 2024, os serviços cresceram 3,7%
Como destaque negativo, a agricultura contraiu 2,3% na margem devido à quebra da safra de cana de açúcar, milho e laranja.
O carry over de 2024 após o resultado do 4T24 trimestre ficou em 0,8% para 2025. Após a divulgação, mantemos nossa expectativa de crescimento do PIB de 1,6% para 2025.

O desempenho do PIB no 4º trimestre destaca a perda de momento do crescimento da demanda doméstica, especialmente pela queda do consumo. Avaliamos que, ao longo de 2025, a economia deverá ser impactada pela taxa de juros reais, pela aceleração da inflação e o menor ritmo de crescimento do emprego.

Esse quadro reforça nossa visão de que o BC deverá elevar a Selic em 100 pontos base na reunião de março. O movimento deve ser seguido por um aumento de 50 p.b. em maio, encerrando o ciclo de alta com a taxa em 14,75% ao ano.