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A Minerva divulgou na noite de quarta-feira (19) seus resultados do 4T24. Foi o primeiro resultado divulgado pela companhia com as novas plantas já integradas (04 de novembro) e mesmo se desconsiderarmos os impactos das novas vendas, os resultados apresentados foram positivos. A companhia continua demonstrando uma performance operacional robusta e tem conseguido atravessar muito bem os momentos de ciclo e mercado em cada uma de suas geografias. A performance positiva das ações da companhia no dia de hoje é reflexo do mercado ganhando um pouco mais de conforto nos números que as plantas integradas podem adicionar ao resultado da companhia e a geração de caixa que foi apresentada no trimestre.
Em relação aos dados operacionais, a receita líquida cresceu 74% na comparação anual e 26% na comparação trimestral, com boa parte desse crescimento vindo da melhor performance em preço e volume dos mercados domésticos, com destaque para o Brasil. As exportações também ajudaram, com bons volumes e preços sendo potencializados pelo dólar médio mais alto do trimestre.
É relevante destacar o destino das exportações, que mudaram significamente no trimestre, com a participação da Ásia caindo de 43% para 30% enquanto NAFTA, principalmente EUA, subiram de 10% para 25%, essa dinâmica pode ser explicada pelo cenário desafiador para disponibilidade de bois para abate nos EUA, que costuma comprar um mix de carnes com maiores spreads que os asiáticos.
Porém é importante entendermos como as dinâmicas da Guerra Comercial 2.0 podem impactar os mercados de proteínas, pois a Minerva pode acabar perdendo share no mercado americano, embora mais do que compensando no mercado asiático.
As margens brutas da companhia sofreram, pois apesar do forte repasse de preços, não foi suficiente para balancear totalmente a alta no preço da arroba do boi. A margem EBITDA caiu para 8,8% o que consideramos positivo, apesar de não ser espetacular, imaginamos que uma parte das despesas para integração das novas plantas pode ter impactado esse número nos últimos meses.
Outro destaque do resultado foi a forte geração de caixa livre, que no trimestre totalizou R$ 990 milhões e foi bem acima do que projetávamos, com o grande destaque vindo do alívio no Capital de Giro, em um trimestre que a companhia adicionou capacidade instalada via novas plantas. Mesmo com a forte geração de caixa, o endividamento da companhia acelerou no trimestre, impacto pela elevação do câmbio (dívidas em dólares) e o caixa que foi dispendido no pagamento das novas plantas em novembro.
A situação de caixa da companhia não é confortável; ainda assim, há recursos em caixa para o pagamento das despesas pelos próximos 2/3 anos sem muito malabarismo, e esperamos que, com as novas plantas operando em plena capacidade, a companhia consiga acelerar o processo de pré-pagamento de dívidas mais caras e curtas.
Conforme comentamos no começo de nossa análise, a tese hoje depende muito da integração das plantas da Marfrig e a forma como a companhia executará a extração de valor desses ativos para iniciar um processe de desalavancagem rápido, não temos muitas dúvidas de que a Minerva consegue, utilizando sua plataforma de trading, ser mais eficiente que a antiga operadora, conseguindo extrair melhores resultados. Gerar a maior quantidade de caixa será primordial para a tese nos próximos anos.
Minerva (BEEF3) — Compra
Preço Alvo | 7,5 |
Preço Atual | 5,59 |
Upside | 34% |
Capitalização de Mercado (R$ bls) | 3,4 |
Ações Emitidas (mls) | 586 |
Free Float | 43% |
Performance
Semana | 10,04% |
Mês | 23,13% |
Ano | 9,82% |
Análise por Bruno Benassi, CNPI 9236, Analista de Ativos da Monte Bravo Corretora, CNPJ 50.489.148/0001-00.