📄 Para conferir a análise em formato PDF, clique aqui.
- ‘Prévia da inflação’ registrou alta de 0,54% em outubro, em linha com nossas expectativas;
- Alimentos e bens industriais foram os principais pontos de pressão no IPCA-15;
- Mantemos nossa projeção de 0,53% para o IPCA de outubro;
- A chance do ciclo de alta da Selic ir além dos 12,00% a.a. está aumentando.
O IPCA-15 registrou alta de 0,54% em outubro de 2024. O resultado ficou em linha com nossa expectativa (0,53%) e acima do consenso do mercado (0,50%).
Como esperado, a alta dos preços dos alimentos e dos bens industriais foi a principal pressão sobre o índice. Houve também uma reversão na dinâmica mais favorável dos núcleos e dos serviços, que vinha sendo observada nos últimos meses. Portanto, houve uma dinâmica menos benigna nas medidas qualitativas de inflação.
A depreciação do câmbio e as questões climáticas impactaram a inflação de alimentos no domicílio, que registrou alta acima de nossa expectativa. Além disso, os bens industriais — em especial móveis e eletrodomésticos, que estavam em deflação — reverteram essa tendência com reajustes positivos antes da Black Friday.
O impacto da bandeira vermelha 1 na tarifa de energia foi a principal fonte de pressão no grupo habitação. Por outro lado, houve uma deflação nas passagens aéreas (-11,4%), com intensidade acima do esperado.
Os núcleos reverteram a dinâmica benigna, registrando alta de 0,43% em outubro, acelerando em relação a setembro (0,18%). A variação acumulada em 12 meses também acelerou, passando de 3,6% em setembro para 3,8% em outubro. Essa reaceleração dos núcleos em 12 meses é um sinal de alerta, reforçando a necessidade de um aperto monetário nas próximas reuniões do Copom.
A inflação de bens acelerou e passou de 0,13% em setembro para 0,27% em outubro. O núcleo dos bens industriais também ficou mais pressionado, subindo de 0,18% para 0,48% no período. A média móvel trimestral anualizada subiu para 3,5%, refletindo os reajustes de preços antes da Black Friday e a recente depreciação da taxa de câmbio.
Os serviços apresentaram uma dinâmica menos favorável. O núcleo dos serviços, que exclui passagens aéreas, acelerou de uma estabilidade em setembro para 0,59% em outubro — refletindo a reversão das quedas no seguro de automóvel e nos serviços de entretenimento (cinema e teatro). Os núcleos de serviços intensivos em mão de obra também registraram maior pressão em outubro. Em termos anuais, o núcleo de serviços teve uma forte reversão de tendência, passando de 4,6% em setembro para 5,1% em outubro.
Portanto, o IPCA-15 apresentou uma dinâmica mais desfavorável. Além do choque climático sobre a inflação de alimentos e da alta na tarifa de energia elétrica, os núcleos reverteram a tendência favorável, especialmente os núcleos de serviços e bens, o que reforça as pressões advindas do crescimento econômico acima do potencial e da recente depreciação cambial.
Para outubro, a projeção do IPCA permanece em 0,53%. Mantemos nossa projeção de 4,7% para 2024.
Com relação à política monetária, o momento atual no qual a taxa de câmbio se mantém no patamar de R$ 5,70 por dólar sem sinais de valorização do real e as medidas fiscais seguem incertas. A chance de um aperto que se estenda além da taxa Selic atingido 12,0% a.a. está subindo.
Vamos aguardar até a primeira semana de novembro para uma reavaliação do cenário. Até lá, teremos maior clareza sobre uma série de eventos relevantes — com destaque para as eleições americanas em 5 de novembro e as reuniões do Copom e do Fed no dia seguinte. Mais importante do que tudo isso será o anúncio das medidas fiscais que o governo está preparando.