- Ata da última reunião do Fed reforça postura cautelosa do banco central americano;
- Nos EUA, mercado imobiliário teve desempenho abaixo das projeções por conta do clima;
- Por aqui, dados apontam para desaceleração da economia no 4T24;
- Governo anuncia crédito especial para o Plano Safra;
- Na agenda da semana, inflação é destaque no Brasil e nos EUA.
Cenário global
Apesar de momentos de incerteza e volatilidade nas primeiras semanas de 2025, os mercados acionários, de forma geral, avançaram na maior parte do mundo enquanto as taxas de juros nos EUA recuaram.
A percepção de que as tarifas de Trump não foram tão fortes e imediatas levou a uma acomodação do dólar e favoreceu os mercados de risco no mundo.
A taxa dos Treasuries de 10 anos subiu cerca de 120 pontos base (1,20%), de 3,60% para 4,80% entre setembro e o início de janeiro — um movimento impulsionado por dados econômicos melhores que o esperado nos EUA e pela incerteza sobre as políticas de Trump. No entanto, as taxas dos Treasuries estabilizaram nas últimas semanas, com os juros do papel de 10 anos recuando para cerca de 4,50%.
O MSCI World sobe 3,90% no ano, apesar da queda de 1,10% na semana, enquanto a Treasury de 10 anos acentuou a queda na sexta-feira (21) com a notícia de que uma nova variante do coronavírus, com potencial pandêmico, foi identificada na China.
Na próxima semana, será divulgado o índice de gastos com consumo pessoal (PCE), principal referência de inflação para o Fed, e a expectativa é que o núcleo da taxa desacelere de 2,80% para 2,60%. Isso permitiria que o Fed fizesse três cortes de 25 p.b. nos juros — hoje, o mercado precifica um pouco mais que um corte. No geral, esperamos que as taxas das Treasuries permaneçam dentro de um intervalo de 4,00% a 4,50% ao longo de 2025.
Cenário doméstico
No Brasil, a semana foi de queda nas taxas de juros, acompanhando a curva global e também diante dos sinais de desaceleração da economia doméstica. A curva de juros prefixados recuou cerca de 100 p.b., impulsionando o IFiX para um ganho de 2,90%. O Ibovespa fechou a semana em baixa, acompanhando as bolsas globais.
A nosso ver, a grande questão permanece sendo a conduta fiscal do governo. A perspectiva de que a proposta de isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil seja aprovada sem as devidas compensações é um fator de risco adicional, com potencial para colocar pressão sobre o câmbio novamente.
Isso nos leva a manter uma visão cautelosa para a alocação. Vale ressaltar que, enquanto 2024 apresentou um ótimo desempenho na economia, mas com perdas nos ativos brasileiros, em 2025 — como a percepção de risco fiscal já está incorporada ao cenário — nossa expectativa é de que ocorra o oposto: a economia passe por uma intensa desaceleração, mas os ativos tenham uma performance próxima ao CDI.
A recomendação é adotar um portfólio defensivo, com um aumento expressivo na parcela pós-fixada e na parcela exposta ao dólar.