- Nos EUA, dados da inflação surpreenderam positivamente o mercado;
- Mercado monitora posse e discurso de Trump para entender rumos do novo governo americano;
- Por aqui, o mercado doméstico vive uma ‘entressafra’ de notícias;
- No cenário base, governo evita exacerbar as incertezas e desvalorização dos ativos é estancada.
Cenário global
No cenário global, o grande destaque é a posse de Donald Trump nesta segunda-feira (20). O novo presidente dos EUA promete assinar mais de 100 executive orders — equivalentes a decretos no Brasil — logo após assumir o cargo. A expectativa é que essas ações revelem a estratégia para tarifas comerciais e política de imigração, permitindo uma análise mais precisa dos impactos inflacionários e uma reavaliação das trajetórias de cortes de juros pelo Fed.
Os sinais mais recentes indicam que a administração Trump adotará uma abordagem pragmática, utilizando a guerra comercial como instrumento de negociação. Essa estratégia pode adiar impactos inflacionários mais expressivos, criando condições para que o Fed mantenha uma trajetória de cortes de juros ao longo do ano. Se essa hipótese se confirmar, há espaço para as taxas de juros de 10 anos recuarem para a faixa entre 4,25% e 4,50% ao ano ainda este mês. Esse cenário permitiria uma acomodação do dólar que beneficiaria as demais moedas e os ativos de risco ao redor do mundo.
Cenário doméstico
No cenário doméstico, vivemos uma entressafra de notícias enquanto o mundo volta suas atenções para a posse de Trump.
A frustração com o pacote de ajuste fiscal do governo elevou estruturalmente a percepção de risco sobre a economia brasileira. Como reflexo, o câmbio estabilizou acima de R$ 6,00, enquanto a taxa Selic acima de 15% a.a. tornou-se consenso.
O governo errou a estratégia ao avaliar o cenário — olhando um quadro positivo, desconsiderou os sinais de deterioração no horizonte. Ao priorizar estratégias de comunicação política-eleitoral em detrimento da equipe econômica, negligenciou o impacto sobre as expectativas do mercado e sobre as condições financeiras. O erro vai custar caro, pois já contratou uma desaceleração significativa da economia, com provável aumento do desemprego e perda da popularidade.