- Mesmo com redução temporária das tarifas, cenário é de muita incerteza;
- No curto prazo, porém, dados de inflação dos EUA apontam para um cenário benigno;
- Por aqui, IPCA de março ficou em linha com nossas expectativas;
- Com crescimento global reduzido e commodities mais baratas no radar, revisamos nossa projeção de inflação para 2025.
Cenário global
O tarifaço de Trump vai entrar para a história como a primeira crise auto infligida da história. O temor com tarifas continua no centro das atenções, mesmo após a redução temporária para a alíquota universal de 10% — com exceção da China, cujos produtos passam a ser taxados em 145%.
A extensão do prazo nas negociações não reduz a incerteza. O ceticismo quanto ao resultado das negociações permanece, assim como a percepção de que mesmo tarifas reduzidas representam um choque para a economia global.
A taxa de juros dos Treasuries de 10 anos segue pressionada em torno de 4,50%, em um movimento anormal ante o risco de recessão. Enquanto isso, o dólar global perde força — DXY em 100,0 pontos — com os fluxos em direção ao iene, ao euro e ao ouro, que atingiu nova máxima histórica.
Cenário doméstico
No Brasil, o IPCA de março subiu 0,56%, em linha com as expectativas, mas levemente acima do consenso de mercado. Os núcleos de inflação, especialmente de serviços e bens, mostraram maior pressão, com aceleração relevante nos serviços, que subiram 7,7% na margem anualizada. A reversão da tendência de desaceleração dos bens indica repasse cambial. Entre os principais vetores de alta estão alimentação fora do domicílio, passagens aéreas, serviços de entretenimento e a retomada da inflação de bens como móveis e utensílios.
Para abril, a projeção é de alta de 0,48% no IPCA, influenciada por reajustes de medicamentos e pressão sazonal de vestuário. A estimativa para a inflação em 2025 foi revisada de 6,5% para 6,0% diante da expectativa de menor crescimento global e queda nos preços das commodities em reais, além do impacto deflacionário das exportações chinesas redirecionadas ao Brasil.
Diante desse cenário, o Banco Central deve manter o aperto monetário e elevar a Selic em 50 pontos base na reunião de maio, levando a taxa terminal para 14,75% ao ano.