- Nos EUA, dados do mercado de trabalho apresentaram resultados mistos em novembro;
- Mantemos a expectativa de um corte de 25 p.b. nos Fed Funds na próxima semana;
- Por aqui, o PIB brasileiro cresceu 0,9% na margem no 3º trimestre de 2024, acima das projeções;
- Revisamos nossa projeção para o PIB em 2024 de 3,2% para 3,4%;
- Nesta quarta, o Banco Central fará sua última reunião de política monetária do ano.
Cenário global
Nos EUA, os dados de mercado de trabalho foram mistos em novembro. Houve uma recuperação na abertura de vagas — impulsionada pelo fim das greves e pelos efeitos residuais dos furacões —, mas a taxa de desemprego apresentou leve alta. A economia gerou 227 mil vagas no mês, em linha com as expectativas. A média móvel trimestral também se recuperou, passando de 123 mil em outubro para 173 mil em novembro, evidenciando a resiliência do mercado de trabalho. Entre os setores, destacaram-se os serviços de lazer, entretenimento e saúde. Na indústria, após três meses de saldos negativos devido às greves, houve a criação de 22 mil vagas.
Por outro lado, a taxa de desemprego subiu de 4,1% para 4,2% entre outubro e novembro, refletindo a queda na ocupação apontada pela pesquisa que calcula o desemprego. Essa discrepância entre as pesquisas de abertura de vagas e de taxa de desemprego é comum e tende a se ajustar ao longo de 12 a 18 meses. Ainda assim, o Federal Reserve (FED) analisa um conjunto mais amplo de dados, e a alta marginal no desemprego reforça sinais de arrefecimento do mercado de trabalho.
Mantemos a expectativa de que o Fed corte a taxa de juros em 25 pontos base, para 4,5% ao ano, na reunião do dia 18 de dezembro. O discurso mais recente do presidente do FED, Jerome Powell, sugere que essa redução é a decisão mais provável, mas que, a partir daí, a condução da política monetária será feita com cautela até alcançar um patamar próximo ao neutro. Esse posicionamento é compatível com um cenário de cortes alternados a partir de março de 2025, com os juros chegando a 3,5% a.a. ao final do ciclo de cortes.
Cenário doméstico
No Brasil, o PIB cresceu 0,9% na margem no 3º trimestre — superando as projeções —, com alta de 4,0% em termos anuais. Esse desempenho reflete a relevância da demanda doméstica, impulsionada por ganhos de renda, aquecimento do mercado de trabalho e programas sociais. Os investimentos avançaram 2,1% na margem, com destaque para a produção de bens de capital, a construção civil e a importação de equipamentos.
O consumo também apresentou alta de 1,5%, sustentado pela expansão do crédito e pelas transferências de renda. A demanda externa, por sua vez, teve contribuição negativa, com exportações crescendo 2,1% e importações avançando 17,7% na comparação anual. Como resultado, a projeção do PIB para 2024 foi revisada de 3,2% para 3,4%.
Na próxima quarta-feira (11), o Banco Central divulgará sua decisão sobre a taxa de juros. O balanço de riscos para inflação se deteriorou ainda mais devido a diversos fatores: (i) intensificação no descontrole das expectativas de inflação; (ii) nova rodada de depreciação do câmbio (iii) crescimento econômico acima do potencial; e (iv) enfraquecimento da âncora fiscal após o anúncio do pacote de medidas. Esse cenário exige um aperto monetário mais rápido e incisivo neste momento do ciclo. Assim, reforçamos nossa expectativa de que o BC irá elevar a Selic em 100 pontos base nas reuniões de dezembro e janeiro, com aumentos adicionais de 50 p.b. em março e maio de 2025, encerrando o ciclo de alta com a taxa em 14,25% ao ano.