- Esta é uma semana decisiva para os mercados globais e, particularmente, para o mercado brasileiro;
- As eleições presidenciais americanas estão no centro das atenções, votação acontece nesta terça (05);
- Semana conta também com reunião de política monetária nos EUA e no Brasil;
- Na China, investidores aguardam novo pacote de estímulo à economia do gigante asiático;
- Por aqui, mercado cria expectativa por ajuste fiscal que pode ser determinante para o sucesso do atual governo.
Cenário global
Nos Estados Unidos, nesta terça-feira (05) os americanos votarão para eleger o seu próximo presidente. As pesquisas indicam um grande equilíbrio e, a despeito de uma pequena vantagem para Trump, não dá para prever o resultado. Na última página, você pode ler um artigo sobre as eleições nos EUA.
Apesar do enorme ruído que a política produz, o padrão usual é que, passada a eleição, os mercados foquem sobre os fundamentos. Com a economia americana em processo de aterrissagem suave e a inflação convergindo gradualmente, o Fed deve continuar cortando o juros e os mercados de risco tendem a ter um bom desempenho até o final do ano.
O cenário global tende a ser construtivo nos últimos meses do ano. Mesmo se Trump vencer, ele tende a amenizar as propostas de tarifas e deportações em massa, pois isso geraria inflação e recessão.
A China deve anunciar um pacote de estímulos amplos ao longo da semana, que ainda tem a decisão do Fed na quinta (07). Riscos geopolíticos preocupam, mas, a princípio, devem seguir sem repercussões mais amplas sobre a economia mundial.
Cenário doméstico
O cenário global sempre é extremamente importante, mas essa semana teremos uma definição ainda mais crucial no Brasil. O governo deve finalizar as medidas de ajuste fiscal para conter o crescimento explosivo da dívida pública.
A IFI (Instituição Fiscal Independente) projeta um aumento de 12,4 p.p. na DBGG (Dívida Bruta do Governo Geral) até o fim do mandato do presidente Lula em 2026. Este é um salto extraordinário, só justificável sob pandemia ou guerra.
Desde a mudança da meta de primário, em abril, houve uma enorme deterioração da credibilidade fiscal deste governo que levou à disparada do dólar, à altas das taxas de juros e à deterioração do perfil da dívida. A NTN-B 2045 fechou negociada a 6,84% na sexta-feira (01), um nível visto apenas na crise do impeachment de Dilma. Em outro sintoma de deterioração, o Tesouro está sendo obrigado a aumentar a dívida indexada à Selic para níveis não vistos em 20 anos.
O governo vinha tratando a definição do pacote sem urgência. No entanto, o estresse agudo de sexta levou o Planalto a cancelar a viagem de Haddad e criou a expectativa de que um pacote consistente e crível seja anunciado nesta semana.
Nosso cenário base, com 65% de chance, tem um ajuste fiscal que reflete a crença no pragmatismo de Lula. Sem medidas estruturais para conter a escalada das despesas, o dólar passará de R$ 6,00 no curto prazo e vai bater R$ 7,00 até 2026, os juros subirão ainda mais e a economia vai entrar em crise. Não só a reeleição ficaria improvável como a própria governabilidade ficaria sob questionamento.
Podemos dizer que o presidente Lula vai definir o destino de seu terceiro mandato presidencial ao bater o martelo no modelo do ajuste fiscal.
Com os preços dos ativos domésticos excessivamente descontados devido à incerteza fiscal, acreditamos que um pacote fiscal sério — sob um contexto global menos volátil — tenha potencial de deflagar uma reversão das expectativas pessimistas e levar a uma rápida compressão dos prêmio de risco.
Neste cenário, projetamos um “short covering” no qual as posições pessimistas do mercado, que ganharam muito dinheiro, seriam encerradas rapidamente e levariam a uma súbita e forte valorização dos ativos brasileiros.