Semana tem agenda cheia no Brasil e no mundo, com eleições americanas no centro das atenções

04/11/2024 às 10:55

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Segunda

Nov

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  • Esta é uma semana decisiva para os mercados globais e, particularmente, para o mercado brasileiro;
  • As eleições presidenciais americanas estão no centro das atenções, votação acontece nesta terça (05);
  • Semana conta também com reunião de política monetária nos EUA e no Brasil;
  • Na China, investidores aguardam novo pacote de estímulo à economia do gigante asiático;
  • Por aqui, mercado cria expectativa por ajuste fiscal que pode ser determinante para o sucesso do atual governo.

Cenário global

Nos Estados Unidos, nesta terça-feira (05) os americanos votarão para eleger o seu próximo presidente. As pesquisas indicam um grande equilíbrio e, a despeito de uma pequena vantagem para Trump, não dá para prever o resultado. Na última página, você pode ler um artigo sobre as eleições nos EUA.

Apesar do enorme ruído que a política produz, o padrão usual é que, passada a eleição, os mercados foquem sobre os fundamentos. Com a economia americana em processo de aterrissagem suave e a inflação convergindo gradualmente, o Fed deve continuar cortando o juros e os mercados de risco tendem a ter um bom desempenho até o final do ano.

O cenário global tende a ser construtivo nos últimos meses do ano. Mesmo se Trump vencer, ele tende a amenizar as propostas de tarifas e deportações em massa, pois isso geraria inflação e recessão.

A China deve anunciar um pacote de estímulos amplos ao longo da semana, que ainda tem a decisão do Fed na quinta (07). Riscos geopolíticos preocupam, mas, a princípio, devem seguir sem repercussões mais amplas sobre a economia mundial.

Cenário doméstico

O cenário global sempre é extremamente importante, mas essa semana teremos uma definição ainda mais crucial no Brasil. O governo deve finalizar as medidas de ajuste fiscal para conter o crescimento explosivo da dívida pública.

A IFI (Instituição Fiscal Independente) projeta um aumento de 12,4 p.p. na DBGG (Dívida Bruta do Governo Geral) até o fim do mandato do presidente Lula em 2026. Este é um salto extraordinário, só justificável sob pandemia ou guerra.

Desde a mudança da meta de primário, em abril, houve uma enorme deterioração da credibilidade fiscal deste governo que levou à disparada do dólar, à altas das taxas de juros e à deterioração do perfil da dívida. A NTN-B 2045 fechou negociada a 6,84% na sexta-feira (01), um nível visto apenas na crise do impeachment de Dilma. Em outro sintoma de deterioração, o Tesouro está sendo obrigado a aumentar a dívida indexada à Selic para níveis não vistos em 20 anos.

O governo vinha tratando a definição do pacote sem urgência. No entanto, o estresse agudo de sexta levou o Planalto a cancelar a viagem de Haddad e criou a expectativa de que um pacote consistente e crível seja anunciado nesta semana.

Nosso cenário base, com 65% de chance, tem um ajuste fiscal que reflete a crença no pragmatismo de Lula. Sem medidas estruturais para conter a escalada das despesas, o dólar passará de R$ 6,00 no curto prazo e vai bater R$ 7,00 até 2026, os juros subirão ainda mais e a economia vai entrar em crise. Não só a reeleição ficaria improvável como a própria governabilidade ficaria sob questionamento.

Podemos dizer que o presidente Lula vai definir o destino de seu terceiro mandato presidencial ao bater o martelo no modelo do ajuste fiscal.

Com os preços dos ativos domésticos excessivamente descontados devido à incerteza fiscal, acreditamos que um pacote fiscal sério — sob um contexto global menos volátil — tenha potencial de deflagar uma reversão das expectativas pessimistas e levar a uma rápida compressão dos prêmio de risco.

Neste cenário, projetamos um “short covering” no qual as posições pessimistas do mercado, que ganharam muito dinheiro, seriam encerradas rapidamente e levariam a uma súbita e forte valorização dos ativos brasileiros.

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