- Nos EUA, dados de inflação e consumo se mantém saudáveis;
- Na China, o governo local anunciou uma série de medidas para buscar a meta de crescimento da economia;
- Por aqui, o IPCA-15 surpreendeu favoravelmente e o mercado de trabalho segue forte;
- Ata do Copom deixou mensagem coesa com o combate à inflação;
- Relatório bimestral, no entanto, cristalizou a visão de que o arcabouço fiscal é uma meta formal.
Cenário global
A inclinação da curva de juros americana — diferença entre a taxa longa e a curta — ficou positiva, com a taxa de 10 anos superando a de 2 anos em mais de 0,20 ponto percentual. Em períodos de afrouxamento, o padrão é que a taxa de 2 anos caia mais rápido do que as taxas longas porque, em geral, os cortes ocorrem na iminência de uma recessão. Nesse contexto, os mercado embutem taxas de curto prazo abaixo da neutra.
Desta vez, não há recessão no horizonte e, por isso, o afrouxamento deve ser gradual. No cenário da Monte Bravo, o Fed fará cortes de 25 pontos base (0,25 p.p.) nas próximas seis reuniões, o que levará a taxa para 3,50% em 2025.
As taxas futuras embutem 78 p.b. de cortes nas duas reuniões restantes de 2024 e um ciclo total de 197 p.b. até o final de 2025 — projeta-se uma correção à medida em que ficar claro que a economia precisar de cortes mais rápidos, a menos que o mercado enfraqueça subitamente. No nosso cenário, a taxa de 10 anos deveria oscilar entre 3,75% e 4,24%, ou seja, um pouco acima do nível atual.
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Com o início ao ciclo de cortes, e as taxas de 10 anos recuaram cerca de 100 p.b. desde o pico de 4,74% em abril, materializando o ganho de capital que antecipamos. Por isso, enxergamos que é hora revisitar a renda fixa nos EUA. As taxas longas vão continuar proporcionando um carregamento próximo de 4% e a oferecer uma proteção contra recessão, mas os Bonds de empresas brasileiras oferecem uma alternativa com taxas mais atraentes.
Nas bolsas de Wall Street, o rali que começou na semana passada com o corte deve continuar, pois cortes de juros quando não há recessão resultam em ganhos para as ações.
Na China, o governo anunciou uma série de medidas de estímulo. As decisões envolveram o corte de compulsório dos bancos em 50 p.b. — que passaram para 9,5% — e das taxas de juros de operações de 7 dia — que foram reduzidas em 20 p.b. para 1,5% a.a.
Além disso, houve um corte de 50 p.b. nas taxas de juros dos financiamentos imobiliários existentes, o que deve beneficiar 50 milhões de famílias de acordo com o BC chinês.
As medidas são inegavelmente fortes. Como o 3° trimestre está se encerrando, no entanto, os seus efeitos serão sentidos a partir do 4° trimestre. Considerando que o crescimento do PIB no 3° trimestre confirme a projeção de 4,6% na comparação anual, e a economia acelere o ritmo de crescimento para 5,0% no final do ano, o crescimento do ano ficaria em 4,8%.
Cenário doméstico
No Brasil, a ata do Copom deixou uma mensagem de coesão na busca da meta de inflação de 3%, com indicação que a banda de tolerância não será usada para acomodar desvios.
Por outro lado, o relatório bimestral cristalizou a percepção de que o arcabouço virou uma meta formal. Isso acontece por conta de exclusões que transformam um déficit de R$ 68 bilhões em um déficit de “apenas” de R$ 28 bilhões. O mercado reage ao fato de que a dívida cresce com o déficit real e não pela ficção contábil.