- Semana passada foi marcada por decisões de taxas de juros ao redor do mundo;
- Nos EUA, Fed cortou os juros em 50 pontos base;
- Por aqui, o Copom iniciou um ciclo de alta da Selic;
- Nosso cenário global, com aterrissagem suave nos EUA e juros mais baixos, está se tornando consenso;
- Mesmo com a incerteza fiscal impedindo uma arrancada mais forte, os ativos brasileiros vão se beneficiar do fluxo estrangeiro por conta dos cortes do Fed.
Cenário global
A semana foi cheia de decisões de taxas de juros de bancos centrais. Além da decisão do Federal Reserve na quarta-feira (18) de reduzir as taxas de juros em 50 p.b., o Banco da Inglaterra manteve os juros estáveis após reduzir as taxas pela primeira vez em mais de quatro anos em agosto. Na Ásia, o Banco do Japão manteve sua taxa de juros de referência em cerca de 0,25% — a maior taxa desde 2008 —, enquanto a China surpreendeu os mercados ao deixar suas taxas de empréstimo de referência inalteradas na correção mensal.
Em função disso, o cenário global da Monte Bravo, que combina uma aterrissagem suave nos EUA com um ciclo longo de relaxamento monetário, virou um consenso e estabeleceu um panorama favorável para os ativos de risco ao redor do mundo.
As taxas dos títulos do Tesouro dos EUA fecharam a semana em leve alta, com a taxa do de 10 anos em 3,75% e a de 2 anos em 3,62%. Mas os ativos de risco estão com ganhos expressivos na semana: Nasdaq: +2,5%; S&P500: +2,6%; Euro Stoxx: +2,1%; Nikkei: +3,1%; Brent: +3,2%; ouro: +1,6%; e Bitcoin: +5,7%. O Dólar, por sua vez, caiu 0,45% e está em seus níveis mais em um ano de acordo com o índice DXY — que mede a moeda contra uma cesta de seis pares desenvolvidos.
Cenário doméstico
No Brasil, o risco fiscal é, em última instância, o fator que obrigou o Banco Central a iniciar um ciclo de alta dos juros. A depreciação recente do câmbio, em grande parte associada ao aumento da incerteza fiscal, agravou o quadro de desancoragem das expectativas de inflação em um ambiente de atividade que segue crescendo acima do PIB potencial, principalmente pelo impulso fiscal.
Diante disso, o balanço de risco ficou assimétrico e obrigou o Copom a iniciar um ajuste que deve levar a taxa Selic para 12,00% a.a. em janeiro de 2025. Em função disso, embora o Real tenha apreciado 1,7% na semana, os ativos locais sofreram. O Ibovespa caiu 1,7%, enquanto os juros subiram cerca de 0,4 p.p. ao longo da curva — gerando perdas nos benchmarks de renda fixa.
Mesmo com a incerteza fiscal limitando uma arrancada mais forte, os ativos brasileiros vão se beneficiar do fluxo estrangeiro por conta dos cortes do Fed.