- O núcleo do PCE nos EUA subiu 0,4% em fevereiro, acima do esperado, pressionado por serviços;
- A volatilidade segue alta nos mercados globais, com incertezas sobre tarifas nos EUA;
- O S&P 500 acumula queda de 3% no ano, enquanto as bolsas da Europa e China registram altas de até 17%.
- A projeção para o dólar no Brasil é de R$ 6,30 até o fim de 2025, pressionando a inflação para 6,5%.
- Os ativos indexados ao CDI seguem como destaque na renda fixa com o cenário de juros elevados.
- A queda do dólar abre uma oportunidade para diversificar investimentos fora do Brasil.
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Cenário global
Os dados de inflação e gastos das famílias surpreenderam negativamente em fevereiro na economia americana. O núcleo do PCE registrou alta de 0,4% na margem, acima da expectativa de alta de 0,3%. A maior pressão de serviços, como saúde, serviços financeiros e de entretenimento, explicam a maior alta do núcleo. Em termos anuais, o núcleo do PCE acelerou de 2,6% em janeiro para 2,8% em fevereiro. A dinâmica prospectiva dos serviços indica menor pressão, com os serviços financeiros desacelerando devido ao menor ganho no mercado de ações e os serviços de saúde ficando menos pressionados.
A trajetória do núcleo do PCE deverá ser impactada pelas tarifas entre abril e junho, o que deverá resultar em elevação da inflação anual para patamares acima de 3,0% ao ano na metade do ano. Passando o impacto das tarifas, a expectativa é que o núcleo desacelere, terminando o ano em 2,7%.
O consumo das famílias também surpreendeu com menor crescimento em fevereiro. Os gastos reais das famílias cresceram 0,1% na margem, ficando abaixo da expectativa de alta de 0,3%. No 1° trimestre, os gastos reais estão crescendo 0,2% em termos anuais, bem abaixo do crescimento de 4,0% no 4° trimestre. O impacto do menor ritmo de crescimento do consumo e da antecipação das importações foi a revisão do tracking de crescimento do PIB do 1° trimestre, que passou de 1,4% para 0,4% na margem.
Uma ressalva importante é que o menor crescimento do consumo não foi causado pela desaceleração da renda, pois houve alta de 0,8% na margem em fevereiro da renda, mas sim uma queda do consumo devido às incertezas a respeito das tarifas, o que se refletiu no aumento da taxa de poupança das famílias, que subiu 1,3% na passagem de dezembro de 2024 para fevereiro desse ano, atingindo 4,6% da renda disponível das famílias. Portanto, caso a economia registre contração no 1° trimestre, o que não pode ser excluído, a razão seria o comportamento cauteloso das famílias e a antecipação das importações antes da elevação de tarifas.
Cenário doméstico
No Brasil, o IPCA-15 registrou alta de 0,64% em março, ficando abaixo das expectativas. A deflação de bens industriais, a menor pressão dos preços de gasolina e de cuidados pessoais foram os responsáveis pela menor pressão da inflação. Os núcleos desaceleraram na margem, surpreendendo nossa expectativa de estabilidade, mas o núcleo de serviços indicou maior pressão.
Para março, projetamos alta de 0,56% para o IPCA, após o resultado do IPCA-15. Para 2025, projetamos alta de 6,5% devido à expectativa de depreciação do câmbio, a desancoragem das expectativas de inflação e o mercado de trabalho apertado. O cenário de inflação segue demandando a continuidade do ciclo de aperto pelo Banco Central. Como sinalizado pelo Copom, em função das defasagens da política monetária, esperamos a moderação do ritmo de alta para 50 pontos-base na reunião de maio, levando a taxa Selic para 14,75% a.a. Mantemos a avaliação que a taxa Selic se mantida nesse patamar por período suficiente para a convergência da trajetória de inflação para as metas.