Falas de dirigentes do Fed e cenário político ditam o rumo dos mercados no exterior - Monte Bravo

Falas de dirigentes do Fed e cenário político ditam o rumo dos mercados no exterior

22/10/2024 às 09:15

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Terça

Out

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  • Visita de Anthony Blinken ao Oriente Médio renova esperanças por um cessar-fogo;
  • Chances de uma vitória de Trump nas eleições impulsionam o dólar;
  • Juros americanos sobem após falas de diretores do Fed;
  • No Brasil, IGP-M acelera e deve encerrar com alta de 1,7% em outubro;
  • O presidente do Bacen, Roberto Campos Neto, destaca a importância do quadro fiscal para a política monetária.

Mercados

No front geopolítico, o Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chegou a Israel, na primeira parada de seu tour pelo Oriente Médio. Blinken buscará reacender negociações de paz para evitar o alastramento do conflito no Líbano.

Com a eleição nos EUA a apenas duas semanas de distância, as chances crescentes de vitória do ex-presidente Donald Trump estão impulsionando o dólar. No entanto, a eleição ainda está muito disputada e os analistas esperam um aumento da volatilidade até 5 de novembro.

Ontem (21), quatro diretores do Fed expressaram apoio a uma abordagem gradual para os cortes.

Observando uma economia resiliente e um mercado de trabalho forte, o presidente do Fed de Minneapolis, Neel Kashkari, afirmou que a taxa neutra pode ser maior do que no passado. Já a presidente do Fed de Dallas, Lorie Logan, disse que apoia o movimento atual de redução das taxas de juros, mas que será necessário adotar uma abordagem paciente.

Os mercados estão embutindo uma chance de 87% de o Fed cortar as taxas em 25 p.b. no próximo mês, com um total de 40 p.p. até o final do ano — um pouco abaixo do cenário Monte Bravo que tem cortes de 0,25 p.p. por reunião.

A taxa de juros do Tesouro dos EUA de 10 anos disparou na segunda-feira, enquanto os investidores digeriam os discursos dos diretores do Fed. A taxa dos títulos de 10 anos subiu quase 12 p.b. e hoje está em 4,21%, nível mais alto desde o final de julho. O título de 2 anos negocia em 4,05%.

O dólar norte-americano manteve-se perto da máxima de 3 meses, com expectativas de que o Fed adotará uma abordagem comedida para os cortes, enquanto a campanha eleitoral nos EUA — ainda indefinida — mantém os investidores em alerta. O índice do dólar está em 103,95, nível mais alto desde 1º de agosto, depois da alta de 3% este mês.

O ouro subiu nesta terça-feira, negociado não muito distante do recorde — a US$ 2.733,15 por onça.

Os preços do petróleo estabilizaram-se perto de US$ 74 por barril hoje, enquanto o principal diplomata dos EUA renova os esforços para pressionar por um cessar-fogo no Oriente Médio.

Os mercados asiáticos, em sua maioria, caíram na terça-feira, seguindo uma sessão mista em Wall Street na véspera. Os mercados europeus também estão em queda, assim como os futuros de ações dos EUA.

Ontem, por aqui o Ibovespa fechou em leve baixa de 0,11%, aos 130.362 pontos. O dólar à vista fechou em leve queda de 0,15%, cotado a R$ 5,6904.

Economia

EUA – A presidente do Federal Reserve Bank de Dallas, Lorie Logan, afirmou que uma política monetária menos restritiva ajudaria o Fed a equilibrar os riscos tanto para a inflação quanto para o mercado de trabalho. Segundo ela, se a economia seguir conforme esperado, a redução gradual da taxa de juros para um nível mais neutro pode ser uma estratégia eficaz para alcançar os objetivos do banco central. Logan defendeu que essa redução deve ocorrer de forma cautelosa, devido à incerteza do ambiente econômico atual.

Outros presidentes regionais do Fed, como Mary Daly de São Francisco e Neel Kashkari de Minneapolis, também expressaram apoio à redução dos juros, enfatizando a importância de evitar um enfraquecimento maior do mercado de trabalho. Daly mencionou que a atual taxa de juros é excessiva para uma economia que já caminha em direção a uma inflação de 2%, enquanto Kashkari prevê cortes modestos nos próximos trimestres. Jeff Schmid, do Fed de Kansas City, reforçou a necessidade de cautela nos próximos movimentos devido à incerteza econômica.

Brasil – No 2° decêndio de outubro, o IGP-M registrou alta de 1,37%, acima dos 0,47% observados em setembro. O principal impulsionador foi o avanço nos Preços ao Produtor, que subiram de 0,52% para 1,76% com forte alta nos Produtos Agropecuários (2,88%) — impulsionados pelos aumentos da soja e milho, impactados por condições climáticas adversas. Nos Produtos Industriais, o aumento foi de 1,35%, com destaque para os alimentos industrializados e minerais metálicos, enquanto derivados de petróleo, biocombustíveis e produtos químicos ajudaram a conter parte da pressão. O IGP-M deverá encerrar com alta de 1,7% em outubro.

Brasil – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu a necessidade de um choque fiscal positivo para garantir a manutenção de taxas de juros mais baixas de forma sustentável. Ele citou como exemplos bem-sucedidos os governos de Lula (nos dois primeiros mandatos) e Temer, destacando que medidas fiscais são essenciais para a política monetária.

Segundo Campos Neto, desequilíbrios fiscais dificultam o cumprimento das metas de inflação e aumentam os desafios para o Banco Central. Campos Neto também mencionou que o atual cenário é marcado por expectativas de inflação desancoradas e um mercado de trabalho aquecido, o que pressiona a inflação no setor de serviços. Diante desse contexto, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou as taxas de juros para assegurar a convergência da inflação à meta de 3,0%. Mantemos nosso cenário de aperto de juros com a taxa Selic atingindo 12,0% a.a. em janeiro de 2025.

Preços de ativos selecionados¹

(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.

(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.                 

Fonte: Bloomberg.

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