Riscos geopolíticos abalam os mercados globais - Monte Bravo

Riscos geopolíticos abalam os mercados globais

19/11/2024 às 09:15

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Terça

Nov

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  • Escalada das tensões no leste europeu faz os mercados amanhecerem em queda;
  • Nos EUA, o debate sobre secretário do Tesouro da gestão Trump está acalorado;
  • Por aqui, derrotas no Senado podem dificultar o cumprimento do arcabouço fiscal pelo governo;
  • Em discurso, Roberto Campos Neto falou sobre a volatilidade dos mercados e o ajuste fiscal no Brasil.

Mercados

Os mercados globais amanheceram em queda nesta terça-feira (19). Isso acontece devido ao aumento do risco geopolítico após o presidente da Rússia, Vladimir Putin, aprovar uma atualização da doutrina nuclear de Moscou.

No domingo (17), os EUA permitiram que a Ucrânia utilizasse armas fabricadas nos EUA para atingir alvos dentro da Rússia. Em resposta, Putin assinou um decreto aprovando para esclarecer as condições para o uso de armas nucleares.

Enquanto isso, nos EUA parece haver um debate bastante acalorado sobre quem será o próximo secretário do Tesouro dos Estados Unidos.

A definição desta posição vai dar clareza sobre até que ponto a retórica de campanha se materializará. Os candidatos mais técnicos resistem a aumentos de impostos ao consumidor por meio de tarifas.

Os juros dos títulos do Tesouro americano passaram a cair depois do aumento do risco geopolítico. A taxa do título do Tesouro de 10 anos cai de 4,41% para 4,36%, enquanto a taxa de 2 anos recuou para 4,23%.

O dólar americano está estável, com o DXY em 106,5. Os preços do ouro sobem, com o ouro à vista avançando 0,4%, para US$ 2.624 por onça.

Os preços do petróleo recuam, com os futuros do petróleo Brent para entrega em janeiro caindo 0,3% para US$ 72,7 por barril.

Nesta terça, os mercados de ações na Ásia fecharam em alta. As bolsas europeias e os índices futuros de Nova York assumiram claro viés de baixa após a notícia da atualização da doutrina nuclear da Rússia.

Em meio à espera do pacote fiscal, o Ibovespa fechou perto da estabilidade ontem (18), com queda de 0,02%, aos 127.769 pontos. O dólar à vista fechou em baixa de 0,70%, a R$ 5,7474.

Economia

Zona do euro: O CPI registrou alta de 2,0% em termos anuais em outubro, impulsionado por energia e alimentos, enquanto o núcleo permaneceu em 2,7%. Os preços de serviços subiram 4,0%, levemente acima de setembro, mas a média móvel trimestral desse segmento desacelerou para um ritmo anualizado de 3,0% — ante 4,3% no mês anterior. Esse comportamento sugere que as empresas podem estar reduzindo suas margens de lucro, aliviando os temores do BCE sobre o impacto dos salários nos preços. 

Brasil: O governo enfrentou derrotas no Senado em duas propostas importantes para cumprir o arcabouço fiscal e ajustar o orçamento às emendas parlamentares. Uma das medidas permitiria ao Executivo cortar emendas para acomodar o crescimento de gastos obrigatórios, enquanto outra direcionaria parte das emendas de comissão para a saúde, aliviando em R$ 6 bilhões o cumprimento do piso constitucional da área. O texto principal do projeto, que altera as regras das emendas, foi aprovado. No entanto, os destaques foram rejeitados e o projeto retorna à Câmara. Apesar das derrotas, o governo conseguiu limitar o crescimento real das emendas impositivas a 2,5% ao ano e fixar o teto de R$ 11,5 bilhões das emendas de comissão, trazendo previsibilidade ao Orçamento. 

As derrotas comprometem a estratégia do governo de ampliar sua flexibilidade orçamentária sem autorização do Congresso. Atualmente, o governo conta com contingenciamento e bloqueio para controlar despesas e cumprir regras fiscais. Contudo, as emendas parlamentares só podem ser contingenciadas, e o governo buscava mudar isso para adotar bloqueios — mais efetivos fiscalmente. A mudança faria diferença prática: enquanto o contingenciamento pode ser revertido com aumento da arrecadação, o bloqueio, usado para garantir despesas obrigatórias, dificilmente é desfeito. No cenário atual, há R$ 12 bilhões bloqueados no orçamento.

Brasil: Em discurso, o presidente do Banco Central Roberto Campos Neto destacou a volatilidade nos mercados dos EUA e os impactos das mudanças no cenário econômico — incluindo pressões inflacionárias e o papel da desinflação com pleno emprego.

Campos Neto defendeu que o ajuste fiscal no Brasil deve priorizar cortes de gastos, enfatizando que o mercado valoriza mais reduções de despesas do que aumentos de receitas. Apesar de não prever um cenário desastroso, ele advogou por medidas preventivas para fortalecer a política fiscal e criticou propostas como o fim da jornada de seis dias, que, segundo ele, contrariam os avanços da reforma trabalhista e o bom desempenho do mercado de trabalho.

Preços de ativos selecionados¹

(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.

(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.                 

Fonte: Bloomberg.

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