Recuo de Trump traz fôlego aos mercados globais

10/04/2025 às 09:21

10

Quinta

Abr

4 minutos de leitura
Compartilhar

📄 Para conferir o Informe Diário em formato PDF, clique aqui.

Mercados

Ontem (09), Trump anunciou uma moratória de 90 dias nas tarifas recíprocas, um período no qual, exceto para a China, as tarifas permanecerão em 10,00%. Negociações serão conduzidas para definir o patamar final com cada país e, mesmo no caso da China, há sinais de abertura para um acordo.

O recuo na marcha da insensatez fez com que as bolsas dos EUA disparassem e os mercados de risco tivessem uma forte recuperação. O S&P 500 subiu 9,5%, registrando o terceiro maior avanço diário da história. Já o Nasdaq disparou 12,2%, com as “Sete Magníficas” avançando (Tesla +22,60%; Nvidia, +18,60%; Apple +15,30%; Meta +14,60%; Amazon +12,00%; Microsoft +10,00%; e Alphabet +9,78%).

Contudo, a Treasury de 10 anos seguiu pressionada. Nesta quarta, a taxa de 10 anos chegou a superar os 4,51% — um movimento que surpreende por ser o oposto do habitual em tempos de incerteza. O Fed observará essa dinâmica com atenção pois, eventualmente, poderá ser forçado a agir também.

A pausa nas tarifas recíprocas mostra uma mudança no equilíbrio de poder, com os Falcões das Tarifas perdendo terreno para a equipe econômica — mais preparada e sensata — em um reconhecimento de que a estratégia não havia avaliado os danos e era insustentável.

O saldo disso é que o risco de uma espiral de crise foi, ao menos temporariamente, afastado. Ainda assim, o cenário permanece complexo: a inflação nos EUA vai subir, enquanto a atividade vai desacelerar. Além disso, o governo Trump incinerou sua credibilidade, e será difícil restabelecer uma coordenação eficiente das expectativas.

Na manhã desta quinta-feira (10), a maioria dos mercados de risco opera em modo de realização após a forte alta de ontem. A taxa do título de 10 anos cai 6 pontos base, para 4,29%, enquanto o papel de 2 anos recua para 3,86%.

Os mercados asiáticos fecharam em alta na madrugada. No Japão, o Nikkei 225 subiu 9,13%; o Kospi, da Coreia do Sul, avançou 6,60%. Na China continental, o CSI 300 subiu 1,31%, enquanto o Hang Seng, de Hong Kong, teve alta de 2,06%.

Os mercados europeus abrem em forte alta, com o índice regional STOXX 600 avançando 5,30%. Em contrapartida, os futuros do S&P 500 recuam 1,60%.

Por aqui, o Ibovespa fechou em alta de 3,12%, aos 127.796 pontos. Enquanto isso, a moeda americana derreteu após o recuo de Trump em sua guerra comercial, encerrando o dia com queda de 2,51%, cotada a R$ 5,85.

Economia

China: A inflação apresentou leve aceleração em março, com o núcleo do CPI subindo 0,5% na comparação anual, após queda de 0,1% em fevereiro — o segundo maior avanço em nove meses. O índice cheio do CPI caiu 0,1% em relação ao mesmo período do ano anterior, abaixo das expectativas de estabilidade, e recuou 0,4% na comparação mensal, em linha com a sazonalidade pós-férias.

O PPI registrou queda anual de 2,5% em março, maior do que os 2,2% de fevereiro e superando as previsões de mercado. Com isso, o índice acumula 30 meses consecutivos de retração. Na comparação mensal, o PPI caiu 0,4%, acelerou a deflação ante queda de 0,1% no mês anterior. Esses dados refletem o prolongamento das pressões deflacionárias agravada pela intensificação da guerra comercial com os EUA.

EUA: A ata da última reunião do Fed destacou preocupações com a possibilidade de a inflação se mostrar mais persistente do que o esperado. A maioria dos diretores identificou fatores que podem contribuir para essa persistência, como tarifas sobre bens intermediários, reestruturações nas cadeias de suprimentos, retaliações comerciais e estabilidade das expectativas inflacionárias de longo prazo. O comitê também discutiu os riscos de desaceleração no crescimento, reforçando que está preparado para reagir conforme as condições econômicas evoluírem.

Diante desse cenário, a postura do FOMC permanece em modo “wait and see”, com decisões ancoradas nos dados. Mantemos a expectativa de que os cortes de juros deverão começar em setembro, totalizando três reduções em 2025.

Brasil: Em fevereiro, as vendas do varejo restritas cresceram 1,5% na comparação anual, em linha com a mediana das estimativas de mercado. As vendas do varejo ampliadas, que incluem automóveis e materiais de construção, avançaram 2,4% no período. A divulgação trouxe revisões relevantes na série histórica das vendas do varejo, com destaque para a correção nos dados de um informante do setor farmacêutico, o que reduziu o crescimento reportado do segmento em 2024. Com isso, as altas acumuladas no ano das vendas do varejo restrito e ampliado foram ajustadas para 4,1% e 3,7%, respectivamente.

Na comparação mensal com ajuste sazonal, as vendas cresceram 0,5%, indicando possível expansão no primeiro trimestre, enquanto as vendas do varejo ampliadas recuaram 0,4%. Entre os segmentos, o comércio mais sensível à renda teve crescimento de 0,6% na comparação anual, com queda no varejo alimentício. O comércio sensível ao crédito avançou 8,7% em termos anuais. 

Preços de ativos selecionados¹

(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.

(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.                 

Fonte: Bloomberg.

Indicadores de hoje

Indicadores do dia anterior

Artigos Relacionados

  • 15

    Terça

    Abr

    15/04/2025 às 09:00

    Informe Diário

    Mercados amanhecem mistos, Treasuries recuam fortemente

    📄 Para conferir o Informe Diário em formato PDF, clique aqui. Mercados Investidores e empresas continuam tentando entender o rumo das políticas tarifárias de Trump. Sinais contraditórios da Casa Branca e a condução caótica do processo aumentam a incerteza, afetando consumidores, empresas e mercados. As taxas dos Treasuries recuam fortemente nesta terça-feira (15). A taxa de …

    Continue lendo
  • 14

    Segunda

    Abr

    14/04/2025 às 08:55

    Informe Diário

    Condução errática das tarifas segue impactando os mercados

    📄 Para conferir o Informe Diário em formato PDF, clique aqui. Mercados A conduta errática e agressiva de Donald Trump em relação às tarifas provocou um dos períodos mais instáveis já registrados nos mercados de ativos globais. Não só as ações têm tido movimentos extremos, mas os mercados cambiais e de títulos também foram arrastados. Ao …

    Continue lendo
  • 11

    Sexta

    Abr

    11/04/2025 às 08:59

    Informe Diário

    Guerra Comercial segue pressionando os mercados globais

    📄 Para conferir o Informe Diário em formato PDF, clique aqui. Mercados A escalada da guerra comercial com a China voltou a incomodar os mercados ontem (10). Os mercados de risco devolveram parte dos ganhos da quarta-feira (09) e seguem sob pressão vendedora, enquanto a alta das taxas de juros nos EUA é outro fator que …

    Continue lendo