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- Parlamentares da França votam possível deposição do primeiro-ministro;
- Israel volta a atacar alvos militares no Líbano;
- Diretores do Fed falam sobre possível corte de juros em dezembro;
- Por aqui, ativos domésticos seguem em correção após o pacote fiscal do governo;
- Gabriel Galípolo, futuro presidente do BC, falou sobre os desafios da política monetária no cenário atual.
Mercados
O governo francês enfrenta amanhã (04) um voto de confiança: tanto a extrema-direita quanto a esquerda prometem votar contra o primeiro-ministro Barnier devido ao orçamento. Um cenário provável seria Barnier continuar como primeiro-ministro interino, com o orçamento de 2024 sendo prorrogado. O euro enfraqueceu ligeiramente em função disso.
No front geopolítico, as forças militares israelenses atingiram dezenas de posições do Hezbollah no Líbano na segunda-feira (02).
Ontem, o governador do Fed Christopher Waller afirmou que, com a inflação ainda prevista para cair para 2%, ele está inclinado “no momento” a apoiar outro corte de juros ainda este mês. O presidente do Fed de Nova York, John Williams, disse que espera “que seja apropriado continuar avançando para uma política mais neutra ao longo do tempo”.
Os comentários levaram investidores a aumentar as expectativas de um corte de juros na reunião do Fed em 17 e 18 de dezembro para quase 75%. A taxa de juros do título de referência do Tesouro dos EUA com vencimento em 10 anos está em 4,21%, enquanto a taxa de 2 anos subiu para 4,19%. Na sexta-feira (29), o título de 10 anos havia caído para o menor nível desde o final de outubro.
O dólar estava em alta nesta terça-feira (03), enquanto a turbulência política na França pressionava o euro e os riscos tarifários, somados à fraqueza da economia chinesa, empurravam o yuan para o menor nível em um ano. O ouro à vista permaneceu quase inalterado, cotado a US$ 2.636,50 por onça.
Os mercados da Ásia fecharam em alta com declarações de autoridades chinesas sobre estímulos à economia. O presidente do Banco do Povo da China (PBoC), Pan Gongsheng, afirmou que a política monetária seguirá acomodatícia no ano que vem. As declarações aumentam as expectativas sobre novos estímulos após a Conferência Central de Trabalho Econômico, na semana que vem, quando a meta do PIB será anunciada.
Os mercados europeus abriram em alta, enquanto os futuros das ações dos EUA pouco oscilaram. Por aqui, ontem os mercados seguiram o ajuste de preços após a decepção com pacote fiscal do governo.
O Ibovespa fechou em baixa de 0,34%, aos 125.235 pontos. O dólar à vista fechou em alta de 1,11%, a R$ 6,0680, renovando o recorde de fechamento, enquanto os juros oscilaram pouco.
Economia
EUA: O ISM da indústria apresentou alta inesperada em novembro, impulsionado principalmente pelo aumento nos novos pedidos, que passaram de 47,1 pontos em outubro para 50,4 pontos — o primeiro resultado positivo desde março. Os dados de demanda superaram as expectativas baseadas em índices regionais do Fed, enquanto a redução mais lenta nos estoques dos clientes sugere possíveis novos pedidos no futuro. Apesar disso, os pedidos de exportação continuam em queda, refletindo desafios no mercado externo. No mercado de trabalho, o índice de emprego melhorou, mas ainda se mantém em território contracionista.
EUA: Christopher Waller, integrante do Board do Fed, indicou inclinação a apoiar um corte de juros em dezembro, embora tenha ressaltado que a decisão dependerá de dados econômicos a serem divulgados antes da reunião. Ele apontou preocupações com o progresso limitado no controle da inflação, que permanece acima da meta de 2%, mas não vê sinais de que o núcleo inflacionário se manterá elevado ou aumentará. Waller destacou o equilíbrio no mercado de trabalho como um fator que pode sustentar um ajuste, reforçando que a política monetária continua restritiva, mesmo com possíveis cortes.
Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta, mostrou-se incerto quanto à necessidade de um corte na reunião de dezembro, mas afirmou que o banco central deve continuar reduzindo os juros nos próximos meses. Apesar de oscilações nos dados, Bostic acredita que a inflação está em uma trajetória sustentável rumo à meta de 2%, com fatores como a desaceleração nos aluguéis contribuindo para aliviar pressões futuras.
Brasil: Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária e futuro presidente do Banco Central, destacou a prioridade em reancorar as expectativas de inflação, apontando a desancoragem como um desafio estrutural, mesmo em um contexto de alta de juros. Ele ressaltou o monitoramento dos impactos do câmbio nos preços, do mercado de trabalho apertado e dos cenários globais — como a desaceleração econômica na China e Europa e as incertezas sobre a política econômica dos Estados Unidos.
Quanto à política cambial, Galípolo defendeu intervenções apenas em situações de disfunção no mercado. Apesar de avanços na superação de dúvidas sobre a meta de inflação e a sucessão na presidência do Banco Central, ele reconheceu desafios persistentes na percepção de eficácia das políticas monetárias, destacando a necessidade de respostas consistentes para assegurar a credibilidade da instituição.
Preços de ativos selecionados¹
(1) Cotações tomadas às 8h BRT trazem o fechamento do dia dos ativos asiáticos, o mercado ainda aberto para ativos europeus e futuros e o fechamento do dia anterior para os ativos das Américas.
(2) Ativos de renda fixa apresentam a variação em pontos-base (p.b.), esta é a forma como o mercado expressa variações percentuais em taxas de juros e spreads. O ponto-base é igual a 0,01% ou 0,0001 em termos decimais. Os demais ativos mostram a variação em percentual.
Fonte: Bloomberg.