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A Vivo reportou na noite de terça-feira (25) seus resultados referentes ao quarto trimestre de 2024.
Os números divulgados vieram piores do que nós e o consenso projetávamos. O relatório mostrou desaceleração no crescimento de receitas móveis, fibra e piora nas margens, o que explica a performance negativa das ações da companhia hoje (26).
Junto com o resultado, a companhia divulgou uma atualização sobre os investimentos que serão necessário para a migração da Concessão para Autorização em telefonia fixa, com investimento de R$ 4,5 bilhões ao longo dos próximos 10 anos. Com a migração concluída, a companhia planeja se desfazer de 120 mil toneladas de cobre que estão em seus fios e outros matérias, diminuir em 50% suas 1.900 propriedades e migrar 1,2 milhões de clientes que estão em tecnologias legadas e tem um nível de rentabilidade baixo para a companhia. Além disso tudo, a companhia tira de seu balanço R$ 5 bilhões de disputas regulatórias.
A Receita com Serviços Móveis (RSM) — que continua crescendo acima da inflação graças ao aumento da base, com adições de novos clientes e upsell — cresceu 7% na comparação anual, mas se manteve estável em relação ao trimestre anterior. Isso mostra que a companhia pode estar enfrentando alguns desafios de crescimento — o que pode ser visto também na Receita Média por Usuário, que teve crescimento de 1,6% na comparação anual.
A Receita Fixa (internet, voz, IT) desacelerou seu crescimento em relação aos trimestres anteriores, com a Fibra crescendo 12,4% a/a vs. 14% a/a no trimestre anterior. Além disso, a Receita Média por Usuário se manteve nos mesmo patamares do trimestre anterior e, somada às adições líquidas, que foram fortes, pode indicar que a companhia adotou campanhas promocionais para crescer.
A evolução de outros serviços digitais, que engloba uma gama de serviços para os clientes, continua crescendo em ritmo saudável. Apesar da pequena contribuição para o total, julgamos importante acompanhar a evolução dessa rubrica, pois acreditamos que será uma avenida importante para a companhia no futuro. É importante também acompanhar a reação do mercado ao crescimento dessa rubrica que, apesar de ter margens menores — que pode pressionar a margem global conforme ganhe relevância —, tem uma necessidade de investimento bem menor.
O EBITDA veio ligeiramente acima do que esperávamos, porém com uma qualidade pior, pois boa parte da melhora aconteceu graças a reversões de litígios graças ao processo de migração para Autorização, conforme comentado acima. Sem isso, as margens e o EBITDA teriam sido piores, mas cabe ressaltar que o crescimento da venda de aparelhos (aumento de custos com vendas) e Serviços Digitais ajudam a explicar a pior nas margens, com ambos crescendo mais do que esperávamos e, assim, impactando as margens.
Apesar de gostarmos do investimento na Vivo, entendemos que a tese ficou um pouco mais complexa. Isso acontece pois: (i) o papel negocia em múltiplos superiores aos seus pares globais e nacionais; (ii) apesar de ainda crescer suas receitas acima da inflação, esse crescimento tem desacelerado; (iii) o cenário competitivo parece estar mudando, com um concorrente adotando uma postura mais focado em ganhos de mercado do que em rentabilidade; (iv) o Nu anunciou sua entrada no mercado de telefonia, que primeiramente nos parece tímida e com impactos pequenos no curto prazo, mas — como tudo que envolve o Nu — devemos acompanhar de perto a maturação dessa nova vertical, que pode trazer a volta da competição e um mercado “irracional” para os players em algum momento.
ivo (VIVT3) — Neutro
Preço Alvo | 60,00 |
Preço Atual | 49,89 |
Upside | 20% |
Capitalização de Mercado (R$ bi) | 82 |
Ações Emitidas (mi) | 1.647 |
Free Float | 30,00% |
Performance
Semana | -5,39% |
Mês | -1,33% |
Ano | +6,67% |
Análise por Bruno Benassi, CNPI 9236, Analista de Ativos da Monte Bravo Corretora, CNPJ 50.489.148/0001-00.