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Mercado Livre divulgou na noite de quarta-feira (06) seus resultados referentes ao 3T24.
Apesar de continuarem mostrando a evolução em suas principais linhas de negócio, os números vieram muito abaixo do que o mercado esperava. Não é a primeira vez, e provavelmente não será a última, que o Meli sacrificou suas margens de curto prazo para continuar evoluindo seu modelo de negócio.
Em termos de métricas operacionais, a companhia apresentou bom crescimento de GMV em todas as suas regiões. O destaque ficou para o crescimento de 37% a/a no Brasil, com o take rate atingindo 24,3% na esteira da evolução dos ads e das receitas das vendas de 1P — que continuam crescendo em categorias que eram pouco relevantes dentro da plataforma.
A operação continua crescendo de maneira surpreendente e bem acima do crescimento do mercado. No trimestre, a companhia iniciou a operação de seis novos centro de distribuição, o que ajuda explicar a compressão de margens no curto prazo. Após a maturação da operação, no entanto, o movimento aumenta as margens e ajuda a impulsionar o GMV, uma vez que hoje todos os consumidores querem comprar e receber com agilidade.
Em crédito, a companhia acelerou de maneira relevante sua originação com a Carteira crescendo 77% a/a. O destaque ficou com os Cartões de Crédito, que tiveram crescimento de 172%. Além do crescimento, temos notado uma ligeira melhora nos indicadores de inadimplência da companhia.
No entanto, como é de se esperar, a evolução de inadimplência de maneira positiva normalmente acontece graças um mix de crédito menos arriscado, e o que temos visto é justamente que a companhia tem diminuído suas margens financeiras líquidas. Gostaríamos de continuar acompanhando essa evolução. Se a carteira de crédito do Mercado Livre caminhar na direção de ter um custo de crédito menor associado — menor inadimplência —, essa diminuição não deveria ser má recebida.
O crescimento da carteira de maneira acelerada no trimestre foi o segundo responsável pela retração das margens, já que a companhia faz sua PDD por perdas esperadas. Então, quando você cresce demais sua carteira, você consequentemente aumenta suas provisões — o que acaba impactando os resultados.
As margens foram o patinho feio do resultado, mesmo após exclusão dos não recorrentes, saindo de 18,2% para 10,8%. Como explicamos, uma parte da pressão de margens pode ser explicada pela expansão do portfólio logístico, que tem impacto na rentabilidade — você tem custos fixos que impactam a rentabilidade até a operação estar 100%. O outro impacto relevante veio da provisão para devedores duvidosos. Mesmo tirando esses dois eventos, que projetamos como grandes impulsionadores dos resultados nos próximos trimestres, a margem teve algumas outras pressões que tornaram o resultado ruim.
Não é a primeira vez que o Meli troca um pouco de margem por crescimento. O mercado massacrou eles quando resolveram abandonar os correios e criar um logística proprietária, por exemplo. Por isso, vamos continuar acompanhando.
Não temos cobertura das ações do Mercado Livre no momento, porém a tese nos parece construtiva. Isso acontece pois: (i) consolidação do e-commerce na América Latina; (ii) recuperação das margens e continua evolução do modelo de negócio; e (iii) exposição à economia argentina, que deve começar a colher os frutos das políticas adotadas pelo seu atual presidente.
Mercado Livre (MELI) — Sem cobertura
Preço Alvo BBG (US$) | 2.349 |
Preço Atual (US$) | 1.815 |
Upside | 29% |
Capitalização de Mercado (US$ bi) | 105 |
Ações Emitidas (mi) | 51 |
Free Float | 100,00% |
Performance
Semana | -11,20% |
Mês | -7,90% |
Ano | +15,00% |
Análise por Bruno Benassi, CNPI 9236, Analista de Ativos da Monte Bravo Corretora, CNPJ 50.489.148/0001-00.