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A BRF e sua controladora, Marfrig, divulgaram na noite desta quarta-feira (14) seus resultados referentes ao 3T24.
Os números de ambas companhias vieram fortes e ligeiramente acima das expectativas. Desta forma, esperamos uma reação positiva para as duas companhias no pregão de hoje. Junto com os resultados, tanto BRF quanto Marfrig anunciaram o pagamento de remuneração para seus acionistas.
A BRF anunciou o pagamento de R$ 946 milhões, ou R$ 0,58 por ação (2% de yield), em JCP — a primeira remuneração aos acionistas desde 2016. A Marfrig, em um movimento que achamos surpreendente e em nossa visão precipitado, anunciou o pagamento de R$ 2,5 bilhões, ou R$ 2,52/ação (18% de yield).
Os números reportados pela BRF foram, novamente, fortes e capazes de superar um elevado consenso de mercado. A companhia conseguiu melhorar suas margens graças à excelência na execução operacional, que tem possibilitado aumento de volumes e preços e a volta de ganhos de participação de mercado.
A volta da excelência na prestação de serviços tem possibilitado que a BRF mantenha uma excelente execução comercial, elevando preços e volumes. Isso, somado com a melhorias operacionais, possibilita que os custos cresçam menos abaixo da receita e possibilita a manutenção de margens brutas bastante elevadas.
Os bons resultados permitiram que a companhia gerasse um fluxo de caixa livre de quase 2 bilhões de reais. Além disso, ela conseguiu manter a alavancagem em patamares bastantes confortáveis de 0,71 x dívida líquida / EBITDA.
Os números da Marfrig foram bons. A operação dos EUA enfrentam a pressão da virada do ciclo do gado e menor demanda dos consumidores, enquanto a operação na América Latina apresentou resultados fortes.
Nos EUA, apesar dos resultados pressionados, a parceira com a National Beef continua se mostrando acertada. Com ela, a companhia consegue entregar números superiores aos seus concorrentes — é importante ressaltar, no entanto, que neste último trimestre o gap em relação aos seus concorrentes fechou um pouco.
Na América Latina, impulsionado pelo crescimento de 22% no volume, os resultados da Marfrig foram fortes. A companhia apresentou um crescimento relevante das exportações, se aproveitando de um cenário de oferta global de gado mais desafiador e de um câmbio mais depreciado.
Como comentamos acima, achamos a decisão da companhia de distribuir R$ 2,5 bilhões de reais precipitada. Enxergamos a estrutura de capital da companhia como complexa e temos dúvidas sobre como as margens responderão nos próximos trimestres, pois projetamos um ciclo desafiador nos EUA e uma piora no ciclo Brasil —o preço da arroba subiu 30% no trimestre. Preferimos que parte relevante dos R$ 5,6 bilhões recebidos da venda de parte das operações da AL para a Minerva fosse utilizado para diminuir o tamanho da dívida que a companhia carrega no balanço.
Estamos neutros em BRF e apesar de não temos mais dúvidas sobre a capacidade de execução da companhia. Nós enxergamos o atual cenário para aves como precificado a perfeição e esperamos alguma normalização para frente.
Também estamos neutros em Marfrig. Acreditamos que a normalização das margens na BRF não ajudará no processo de desalavancagem da companhia na velocidade. Além disso, temos ainda um ou dois anos desafiadores para bovinos nos EUA, que devem manter as operações da companhia no país pressionadas.
BRF (BRFS3) — Neutro
Preço Alvo | 25,00 |
Preço Atual | 24,94 |
Upside | 0% |
Capitalização de Mercado (R$ bi) | 43 |
Ações Emitidas (mi) | 1.678 |
Free Float | 49,8% |
Performance
Semana | -4,00% |
Mês | +8,60% |
Ano | +80,60% |
Marfrig (MRFG3) — Compra
Preço Alvo | 14,00 |
Preço Atual | 15,61 |
Upside | -10% |
Capitalização de Mercado (R$ bi) | 14,15 |
Ações Emitidas (mi) | 900 |
Free Float | 35,9% |
Performance
Semana | -2,90% |
Mês | +18,50% |
Ano | +60,90% |
Análise por Bruno Benassi, CNPI 9236, Analista de Ativos da Monte Bravo Corretora, CNPJ 50.489.148/0001-00.