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O Bradesco divulgou nesta sexta-feira (07) pela manhã seus resultados do quarto trimestre de 2024.
Os números reportados ficaram basicamente em linha com as nossas projeções. No entanto, consideramos que a qualidade ficou ligeiramente abaixo do que registrado nos últimos trimestres. Isso acontece pois uma parte relevante da composição do resultado veio da performance mais forte das margens com o mercado, o que não deve se repetir nos próximos meses.
Além dos resultados, a companhia divulgou suas projeções para 2025 e, como seus principais concorrentes, mostrou bastante conservadorismo nos números reportados. No entanto, diferente do Itaú — que tem rodado com uma rentabilidade acima dos 20% — o conservadorismo do Bradesco, apesar de acertado, retarda a recuperação de rentabilidade do Banco — que ainda opera bem abaixo do seu custo de capital.
Na dinâmica de receita, vimos a margem financeira com os clientes atingindo R$ 15,63 bilhões, um crescimento de 3,3% t/t e queda de 5,1% a/a. O destaque, porém, foi a normalização das despesas com crédito (PDD), que aumentaram 4,7% t/t, em linha com o crescimento da carteira, e caiu 30% a.a. Isso permitiu que a margem financeira líquida subisse 7,5% t/t e 70% a.a. Além da redução das despesas com crédito, a melhora do mix de crédito com aceleração em Pequenas e Médias Empresas e PF ajuda a explicar o resultado. Nós gostaríamos de esperar a maturação dessas safras atuais de crédito para cravarmos que a originação do banco melhorou, mas os indicativos parecem apontar nessa direção.
As receitas com comissões continuam crescendo em ritmo saudável 3,3% t/t e 13,7% a/a, com destaque para Consórcio, Mercado de Capitais e Operações de Crédito. Começamos a enxergar uma melhor performance em Cartões, o que pode indicar a volta da principalidade do banco frente aos clientes. O segmente de seguros continua reportando resultados bastante sólidos.
Sobre a qualidade de crédito, continuamos vendo evolução. A inadimplência entre 15 e 90 dias se estabilizou em 3,4%, e a inadimplência acima de 90 dias caiu para 4,0%.
Nós consideramos o resultado do Bradesco um pouco ruim, pois uma parte relevante do crescimento de receita veio da margem financeira com o mercado — que sabemos que deve se estabilizar em patamares bem menores. Apesar disso, o banco continua em sua vagarosa entrega de resultados mais consistentes em sua Carteira de Crédito, já que — ao prezar pela melhora nos indicadores de qualidade de crédito — tem adotado uma postura conservadora em suas concessões. É claro que isso cobra um “preço”, já que os spreads são menores, mas possibilita resultados líquidos melhores.
Os números de hoje indicam que o Bradesco está no caminho certo para recuperar sua rentabilidade. No entanto, com o cenário macro mais desafiador e a confirmação nas projeções de crescimento do próprio banco, projetamos que essa recuperação será um pouco mais devagar — o que limita a revisão de lucros para o ano de 2025.
Bradesco (BBDC4) — Neutro
Preço Alvo | 15,50 |
Preço Atual | 12,13 |
Upside | 28% |
Capitalização de Mercado (R$ bi) | 132 |
Ações Emitidas (mi) | 10.608 |
Free Float | 58,0% |
Performance
Semana | +1,60% |
Mês | +8,00% |
Ano | +6,70% |
Análise por Bruno Benassi, CNPI 9236, Analista de Ativos da Monte Bravo Corretora, CNPJ 50.489.148/0001-00.