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A Lojas Renner divulgou na noite do dia 20 de fevereiro seus resultados referentes ao quarto trimestre de 2024.
Os números apresentados foram mistos. A performance de vendas foi positiva, mas as margens foram um destaque negativo. A performance negativa das ações da companhia pode ser explicada por dúvidas sobre a rentabilidade das operações, já que hoje o varejo de moda é um dos segmentos que sofrem maior competição.
Junto com o resultado, a companhia, que tem um balanço bastante robusto, anunciou um programa de recompra de 7% das suas ações em circulação. O programa de recompra terá duração de 18 meses.
Entrando nos detalhes: a companhia divulgou crescimento de 9,7% na receita líquida no seu braço de varejo, com venda mesmas lojas crescendo 8,9% e GMV digital com alta de 13,7% — todos desacelerando em relação ao trimestre anterior. Diferente do trimestre anterior, a companhia apresentou retração na margem bruta na comparação anual.
Com a piora na margem bruta e o aumento nos despesas gerais e administrativas, a companhia apresentou uma redução nas margens EBITDA para níveis abaixo de 2022. Nós entendemos que existem eventos não recorrentes tornam a comparação entre as margens nesse período complexa, mas o resultado foi fraco.
O braço de crédito, a Realize, continua contribuindo para o resultado. É importante relembrar que, durante alguns trimestres após uma safra de crédito não muito bem ajustada, a operação rodou no negativo. Após a ressaca, com a operação melhor ajustada e com melhores modelos de concessão de crédito, ela está voltando a alavancar o resultado com números positivos e também alavancando as vendas. A linha aqui é muito tênue e precisa ser muito bem tocada para não cruzar a linha entre a rentabilidade dessa operação e a maximização das vendas da companhia.
A estrutura de capital da companhia continua bastante tranquila. A Renner hoje é uma das poucas empresas brasileiras que tem mais caixa do que dívida. Comentamos no resultado do 3T24 que esperávamos que a companhia começasse a devolver uma parte do caixa para seus acionistas, com o programa de recompras anunciado junto ao resultado sendo um bom indicativo.
Apesar de estarmos confortáveis com a tese de Renner hoje, entendemos que o segmento que a companhia opera tem sido um dos mais complexos nos últimos anos. Isso acontece por conta de alguns fatores: (i) entrada de plataformas internacionais; (ii) revolução no marketing e na maneira de promover novas coleções; (iii) competição de fintechs no nicho de crédito que operava; (iv) desafio de lançar novas coleções graças as oscilações de temperatura dentro de uma mesma estação; e (v) maior penetração do e-commerce.
Continuamos com recomendação de compra para as ações da Renner. No entanto, por entendermos que o segmento em que ela opera está cada dia mais competitivo e, de certa maneira, maduro — a Renner tem loja em quase todos os shoppings que cabem uma operação rentável da companhia —, não enxergamos a companhia voltando a negociar com múltiplos muito elevados.
Temos recomendação de compra porque acreditamos em uma estabilização de resultados em patamares elevados e os múltiplos hoje são confortáveis. Porém, dado o cenário macroeconômico mais desafiador e o aumento exponencial da competição, estamos reduzindo nosso preço–alvo para as ações da companhia para R$ 17,50.
Lojas Renner (LREN3) — Compra
Preço Alvo | 17,50 |
Preço Atual | 11,33 |
Upside | 54% |
Capitalização de Mercado (R$ bi) | 18 |
Ações Emitidas (mi) | 963 |
Free Float | 100,0% |
Performance
Semana | -4,95% |
Mês | -12,98% |
Ano | -5,58% |
Análise por Bruno Benassi, CNPI 9236, Analista de Ativos da Monte Bravo Corretora, CNPJ 50.489.148/0001-00.