As principais empresas listadas na Bolsa já divulgaram seus números referentes ao terceiro trimestre de 2024. Com isso, podemos considerar como encerrada mais uma temporada de resultados das empresas brasileiras.
Mas… Como foi a performance das nossas companhias no período? Quais setores e empresas surpreenderam positivamente, ou negativamente, o mercado?
Neste artigo, você vai conferir um resumo completo da última temporada de resultados, com nossa visão geral sobre as companhias do Ibovespa, perspectivas para o futuro e mais.
Visão geral
Nosso time de Análise entende que a temporada do 3T24 foi bastante positiva para as companhias brasileiras. Para Bruno Benassi, analista de ativos da Monte Bravo Corretora, os números das empresas listadas na Bolsa são os melhores em mais de dois anos — cerca de 80% das empresas cobertas pela nossa área reportaram resultados positivos e/ou dentro do esperado.
“20% das empresas reportaram resultados ruins, esse é o menor percentual desde o segundo trimestre de 2022″, explica Benassi. “Então, no geral, os resultados das empresas do Ibovespa foram bastante positivos”.
Entre os destaques positivos, o analista aponta alguns setores como Alimentos e Bebidas, Papel e Celulose, Bancos e Incorporação. Para Benassi, o setor de Varejo também teve alguns bons resultados — como foi o caso de Renner (LREN3) e Vivara (VIVA3).
“Nós não vemos mais muitos resultados ruins como vimos no ano de 2023. As empresas estão apresentando um momento operacional um pouco mais firme”, aponta.
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Alimentos e Bebidas
O setor foi novamente um dos grandes destaques na temporada de resultados brasileira. JBS e BRF tiveram um destaque ainda maior, com bons resultados impulsionados, principalmente, pelo bom desempenho do segmento de aves.
“A BRF basicamente só trabalha com aves, porcos e processados. A JBS tem bem mais unidades de negócios, mas destaque foi aves via Seara e Pilgrim’s — que é a operação de aves nos Estados Unidos — e operação da JBS Brasil, com bastante exportação de gado daqui e um resultado muito bom”, explica Bruno Benassi.
Leia mais: Resultado JBS 3T24 e Resultado BRF 3T24
Papel e Celulose
O setor de Papel e Celulose se destacou impulsionado por diversos fatores que melhoraram, principalmente, os resultados obtidos com as exportações.
“O preço da celulose subiu e o dólar está mais alto”, aponta o especialista. “Com isso, quase todas as linhas do resultado — receita, lucros, EBITDA — tiveram um resultado melhor. Gostamos bastante (do desempenho do setor), principalmente de Suzano (SUZB3)”.
Leia mais: Resultado Suzano 3T24 e Resultado Klabin 3T24
Bancos
O setor de bancos apresentou fortes resultados no terceiro trimestre de 2024. Até mesmo bancos como Santander (SANB11) e Bradesco (BBDC4), que enfrentaram dificuldades operacionais nos trimestres passados, mostraram um resultado mais saudável na última divulgação.
“O qualitativo dos resultados foi positivo, indicam que as empresas estão na direção certa”, explica Benassi. “Mas nós achamos que o grande destaque foi o Itaú, que continua com um resultado muito positivo”.
Leia mais: Resultado Santander 3T24, Resultado Bradesco 3T24 e Resultado Itaú 3T24
Incorporação
O setor de Incorporação teve um bom trimestre, especialmente as empresas voltadas para segmentos de baixa e média renda. Entre os destaques, nosso time de Análise aponta Cury (CURY3), Direcional (DIRR3) e Plano & Plano (PLPL3). No segmento de média e alta renda, Cyrela (CYRE3) e Eztec (EZTC3) apresentaram bons números.
“A Cyrela tem apresentado resultados bons há muitos trimestres”, aponta o analista. “Já a EZ Tech teve um resultado bom depois de apresentar anos muito desafiadores, ela estava em um momento operacional bem complicado”.
Leia mais: Resultado Cury 3T24 e Resultado Direcional 3T24
Decepções da temporada
O 3T24 não contou com nenhum setor da Bolsa com resultado muito ruim. A maioria das ‘decepções’ desta temporada foram pontuais, e não um movimento generalizado.
Na comparação anual e trimestral, o segmento de Petróleo e Gás teve um desempenho mais fraco. Esse resultado pior pode ser explicado por alguns fatores: (i) barril de petróleo desvalorizado no mercado internacional; (ii) paradas de manutenção; e (iii) adiamento de perfurações que incrementariam a produtividade.
“As companhias, no geral, foram atrapalhadas pelas greves no Ibama e na ANP”, aponta Benassi. “Os resultados foram mais fracos, mas isso não quer dizer que todos os resultados foram ruins. O resultado da Petrobras (PETR4) foi bom, ela não sofre tanto com a ANP e com o Ibama, e apresentou um resultado positivo”.
Leia mais: Resultado Petrobras 3T24
Além do setor de Petróleo e Gás, os demais setores seguiram a tendência já citada: apesar de alguns maus resultados, o movimento não foi generalizado.
“A CSN (CSNA3), por exemplo, teve um resultado ruim por conta da operação de siderurgia no Brasil”, cita Benassi. “Mas, no segmento dela, nós gostamos muito do resultado de Usiminas (USIM5) e de Gerdau (GGBR4)”.
Outras duas companhias que apresentaram resultados ruins no trimestre foram a Ambev (ABEV3) e o Banco do Brasil (BBAS3). A primeira, assim como suas concorrentes não listadas na Bolsa, sofreu com o acirramento da competição no mercado de cervejas, a segunda atuou na contramão dos seus pares e destoou dos bons resultados do setor financeiro no trimestre.
“A Ambev teve um resultado ruim. Não tem nenhuma empresa muito comparável a ela (na Bolsa), mas o resultado da Ambev foi ruim por conta do mau desempenho da unidade de Cervejas Brasil”, explica o analista. “O desempenho da Heineken Brasil (listada no exterior) foi um pouco pior e a Petrópolis (não listada) foi um pouco melhor. Nós achamos que esse é um segmento que deve continuar sofrendo por conta de competição”.
Leia mais: Resultado Ambev 3T24
“Apesar de nós termos gostado dos resultados de bancos, o Banco do Brasil teve um resultado ruim, ele descolou bem dos demais bancos”, aponta Benassi. “Todos os outros bancos estão reduzindo inadimplência e provisão para devedores duvidosos, o Banco do Brasil está aumentando inadimplência e provisão para devedores duvidosos”.
Essa piora nos resultados do BB, no entanto, estão muito relacionadas às dificuldades enfrentadas pelo agronegócio ao longo do 3T24. Por isso, apesar da posição neutra de nosso time de Análise sobre os papéis do banco, a tendência é de melhora nos próximos trimestres.
“O segundo e terceiro trimestre foram um pouco mais desafiadores (para o agro). A partir do quatro trimestre enxergamos um movimento um pouco melhor”, pondera o analista. “A arroba do boi está em um patamar bem mais alto, choveu e o produtor voltou a acelerar a produção de soja. Algumas commodities estão com preço melhor nos Estados Unidos e o dólar está em um patamar mais alto, o que melhor a exportação e, consequentemente, melhora a rentabilidade do produtor que tem custo em reais”.
Leia mais: Resultado Banco do Brasil 3T24
Expectativas para os próximos trimestres
“Nós estamos entrando em um momento desafiador. Apesar do operacional bom da maioria das empresas brasileiras, a maioria delas tem uma situação de caixa confortável, nós estamos em uma encruzilhada”, aponta Benassi. “Se nós resolvermos o fiscal e juros dólar param de subir, se tem um pequeno choque de confiança, em tese os resultados devem continuar evoluindo de uma maneira positiva.
No entanto, como apontado por Bruno Benassi e nos relatórios mais recentes da nossa área de Análise, um choque negativo de credibilidade pode ter o efeito contrário. Primeiramente, o analista aponta que o lucro líquido das companhias deve sofrer redução nos próximos semestres por conta do ciclo de alta da Selic — taxa básica de juros da nossa economia.
“Dependendo de onde a Selic parar, ela pode impactar o lucro líquido (das empresas) cada vez mais”, explica. “Você aumenta a despesa financeira e, aumentando a despesa financeira, você impacta o lucro líquido”.
Com tudo isso no radar, apesar da boa capacidade operacional das empresas brasileiras, existem muitos fatores para se monitorar e se considerar ao longo dos próximos trimestres.
“Nós estamos construtivos com a capacidade das companhias, mas tem essa questão do pacote fiscal e do choque (positivo ou negativo) de credibilidade”, pondera o especialista. “E temos ainda que ver qual será a postura de Trump (presidente eleito dos EUA). Com um Trump muito mais agressivo, temos um dólar pra cima e dólar pra cima é ruim pra preço de commodities, de maneira geral — tarifas muito mais agressivas contra a China podem impactar ainda mais o preço do minério de ferro, do petróleo e outras commodities.”
Bruno Benassi reforça que as empresas têm apresentado bons resultados e que o quarto trimestre deve continuar nessa tendência de bons números. Os fatores citados, e seus possíveis impactos, devem impactar as empresas em uma janela mais longa de tempo.
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